INSTRUÇÃO GERAL
SOBRE A LITURGIA
DAS HORAS
CAPITULO I
IMPORTÂNCIA DA
LITURGIA DAS HORAS
OU OFÍCIO DIVINO
NA VIDA DA IGREJA
1. A oração pública e comunitária do povo de Deus
é com razão considerada uma das principais funções da Igreja. Daí que, logo no
princípio, os batizados «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união
fraterna, à fração do pão e às orações» (At 2, 42). Da oração unânime da
comunidade cristã nos dão repetidos testemunhos os Atos dos Apóstolos.1
Que também os
fiéis se costumavam entregar à oração individual em determinadas horas do dia,
provam-no igualmente os documentos da primitiva Igreja. Depois foi-se
introduzindo muito cedo, aqui e além, o costume de consagrar à oração
comunitária alguns tempos especiais, por exemplo, a última hora do dia, ao
entardecer, no momento em que se acendiam as luzes, e a primeira hora da manhã,
quando, ao despontar o astro do dia, a noite chega ao seu termo.
Com o decorrer dos
tempos, foram-se ainda santificando pela oração comunitária outras horas, que os
Padres viam insinuadas na leitura dos Atos dos Apóstolos. Assim, os Atos
falam-nos dos discípulos reunidos [para a oração] à terceira hora;2
o Príncipe dos Apóstolos «sobe ao terraço da casa para orar, por volta da sexta
hora» (10, 9); «Pedro ... e João sobem ao templo, para a oração da hora nona»
(3, 1); «a meio da noite, Paulo e Silas, em oração, entoavam louvores a Deus»
(16, 25).
2. Estas orações, feitas em comunidade, foram-se
progressivamente organizando, até que vieram a constituir um ciclo horário bem
definido. Esta Liturgia das Horas, ou Ofício Divino, embora enriquecida de
leituras, é antes de mais oração de louvor e de súplica: oração da Igreja, com
Cristo e a Cristo.
I. A ORAÇÃO DE
CRISTO
Cristo, Orante do
Pai
3. Vindo ao mundo para comunicar aos homens a
vida divina, o Verbo que procede do Pai como esplendor da sua glória, «Sumo
Sacerdote da Nova e Eterna Aliança, Cristo Jesus, ao assumir a natureza humana,
introduz nesta terra de exílio o hino que eternamente se canta no Céu».3
Desde aquele momento, ressoa no coração de Cristo o louvor divino expresso em
termos humanos de adoração, propiciação e intercessão. E tudo isto Ele
apresenta ao Pai, como Cabeça da nova humanidade, Mediador entre Deus e os
homens, em nome de todos, para benefício de todos.
4. O próprio Filho de Deus, que é «um com o Pai»
(cf. Jo 10, 30) e que, ao entrar no mundo, disse: «Eu venho, ó Deus, para
cumprir a tua vontade» (Hebr 10, 9; cf. Jo 6, 38), quis-nos deixar também
exemplos da sua oração. E assim é que os Evangelhos no-l’O apresentam com muita
frequência a orar: quando pelo Pai é revelada a sua missão,4 antes
de chamar os Apóstolos,5 quando bendiz a Deus na multiplicação dos
pães,6 no monte, aquando da sua transfiguração,7 quando opera
a cura do surdo-mudo 8 e ressuscita a Lázaro,9 antes da
confissão de Pedro,10 quando ensina os discípulos a orar 11
ao regressarem os discípulos da sua missão,12 ao abençoar as
criancinhas,13 quando roga por Pedro.14
A sua atividade
quotidiana vemo-la estreitamente ligada à oração, como que nasce da oração;15
levanta-Se alta madrugada 16 ou fica pela noite além, até à quarta
vigília,17 entregue à oração a Deus.18
Temos, além disso,
justos motivos para crer que tomava parte nas orações que publicamente se
faziam nas sinagogas, onde «tinha por costume» 19 ir aos sábados, ou
no templo, ao qual chamava casa de coração,20 e bem assim nas
orações que os piedosos israelitas costumavam fazer diariamente em particular. Recitava
também às refeições as tradicionais «bênçãos» a Deus, como expressamente vem
narrado na multiplicação dos pães,21 na última Ceia,22 na
ceia de Emaús;23 e (na última Ceia) cantou os salmos com os
discípulos24.
Até aos
derradeiros momentos da sua vida — próximo já da Paixão,25 na última
Ceia,26 na agonia,27 na Cruz 28 — o Divino
Mestre apresenta-nos a oração como sendo a alma do seu ministério messiânico e
do termo pascal da sua vida. Assim, «nos dias da sua vida mortal, apresentou
orações e súplicas, entre clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da
morte, e foi atendido pela sua piedade» (Hebr 5, 7); e, mediante a oblação
perfeita consumada na ara da cruz, «realizou a perfeição definitiva daqueles
que são santificados» (Hebr 10, 14); finalmente, ressuscitado de entre os
mortos, continua sempre vivo a interceder por nós.29
II. ORAÇÃO DA
IGREJA
Preceito da oração
5. Aquilo que
Jesus fez, isso mesmo ordenou fizéssemos nós. «Orai» — diz repetidas vezes —
«rogai», «pedi»,30 «em meu nome».31 E até nos deixou, na
oração dominical, um modelo de oração.32 Inculca a necessidade da
oração,33 oração humilde,34 vigilante,35
perseverante e cheia de confiança na bondade do Pai,36 feita com
pureza de intenção, consentânea com a natureza de Deus.37
Os Apóstolos, por
sua vez, apresentam-nos com frequência, em suas Epístolas,
fórmulas de oração, mormente de louvor e ação de graças, e exortam-nos a orar
no Espírito Santo,38 pela mediação de Cristo,39 ao Pai,40
com perseverança e assiduidade;41 sublinham a eficácia da oração
para alcançar a santidade;42 exortam à oração de louvor,43
de ação de graças,44 de súplica,45 de intercessão por
todos os homens.46
A Igreja
continuadora da oração de Cristo
6. Vindo o homem
inteiramente de Deus, é seu dever reconhecer e confessar a soberania do seu
Criador. Assim o fizeram, através da oração, os homens piedosos de todos os tempos.
Mas a oração
dirigida a Deus tem de estar ligada a Cristo, Senhor de todos os homens, único
Mediador,47 o único por quem temos acesso a Deus.48 Ele
une a Si toda a comunidade dos homens,49 e de tal forma que entre a
oração de Cristo e a de toda a humanidade existe uma estreita relação. Em
Cristo, e só n’Ele, é que a religião humana adquire valor salvífico e atinge o
seu fim.
7. É totalmente
peculiar e profunda a união que existe entre Cristo e aqueles que, pelo
sacramento da regeneração, Ele assume como membros do seu Corpo que é a Igreja.
Deste modo, partindo da Cabeça, por todo o Corpo se difundem todas as riquezas
pertencentes ao Filho: a comunicação do Espírito, a verdade, a vida, a
participação na sua filiação divina, que se manifestava em toda a sua oração
enquanto viveu no meio de nós.
O sacerdócio de
Cristo é também participado por todo o Corpo da Igreja. Os batizados, mediante
a regeneração e a unção do Espírito Santo, são consagrados como casa espiritual
e sacerdócio santo;50 e por esta forma, ficam habilitados a exercer
o culto da Nova Aliança, culto este proveniente, não das nossas forças, mas dos
méritos e dom de Cristo.
«Nenhum dom
poderia Deus ter feito aos homens mais valioso do que este: ter-lhes dado por Cabeça
o seu Verbo pelo qual criou todas as coisas, e tê-los unido a Ele como membros
seus; ter feito com que Ele seja ao mesmo tempo Filho de Deus e Filho do homem,
um só Deus com o Pai e um só homem com os homens. Deste modo, quando falamos a Deus
na oração, não podemos separar d’Ele o Filho; e, quando ora o Corpo do Filho,
não pode separar de Si mesmo a Cabeça. E assim, é Ele próprio, o Salvador único
do seu Corpo, Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, quem ora por nós, ora
em nós e a Ele nós adoramos. Ora por nós, como nosso Sacerdote; ora em nós,
como nossa Cabeça; a Ele oramos, como nosso Deus. Reconheçamos, pois, n’Ele a nossa
voz, e a voz d’Ele em nós».51
E é nisto que
assenta a dignidade da oração cristã: em participar da piedade mesma do Filho Unigênito
para com o Pai e daquela oração que Ele, durante a sua vida cá na terra expressou
por palavras e continua agora, sem interrupção, em toda a Igreja e em cada um
dos seus membros, em nome
e para salvação de
todo o gênero humano.
Ação do Espírito
Santo
8. A unidade da Igreja orante é realizada pelo
Espírito Santo, o mesmo que está em Cristo,52 em toda a Igreja e em cada
um dos batizados. «É o próprio Espírito que vem em auxílio da nossa fraqueza”;
é Ele que «ora por nós com gemidos inefáveis» (Rom 8,26); é Ele mesmo, como
Espírito do Filho, que infunde em nós «o espírito da adoção filial, no qual
clamamos: Abba, Pai» (Rom 8,15; cf. Gal 4,6; 1 Cor 12,3; Ef 5,18; Jud
20). Nenhuma oração, portanto, se pode fazer sem a ação do Espírito Santo, o
qual, realizando a unidade de toda a Igreja, conduz pelo Filho ao Pai.
Caráter
comunitário da oração
9. O exemplo e o
preceito do Senhor e dos Apóstolos, de orar incessantemente, hão de
considerar-se, não como regra puramente legal, mas como um elemento que faz parte
da mais íntima essência da própria Igreja, enquanto esta é uma comunidade e
deve expressar, inclusive pela oração, a sua natureza comunitária. Daí que,
quando nos Atos dos Apóstolos se fala, pela primeira vez, da comunidade dos
fiéis, esta nos aparece reunida precisamente em oração, «com as mulheres, com
Maria, Mãe de Jesus, e seus irmãos” (At 1,14). «A multidão dos crentes era um
só coração e uma só alma» (At 4,31); e esta unanimidade assentava na palavra de
Deus, na comunhão fraterna, na oração e na Eucaristia.53
É certo que a
oração feita a sós no quarto, portas fechadas,54 é necessária e
recomendável,55 e não deixa nunca de ser oração de um membro da
Igreja, por Cristo, no Espírito Santo. Todavia, a oração comunitária possui uma
dignidade especial, baseada nestas palavras de Cristo: «Onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20).
III. A LITURGIA
DAS HORAS
Consagração do
tempo
10. Cristo disse:
«É preciso orar sempre, sem desfalecimento” (Lc 18,1). E a Igreja, seguindo
fielmente esta recomendação, não cessa nunca de orar, ao mesmo tempo que nos
exorta com estas palavras: «Por Ele (Jesus), ofereçamos continuamente a Deus o
sacrifício de louvor» (Hebr 13,15). Este preceito é cumprido, não apenas com a
celebração da Eucaristia, mas também por outras formas, de modo particular com
a Liturgia das Horas.
Entre as demais ações
litúrgicas, esta, segundo a antiga tradição cristã, tem como característica
peculiar a de consagrar todo o ciclo do dia e da noite.56
11. Ora, uma vez
que o fim da Liturgia das Horas é a santificação do dia e de toda a atividade
humana, a sua estrutura teve que ser reformada, no sentido de repor cada uma
das Horas, tanto quanto possível, no seu tempo verdadeiro, tendo em conta o
condicionalismo da vida moderna.57
Por isso, «já para
santificar realmente o dia, já para rezar as próprias Horas com fruto
espiritual, importa recitá-las no momento próprio, quer dizer, naquele que mais
se aproxime do tempo verdadeiro correspondente a cada Hora canônica”.58
Relação entre a
Liturgia das Horas e a Eucaristia
12. A Liturgia das Horas alarga aos diferentes
momentos do dia 59 o louvor e ação de graças, a memória dos
mistérios da salvação, as súplicas, o antegozo da glória celeste, contidos no
mistério eucarístico, «centro e vértice de toda a
vida da comunidade
cristã».60
A própria
celebração eucarística tem na Liturgia das Horas a sua melhor preparação,
porque esta suscita e nutre da melhor maneira as disposições necessárias para
uma frutuosa celebração da Eucaristia, quais são a fé, a esperança, a caridade,
a devoção, o espírito de sacrifício.
Exercício da
função sacerdotal de Cristo na Liturgia das Horas
13. «A obra da
redenção e da perfeita glorificação de Deus» 61 realiza-a Cristo no
Espírito Santo por meio da Igreja. E isto, não somente na celebração da
Eucaristia e na administração dos Sacramentos, mas também, e dum modo
primacial, na Liturgia das Horas.62 Nela está Cristo presente, quando
a assembléia está reunida, quando é proclamada a palavra de Deus, quando «ora e
salmodia a Igreja».63
Santificação do
homem
14. Na Liturgia
das Horas, opera-se a santificação do homem64 e presta-se culto a
Deus, por forma a estabelecer uma espécie de intercâmbio, um diálogo entre Deus
e o homem: «Deus fala ao seu povo, ... e o povo responde a Deus no canto e na
oração».65
Aqueles que tomam
parte na Liturgia das Horas podem colher dela abundantíssimos frutos de
santificação, em virtude da palavra de Deus que nela ocupa lugar
importantíssimo. Efetivamente, é da Escritura Sagrada que são tiradas as
leituras; aos salmos se vão buscar as palavras de Deus cantadas na sua
presença; duma forte inspiração bíblica estão repassadas todas as preces,
orações e cânticos.66
Não só quando se
lê «aquilo que foi escrito para nossa edificação» (Rom 15,4), mas também quando
a Igreja ora e canta, é alimentada a fé dos participantes e os seus corações elevam-se
para Deus, a fim de Lhe oferecerem a homenagem espiritual e d’Ele receberem a
graça em maior abundância.67
Louvor prestado a
Deus, em união com a Igreja celeste
15. Na Liturgia
das Horas, a Igreja exerce a função sacerdotal da sua Cabeça, «oferecendo
ininterruptamente 68
a Deus o sacrifício de louvor, ou seja, o fruto dos
lábios que glorificam o seu nome».69
Esta oração é «a
voz da Esposa a falar ao Esposo, e também, a oração que o próprio Cristo, unido
ao seu Corpo, eleva ao Pai”.70 Consequentemente, «todos os que assim
rezam desempenham, por um lado, o
ofício da própria
Igreja, e, por outro, participam da excelsa honra da Esposa de Cristo, enquanto
estão, em nome da Igreja, diante do trono de Deus, a cantar os divinos louvores
».71
16. Cantando os
louvores de Deus nas Horas canônicas, a Igreja associa-se àquele hino de louvor
que por toda a eternidade é cantado na celeste morada.72 Ao mesmo
tempo antegoza as delícias daquele celestial louvor que João nos descreve no
Apocalipse e que ressoa ininterruptamente diante do trono de Deus e do
Cordeiro. Realiza-se a nossa estreita união com a Igreja celeste, quando
«concelebramos em comum exultação os louvores da Divina Majestade, quando todos
os que fomos resgatados no sangue de Cristo, de todas as tribos, línguas, povos
e nações (cf. Ap 5, 9), congregados numa só Igreja, engrandecemos a Deus, uno e
trino, no mesmo cântico de louvor».73
Esta liturgia
celeste, já os profetas a anteviram na vitória do dia sem noite, da luz sem
trevas: «Já não será o sol a tua luz durante o dia, nem a claridade da lua será
a tua luz durante a noite, porque o Senhor será a tua luz eterna» (Is 60,19;
cf. Ap 21,23.25). «Será um dia contínuo, conhecido somente do Senhor, sem
alternância do dia e da noite; ao entardecer, brilhará a luz» (Zac 14,7). Ora,
«a última fase dos tempos chegou já para nós (cf. 1 Cor 10,11); a restauração
do mundo encontra-se irrevogavelmente realizada e, em certo sentido, antecipada
já no tempo presente».74 Pela fé somos instruídos acerca do sentido
da própria vida temporal, de tal modo que vivemos, com a criação inteira, na
expectativa da manifestação dos filhos de Deus.75 Na Liturgia das
Horas, proclamamos a nossa fé, exprimimos e fortalecemos a nossa esperança, e tomamos
parte já, de certo modo, na alegria do louvor perene, do dia que não conhece
ocaso.
Súplica e
intercessão
17. Mas, na
Liturgia das Horas, a par do louvor divino, a Igreja expressa igualmente os
votos e anseios de todos os cristãos; mais ainda: roga a Cristo e, por Ele, ao
Pai pela salvação do mundo inteiro.76 E esta voz não é somente a voz
da Igreja; é também a voz de Cristo, uma vez que todas as orações são
proferidas em nome de Cristo – «por Nosso Senhor Jesus Cristo». Deste modo, a
Igreja prolonga aquelas preces e súplicas que o mesmo Cristo fazia nos dias da
sua vida mortal;77 daí, a sua particular eficácia. Não é, portanto,
somente pela caridade, pelo exemplo, pelas obras de penitência, mas também pela
oração, que a comunidade eclesial exerce uma verdadeira maternidade para com as
almas, no sentido de as conduzir a Cristo.78
Isto diz respeito
principalmente a todos aqueles que receberam mandato especial de celebrar a
Liturgia das Horas, isto é: os bispos e presbíteros, que têm por dever de
ofício orar pela grei que lhes está confiada e por todo o povo de Deus,79
os outros ministros sagrados e os religiosos.80
Ápice e fonte da atividade
pastoral
18. Aqueles que
tomam parte na Liturgia das Horas contribuem, através duma misteriosa
fecundidade apostólica, para o incremento do povo de Deus.81 Efetivamente,
o objetivo do trabalho apostólico é conseguir que «todos aqueles que pela fé e
pelo batismo se tornaram filhos de Deus se reúnam em assembléia, louvem a Deus
na Igreja, participem no sacrifício, comam a Ceia do Senhor».82
Por esta forma, os
fiéis exprimem na sua vida e manifestam aos outros «o mistério de Cristo e a
genuína natureza da verdadeira Igreja, que tem como característica peculiar o ser
... visível e dotada de riquezas invisíveis, ardorosa na ação e dedicada à
contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina».83
Por outro lado, as
leituras e as preces da Liturgia das Horas são fonte de vida cristã. Esta vida
alimenta-se na mesa da Escritura Sagrada e nas palavras dos Santos e
robustece-se na oração. O Senhor, sem o qual nada podemos fazer,84
quando O invocamos, dá eficácia e incremento às nossas obras;85 e
assim, dia após dia, vamos sendo edificados como templo de Deus no Espírito,86
até atingirmos a medida da idade perfeita de Cristo;87 ao mesmo
tempo, vamos robustecendo as nossas energias para podermos anunciar Cristo
àqueles que estão fora.88
Que a mente concorde com a voz
19. Para que esta
oração seja própria de cada um daqueles que nela tomam parte, seja fonte de
piedade e da multiforme graça divina e sirva também de alimento à oração
pessoal e à atividade apostólica, importa celebrá-la com dignidade, atenção e
devoção, e fazer com que o espírito concorde com a voz.89 É
necessário que todos cooperem com a graça divina, para que não a recebam em vão. Buscando a
Cristo e esforçando-se por aprofundar o seu mistério na oração,90 louvem
a Deus e elevem as suas súplicas com o mesmo espírito com que orava o Divino
Salvador.
IV. QUEM CELEBRA A
LITURGIA DAS HORAS
a) Celebração comunitária
20. A Liturgia das Horas, tal como as demais ações
litúrgicas, não é ação privada, mas pertence a todo o corpo da Igreja,
manifesta-o e afeta.91 O caráter eclesial da celebração aparece-nos
com toda a sua clareza – e, por isso mesmo, é sumamente recomendável – quando
realizada, com a presença do próprio Bispo rodeado dos seus presbíteros e
restantes ministros,92 por uma Igreja particular, «na qual está
presente e operante a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica».93
Esta celebração, quando levada a efeito, mesmo sem a presença do Bispo, por um
cabido de cônegos ou por outros presbíteros, far-se-á sempre atendendo à
verdade das Horas e, tanto quanto possível, com a participação do povo. O mesmo
se diga dos cabidos das colegiadas.
21. As outras
assembleias de fiéis, entre as quais há que destacar as paróquias como células
da diocese, localmente constituídas sob a presidência dum pastor como
substituto do Bispo, e que «dalgum modo representam a Igreja visível estabelecida
por toda a terra»,94 celebrem as Horas principais, quanto possível,
na igreja e em forma comunitária.
22. Sempre que os
fiéis são convocados e se reúnem para celebrar a Liturgia das Horas, pela união
das vozes e dos corações manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo.95
23. É função
daqueles que receberam as ordens sacras ou foram investidos dalguma especial
missão canônica96 organizar e dirigir a oração da comunidade.
«Devem, por isso, esforçar-se para que todos aqueles que estão entregues aos seus
cuidados sejam unânimes na oração».97 Procurarão convidar os fiéis e
formá-los mediante uma catequese adequada para a celebração comunitária das
partes mais importantes da Liturgia das Horas, mormente nos domingos e festas.98
Hão-de ensiná-los a fazer desta participação uma oração autêntica.99
Para isso, terão que os ajudar, através duma formação apropriada, a penetrar no
sentido cristão dos salmos, por forma a serem levados, pouco a pouco, a saborear
e utilizar mais amplamente a oração da Igreja.100
24. As comunidades
de cônegos, de monges, de monjas e de outros religiosos, que, por força da
Regra ou das Constituições, celebram integral ou parcialmente a Liturgia
dasHoras, quer segundo o rito comum quer segundo o seu rito particular,
representam a Igreja orante dum modo muito especial. Estas comunidades
reproduzem de uma forma mais completa a imagem da Igreja a cantar
ininterruptamente, numa só voz, os louvores divinos; além disso, cumprem também
o dever de «trabalhar», antes de mais pela oração, «para a edificação e
crescimento de todo o Corpo Místico de Cristo e para o bem das igrejas
particulares».101 Isto se aplica de modo especial aos que se
entregam à vida contemplativa.
25. Os ministros sagrados
e todos os clérigos não obrigados por outro título à celebração comunitária,
quando vivam em comunidade ou se encontrem juntos, procurem celebrar em comum
pelo menos algumas das partes da Liturgia das Horas, mormente Laudes pela manhã
e Vésperas à tarde.102
26. Aos religiosos
de ambos os sexos não obrigados à celebração comunitária e aos membros de
qualquer Instituto de perfeição, recomenda-se encarecidamente que se reúnam em
comum, ou entre si ou juntamente com o povo, para celebrar a Liturgia das Horas
ou alguma parte da mesma.
27. Os grupos de
leigos, onde quer que se encontrem reunidos, seja qual for o motivo destas
reuniões — oração, apostolado ou outro motivo — são igualmente convidados a desempenhar
esta função da Igreja,103 celebrando alguma parte da Liturgia das
Horas. Importa, de fato, que aprendam acima de tudo a adorar a Deus Pai em
espírito e verdade104 na ação litúrgica, e se lembrem que, através
do culto público e da oração, eles podem atingir todos os homens e contribuir
muito para a salvação do mundo inteiro.105
Convém,
finalmente, que a família, qual santuário doméstico da Igreja, não se contente
com a oração feita em comum, mas, dentro das suas possibilidades, procure
inserir-se mais intimamente na Igreja, com a recitação dalguma parte da
Liturgia das Horas.106
b) Mandato de
celebrar a Liturgia das Horas
28. A Liturgia das Horas está, de modo muito
particular, confiada aos ministros sagrados. E assim, cada um deles está
obrigado a celebrá-la, mesmo na ausência de povo, fazendo, claro está, as
necessárias adaptações. Efetivamente, os ministros sagrados são deputados pela
Igreja para celebrar a Liturgia das Horas, para que esta função de toda a comunidade
seja desempenhada ao menos através deles, de uma forma certa e constante, e se continue
na Igreja, ininterruptamente, a oração de Cristo.107
O Bispo é, de modo
eminente, o representante visível de Cristo e o sumo sacerdote do seu rebanho.
Dele, em certo sentido, deriva e depende a vida dos seus fiéis em Cristo.108 Portanto,
deve ser ele, entre os membros da sua Igreja, o primeiro na oração. E esta sua
oração, quando recita a Liturgia das Horas, é feita sempre em nome da Igreja e
a favor da Igreja que lhe está confiada.109
Os presbíteros,
unidos ao Bispo e a todo o presbitério, fazem também, dum modo especial, as
vezes de Cristo sacerdote, 110 e participam da mesma função, orando
por todo o povo a eles confiado e pelo mundo inteiro.111
Todos estes
desempenham o ministério do bom Pastor que roga pelos seus para que tenham a
vida e sejam consumados na unidade.112 Na Liturgia das Horas, que a
Igreja lhes propõe, não somente encontrarão uma fonte de piedade e alimento
para a oração pessoal,113 mas também um meio de alimentar e
desenvolver, pela riqueza da contemplação, a sua ação pastoral e missionária,
para alegria de toda a Igreja de Deus.114
29. Por
conseguinte, os bispos, os presbíteros e todos os outros ministros sagrados,
que receberam da Igreja o mandato (cf. n. 17) de celebrar a Liturgia das Horas,
estão obrigados a celebrar diariamente o ciclo completo destas mesmas Horas,
guardando, quanto possível, a sua correspondência com a respectiva hora do dia.
Primeiramente,
darão a devida importância àquelas Horas que constituem, por assim dizer, o
fulcro desta Liturgia, isto é, Laudes e Vésperas. Estas Horas procurem não as
omitir, a não ser por motivo grave.
Serão também fiéis
em celebrar o Ofício das Leituras, que é por excelência uma celebração
litúrgica da palavra de Deus. Por esta forma se desempenharão cada dia do múnus
que por título peculiar lhes incumbe, que é o de acolher a palavra de Deus, a
fim de se tornarem mais perfeitos discípulos do Senhor e mais profundamente
saborearem as insondáveis riquezas de Cristo.115
Para melhor
santificarem o dia, terão a peito rezar também a Hora Média, bem como
Completas, com as quais terminam o «serviço divino» e se encomendam ao Senhor
antes de recolher ao leito.
30. É da máxima
conveniência que os diáconos permanentes recitem todos os dias pelo menos parte
da Liturgia das Horas, conforme a Conferência Episcopal determinar.116
31. a) Os cabidos das
catedrais e das colegiadas recitarão no coro as partes da Liturgia das Horas a
que, seja pelo direito comum seja pelo direito particular, estão obrigados.
E cada um dos
membros destes cabidos, além das Horas que são obrigatórias para todos os
ministros sagrados, está obrigado a recitar individualmente aquelas Horas que são
celebradas pelo respectivo cabido.117
b) As comunidades religiosas obrigadas à
Liturgia das Horas, e cada um dos respectivos membros, celebrarão as Horas
segundo o que estiver determinado pelo seu direito particular, salvo o
prescrito no n. 29 para os que receberam as Ordens sacras.
As comunidades
obrigadas ao coro, essas celebrarão diariamente o ciclo integral das Horas.118
Fora do coro, os membros (destas comunidades) recitarão as Horas em conformidade
com o seu direito particular, salvo sempre o prescrito no n. 29.
32. Às restantes
comunidades religiosas e a cada um dos seus membros, recomenda-se que, tanto
quanto lho permitirem as condições em que se encontram, celebrem algumas partes
da Liturgia das Horas, porque esta é a oração da Igreja, que faz de todos os
que andam dispersos um só coração e
uma só alma.119
Igual recomendação é feita aos leigos.120
c) Estrutura da
celebração
33. A Liturgia das Horas é regulada segundo leis
próprias. Nela se combinam, de uma forma particular, elementos comuns às outras
celebrações cristãs. Na sua estrutura geral, inclui sempre: primeiramente o
hino, depois a salmodia, a seguir uma leitura, longa ou breve, da Sagrada Escritura,
finalmente as preces.
Tanto na
celebração comunitária como na recitação individual, a estrutura essencial é
sempre a mesma: diálogo entre Deus e o homem. Todavia, a celebração comunitária
manifesta mais claramente a natureza eclesial da Liturgia das Horas. Pelas
aclamações, pelo diálogo, pela salmodia
alternada, etc.,
favorece também a participação ativa de todos, segundo a condição de cada um.
Além disso, respeita melhor as diferentes formas de expressão.121
Consequentemente, sempre que seja possível uma celebração comunitária, com a
assistência e participação ativa dos fiéis, esta deve preferir-se à celebração
individual e como que privada. 122 Além disso, na recitação coral e
comunitária, convém, quanto possível, que o Ofício seja cantado de acordo com a
natureza e função de cada uma das suas partes.
Deste modo se porá
em prática a recomendação do Apóstolo: «A palavra de Cristo permaneça em vós em
toda a sua riqueza, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com
toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o
coração a Deus a vossa gratidão » (Col 3,16; cf. Ef 5,19-20).
CAPÍTULO II
SANTIFICAÇÃO DO
DIA:
AS DIVERSAS HORAS
LITÚRGICAS
I. INTRODUÇÃO A
TODO O OFÍCIO
34. A introdução a todo o Ofício é normalmente
formada pelo Invitatório. Este é constituído pelo versículo — Abri, Senhor, os
meus lábios: E a minha boca anunciará o vosso louvor — e pelo salmo 94. Este
salmo é um convite dirigido
todos os dias aos
fiéis para que celebrem os louvores de Deus e escutem a sua voz, e ao mesmo
tempo uma exortação a esperarem «o repouso do Senhor»1.
Se parecer bem, o
salmo 94 pode ser substituído pelos salmos 99, 66 ou 23.
O salmo
invitatório deve ser recitado, como se indica no lugar próprio, em forma
responsorial, quer dizer, acompanhado da respectiva antífona. Esta é enunciada
e repetida no princípio, e retomada após cada estrofe.
35. O Invitatório
tem o seu lugar próprio no princípio de todo o ciclo da oração quotidiana; isto
é, ou antes das Laudes ou antes do Ofício das Leituras, conforme o dia se
iniciar com uma ou outra destas duas ações litúrgicas. No caso de se dever
antepor a Laudes, pode-se omitir eventualmente o salmo com a respectiva
antífona.
36. As antífonas
do Invitatório variam conforme os dias litúrgicos, como é indicado em seu lugar
próprio.
II. LAUDES E
VÉSPERAS
37. «As Laudes,
como oração da manhã, e o as Vésperas, como oração da tarde, constituem segundo
uma venerável tradição da Igreja universal, como que os dois pólos do Ofício
quotidiano; por isso, devem considerar-se como Horas principais, e como tais se
devem celebrar»2.
38. As Laudes
destina-se a santificar o tempo da manhã; e, como se pode ver por muitos dos
seus elementos, neste sentido estão estruturados. O seu caráter de oração da
manhã está belamente expresso nestas palavras de S. Basílio Magno: «O louvor da
manhã têm por fim consagrar a Deus os primeiros movimentos da nossa alma e do nosso
espírito, de modo a nada empreendermos antes de nos alegrarmos com o pensamento
de Deus, segundo o que está escrito: «Lembrei-me de Deus, e enchi-me de
alegria» (Salmo 76,4); e ainda para que o corpo não se entregue ao trabalho
antes de fazermos o que está escrito: «Eu Vos invoco, Senhor, pela manhã, e
ouvis a minha voz: de manhã vou à vossa presença e espero confiado» (Salmo
5,4-5).3
Esta Hora,
recitada ao despontar da luz de um novo dia, evoca também a Ressurreição do
Senhor Jesus, a Luz verdadeira que ilumina todos os homens (cf. Jo 1,9), o «Sol
de Justiça» (Mal 4,2), o «Sol nascente que vem do alto» (Lc 1,78). Neste
sentido, compreende-se perfeitamente a recomendação de S. Cipriano: «Devemos
orar logo de manhã para celebrar, na oração matinal, a Ressurreição do Senhor»4.
39. As Vésperas
celebram-se à tarde, ao declinar do dia «a fim de agradecermos tudo quanto
neste dia nos foi dado e ainda o bem que nós próprios tenhamos feito»5.
Com esta oração, que fazemos subir «como incenso na presença do Senhor» e em
que o «erguer das nossas mãos é como o sacrifício vespertino»6, recordamos
também a obra da Redenção. E, «num sentido mais sagrado, pode ainda evocar
aquele verdadeiro sacrifício vespertino que o nosso Salvador confiou aos
Apóstolos na última Ceia, ao inaugurar os sacrossantos mistérios da Igreja,
quer aquele sacrifício vespertino que, no dia seguinte, no fim dos tempos, Ele
ofereceu ao Pai, erguendo as mãos para a salvação do mundo inteiro»7.
Finalmente, no sentido de orientar a nossa esperança para a luz sem crepúsculo,
«oramos e pedimos que sobre nós brilhe de novo a luz, imploramos a vinda de
Cristo, que nos virá trazer a graça da luz eterna»8. Nesta hora,
unimos as nossas vozes às das Igrejas orientais, cantando: «Luz esplendente da
santa glória do Pai celeste e imortal, santo e glorioso Jesus Cristo! Chegada a
hora do sol poente, contemplando a
estrela
vespertina, cantamos ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...».
40. Dar-se-á,
portanto, a estas duas Horas de Laudes e Vésperas a máxima importância como
oração da comunidade cristã. Promover-se-á a sua celebração pública e comunitária,
principalmente entre as pessoas que vivem em comunidade. Recomenda-se
mesmo a sua recitação a todos os fiéis que não possam tomar parte na celebração
comunitária.
41. As Laudes e as
Vésperas começam pelo versículo — Vinde, ó Deus, em meu auxílio. Socorrei-me
sem demora — ao qual se segue o Glória ao Pai... com o Como era no princípio...,
e (fora do tempo da Quaresma) Aleluia. Tudo isto, porém, se omite nas Laudes,
quando estas forem antecedidas do Invitatório.
42. Segue-se o
hino respectivo. A função do hino é dar a cada hora do Ofício ou a cada festa
como que a sua tonalidade própria; e ainda, de modo particular nas celebrações com
o povo, tornar mais fácil e agradável o começo da
oração.
43. A seguir ao hino, vem a salmodia, conforme os
nn. 121-125. A
salmodia das Laudes consta de um salmo de caráter matinal, um cântico do Antigo
Testamento e um salmo laudatório, segundo a tradição da Igreja.
A salmodia das
Vésperas consta de dois salmos (ou de duas seções de um salmo mais longo) adequados
a esta Hora e à celebração com o povo, mais um cântico tirado das Epístolas ou
do Apocalipse.
44. Terminada a
salmodia, segue-se uma leitura, breve ou longa.
45. A leitura breve é variável conforme o dia, o
tempo litúrgico ou a festa. Há de ser lida e escutada como verdadeira proclamação
da palavra de Deus, na qual se propõe, de uma forma incisiva, um pensamento
sagrado e é posta em relevo alguma frase mais breve que na leitura contínua da Sagrada
Escritura passaria despercebida. As leituras breves variam para cada dia do
ciclo salmódico.
46. Em vez da
leitura breve, pode-se escolher, mormente na celebração com o povo, uma leitura
bíblica mais longa tirada quer do Ofício das Leituras quer das leituras da
Missa, devendo-se escolher de preferência aqueles textos que, por qualquer
razão, não tenham podido ser lidos. Nada impede também que, uma vez por outra,
se escolha uma leitura mais apropriada, segundo as normas dos nn. 248-249 e
251.
47. Na celebração
com o povo, se parecer bem, pode-se ajuntar uma breve homilia, de comentário à
leitura precedente.
48. Após a leitura
ou a homilia, se for oportuno, pode-se guardar um momento de silêncio.
49. Como resposta
à palavra de Deus, segue-se um canto responsorial ou responsório breve, que
eventualmente se pode omitir.
Também pode ser
substituído por outro canto de função e características idênticas, desde que
esteja devidamente aprovado pela Conferência Episcopal.
50. Seguidamente,
diz-se o cântico evangélico com sua antífona: nas Laudes, o cântico de
Zacarias, Benedictus; nas Vésperas, o cântico da B. Virgem Maria, Magnificat.
Estes cânticos, cujo uso radica numa tradição secular e popular da
Igreja Romana, são
um hino de louvor e acção de graças pela redenção. As antífonas de Benedictus e
de Magnificat variam conforme o dia, o tempo litúrgico ou a festa.
51. Terminado o
cântico, seguem-se: nas Laudes, as preces, a consagrar o dia ao Senhor; nas
Vésperas, as súplicas de intercessão (cf. nn. 179-193).
52. Às preces ou
às súplicas segue-se o Pai Nosso, recitado por todos.
53. Depois do Pai
Nosso, diz-se a oração conclusiva. Esta, para os dias de semana do Tempo Comum,
vem no Saltério; para os restantes dias, no Próprio.
54. Seguidamente,
no caso de presidir à celebração um sacerdote ou diácono, este faz a despedida
do povo, com a saudação O Senhor esteja convosco e a bênção, como na Missa, e o
convite Vamos em paz. R.
Amen. Aliás, termina a
celebração com O
Senhor nos abençoe, etc.
III. OFÍCIO DAS
LEITURAS
55. O Ofício das
Leituras visa proporcionar ao povo, e muito especialmente àqueles que de modo
peculiar estão consagrados ao Senhor, uma meditação mais rica da Sagrada Escritura
e das mais belas páginas dos autores espirituais. Embora as leituras que hoje
se fazem na Missa, todos os dias, formem já um ciclo bastante completo dos
textos bíblicos, todavia, o tesouro da revelação e da tradição contido no Ofício
das Leituras pode ser de grande proveito espiritual. São os sacerdotes os
primeiros que devem procurar aproveitar-se destas riquezas, de modo que,
recebendo eles mesmos a palavra de Deus, a possam dispensar a todos e façam do
seu ensino «alimento do povo de Deus»9.
56. «A leitura da
Escritura sagrada deve ser acompanhada da oração, para que seja um diálogo
entre Deus e o homem: «a Ele falamos quando oramos, a Ele ouvimos quando lemos
os divinos oráculos»10. E é por isso que o Ofício de Leitura se
compõe também de salmos, hino, oração e outras fórmulas, que lhe dão um caráter
de verdadeira oração.
57. Segundo a
Constituição Sacrosanctum Concilium, o Ofício das Leituras, «embora,
quando recitado no coro, conserve o seu caráter de louvor noturno, deve ser
reformado no sentido de se poder recitar a qualquer hora do dia; o número dos
salmos deve também ser reduzido, e as leituras mais longas»11.
58. Neste sentido,
aqueles que por direito particular estão obrigados a manter este Ofício com o
seu caráter de louvor noturno, ou aqueles que louvavelmente assim o queiram fazer,
quer o recitem de noite quer de madrugada, antes de Laudes, devem escolher, no
Tempo Comum, o hino dentro da série destinada a este fim. Além disso, para os
domingos, solenidades e certas festas, ter-se-á em conta o que se diz nos nn.
70-73, a
respeito das vigílias.
59. Salva a
disposição do número precedente, o Ofício da Leitura pode-se recitar a qualquer
hora do dia, ou até no dia anterior, à noite, depois de recitadas as Vésperas.
60. No caso de o Ofício
das Leituras se recitar antes de Laudes, será precedido do Invitatório, como
acima ficou dito (nn. 34-36). Aliás, começará pelo versículo Vinde, ó Deus, em
meu auxílio... com Glória ao Pai, Como era, e (fora do tempo da Quaresma) Aleluia.
61. A seguir, diz-se o hino. Este, no Tempo Comum,
toma-se ou da série noturna, como atrás ficou dito (n. 58), ou da série diurna,
consoante a hora da celebração.
62. Vem depois a
salmodia, constituída por três salmos (ou três secções, no caso de os salmos correntes
serem mais longos). No Tríduo Pascal, nos dias dentro das oitavas da Páscoa e
do Natal, bem como nas solenidades e festas, os salmos, com as respectivas
antífonas, são próprios.
Nos domingos e dias
de semana, os salmos, com as respectivas antífonas, tomam-se da série corrente
do Saltério. Tomam--se igualmente da série corrente do Saltério nas memórias dos
Santos, a não ser que estas tenham salmos e antífona próprias (cf. nn. 218
ss.).
63. Depois dos
salmos, diz-se normalmente, o versículo, a servir de transição entre a salmodia
e as leituras.
64. São duas as
leituras: a primeira, tirada da Bíblia; a segunda, das obras dos Padres ou dos
Escritores eclesiásticos, ou então uma leitura hagiográfica.
65. Após cada
leitura, diz-se um responsório (cf. nn. 169-172).
66. Normalmente, a
leitura bíblica é a indicada no Próprio do Tempo, segundo as normas dadas mais
adiante, nn. 140-155. Nas solenidades e festas, a leitura bíblica toma-se do
respectivo Próprio ou Comum.
67. A segunda leitura, com seu responsório,
toma-se à escolha, ou do livro da Liturgia das Horas ou do Lecionário facultativo,
de que se fala mais adiante, n. 161.
Nas solenidades e
nas festas dos Santos, diz-se uma leitura hagiográfica própria ou, na falta
desta, a segunda leitura do respectivo Comum dos Santos. Nas memórias dos Santos
cuja celebração não seja impedida, diz-se a leitura hagiográfica em vez da
segunda leitura corrente (cf. nn. 166 e 235).
68. Nos domingos
fora da Quaresma, nos dias dentro das oitavas da Páscoa e do Natal, nas
solenidades e festas, após a segunda leitura com seu responsório, diz-se o hino
Te Deum (o qual se omite nas memórias e nos dias de semana). Querendo, pode-se
omitir a última parte deste hino, desde o verso Salvai, Senhor, o vosso povo até
ao fim.
69. O Ofício das
Leituras termina com a oração própria do dia, seguida, pelo menos na recitação
comunitária, da aclamação Bendigamos ao Senhor. R. Graças a Deus.
IV. VIGÍLIAS
70. A Vigília pascal é celebrada em toda a Igreja
na forma indicada nos respectivos livros litúrgicos. «A vigília desta noite»,
diz S. Agostinho, «é de tal grandeza, que só ela pode reivindicar como próprio
seu o nome comum dado às outras vigílias»12, «Passamos em vigília a
noite em que o Senhor ressuscitou, em que para nós inaugurou, na sua carne, aquela
vida em que não há morte nem sono... E assim, Aquele que, numa vigília um pouco
mais prolongada, cantamos ressuscitado, nos concederá a graça de reinarmos
com Ele numa vida
sem fim” 13.
71. À semelhança
da Vigília pascal, introduziu-se em diversas igrejas o costume de iniciar
igualmente com uma vigília diversas solenidades. Entre estas, destacam-se o Natal
do Senhor e o dia do Pentecostes. Este costume deve-se conservar e promover,
segundo o uso de cada Igreja. Onde, eventualmente, convenha realçar com uma vigília
outras solenidades ou peregrinações, seguir-se-ão as normas respeitantes às
celebrações da palavra divina.
72. Os Padres e os
autores espirituais exortam com muita frequência os fiéis, sobretudo os que
levam vida contemplativa, à prática da oração noturna. Ela exprime e aviva a
espera do Senhor que vem: «À meia-noite, ouve-se um clamor: Aí vem o esposo,
ide ao seu encontro» (Mt 25,6). «Estai vigilantes, pois não sabeis a hora em
que o Senhor vem: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de
manhã; não vá ele chegar de repente e vos encontre a dormir» (Mc 13,35-36). Por
isso, merecem louvor todos aqueles que mantêm o Ofício das Leituras com o seu caráter
de oração noturna.
73. O Ofício das
Leituras, no Rito Romano, continua a ser muito breve, por causa daqueles que se
dedicam ao apostolado. No entanto, aqueles que, seguindo a tradição, desejarem
prolongar um tanto mais a celebração da vigília
dominical, das
solenidades ou das festas, procederão do seguinte modo:
Primeiramente,
celebra-se o Ofício das Leituras tal como vem no livro da Liturgia das Horas,
até às leituras inclusive. Depois das leituras, antes do Te Deum, dizem-se os
cânticos que para esse efeito vêm indicados no Apêndice do referido livro.
Seguidamente, lê-se o Evangelho, sobre o qual, eventualmente, se pode fazer uma
homilia. Por último, canta-se o hino Te Deum e recita-se a oração.
O Evangelho, nas
solenidades e festas, tomar-se-á do Lecionário da Missa; aos domingos, da série
de leituras referentes ao mistério pascal, como vem indicado no Apêndice do
livro da Liturgia das Horas.
V. TERÇA (ORAÇÃO
DAS NOVE), SEXTA (ORAÇÃO DAS DOZE) E NONA (ORAÇÃO DAS QUINZE HORAS): HORA MÉDIA
74. Segundo a mais
antiga tradição, e a exemplo do que se fazia na Igreja Apostólica, costumavam
os cristãos, por devoção privada, orar a certas horas do dia, mesmo no meio do
trabalho. Com o decorrer dos tempos, esta tradição veio a revestir diversas
formas de celebração litúrgica.
75. O uso
litúrgico, tanto do Oriente como do Ocidente conservou a Oração das Nove, das
Doze e das Quinze Horas, sobretudo por lhes andar ligada a memória de certos
acontecimentos da Paixão do Senhor e da primeira propagação do Evangelho.
76. O Concilio
Vaticano II ordenou que, no coro, se mantivessem a Oração das Nove, das Doze e
das Quinze Horas.14 Salvo direito particular, devem igualmente
manter o uso litúrgico de recitar estas três Horas os que professam vida
contemplativa. Aliás, a todos é recomendado, mormente àqueles que tomam parte
em retiros espirituais ou em reuniões de caráter pastoral.
77. Fora do coro,
salvo o direito particular, é permitido escolher uma só destas três Horas, a
que mais convier à hora do dia, a fim de manter a tradição de orar durante o
dia, a meio do trabalho.
78. Na estrutura da
Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas, atendeu-se tanto aos que recitam
uma só destas Horas, ou seja, a “Hora Média”, como aos que, por obrigação ou
devoção, recitam as três.
79. A Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas,
ou Hora Média, começam pelo versículo introdutório, Vinde, ó Deus, em meu
auxílio..., com Glória, Como era, e (fora do tempo da Quaresma) Aleluia. Segue-se
o hino correspondente à Hora. Depois vem a salmodia. A seguir, uma leitura
breve, seguida de um versículo. Termina-se com a oração e, pelo menos na
recitação comunitária, com a aclamação Bendigamos ao Senhor. R. Graças a Deus.
80. Para cada uma
destas Horas, estão indicados hinos e orações diferentes, a condizer, segundo a
tradição, com o tempo verdadeiro, no sentido de melhor se obter a santificação das
horas do dia. Por isso, quem recitar uma Hora somente deverá escolher os
elementos correspondentes a essa Hora. Leituras breves e orações variam também
consoante o dia, o tempo litúrgico ou a festa.
81. Apresenta-se
um duplo esquema de salmodia: uma corrente, outra complementar. Quem recitar só
uma Hora escolherá a salmodia corrente. Quem recitar mais do que uma Hora, dirá
numa delas a salmodia corrente e nas outras a complementar.
82. A salmodia corrente consta de três salmos (ou
três secções, no caso de salmos mais extensos) do ciclo do Saltério, com suas
antífonas, salvo indicação em contrário.
Nas solenidades,
no Tríduo Pascal e nos dias dentro das oitavas da Páscoa e do Natal, dizem-se
antífonas próprias com os três salmos da salmodia complementar, salvo se houver
salmos especiais ou a celebração duma solenidade ocorrer ao domingo; neste
último caso, tomam-se os salmos
do domingo,
correspondentes à 1ª semana.
83. A salmodia complementar consta de três grupos
de salmos, normalmente escolhidos da série dos salmos ditos «graduais».
VI. COMPLETAS
84. As Completas
são a última oração do dia. Rezam-se antes de iniciar o descanso noturno, ainda
que, eventualmente, já passe da meia-noite.
85. As Completas
começa, do mesmo modo que as restantes Horas, pelo versículo Vinde, ó Deus, em
meu auxílio..., com Glória, Como era e (fora do tempo da Quaresma) Aleluia.
86. A seguir, é louvável que se faça o exame de
consciência. Na celebração comunitária, este é feito ou em silêncio ou inserido
num ato penitencial, segundo os formulários do Missal Romano.
87. Depois diz-se
o hino respectivo.
88. A salmodia, nos domingos, depois das I
Vésperas, consta dos salmos 4 e 133; depois das II Vésperas, do salmo 90. Para
os outros dias, foram escolhidos salmos apropriados, que excitem sobretudo a
confiança no Senhor.
É, porém,
facultada a substituição destes salmos pelos do domingo, para comodidade,
principalmente, daqueles que desejem porventura rezar Completas de cor.
89. Depois da
salmodia, há uma leitura breve, seguida do responsório Em vossas mãos. A
seguir, diz-se o cântico evangélico Nunc dimíttis, com a respectiva antífona.
Este cântico é, de certo modo, o ponto culminante de toda esta Hora litúrgica.
90. A oração conclusiva é a que vem indicada no
Saltério.
91. Depois da
oração, diz-se, mesmo na recitação individual, O Senhor nos conceda...
92. E termina-se
com uma das antífonas de Nossa Senhora. No tempo pascal, diz-se sempre Regina
caeli. Além das antífonas que vêm no livro da Liturgia das Horas, podem as Conferências
Episcopais aprovar outras.15
VII. LIGAÇÃO
OCASIONAL DAS HORAS DO OFÍCIO
COM A MISSA OU ENTRE
SI
93. Em casos
particulares, quando as circunstâncias o pedirem, na celebração pública ou
comunitária, pode-se fazer uma ligação mais estreita da Missa com uma Hora do Ofício,
dentro das normas a seguir indicadas, contanto que a Missa e a Hora pertençam
ao mesmo Ofício. Evitar-se-á, porém, que isto redunde em prejuízo do bem
pastoral, mormente aos domingos.
94. Quando a Missa
é precedida imediatamente das Laudes, celebradas no coro ou em comum, a ação
litúrgica pode começar ou pelo versículo introdutório e o hino das Laudes, sobretudo
nos dias feriais, ou pelo canto e procissão de entrada e saudação do
celebrante, principalmente nos dias festivos. Num e noutro caso, omitir-se-á um
destes dois ritos iniciais.
Segue-se a
salmodia das Laudes, na forma habitual, até à leitura breve exclusive.
Terminada a salmodia, omitido o ato penitencial e eventualmente o Kýrie, diz-se
o Gloria, segundo as rubricas, e o celebrante recita a oração da Missa. Segue-se
a Liturgia da palavra, como de costume.
A oração universal
faz-se na devida altura e na forma acostumada para a Missa. Contudo, nos dias
feriais, na Missa matutina, em vez dos formulários quotidianos da oração universal,
podem-se dizer as preces matinais próprias de Laudes.
Depois da
comunhão, com o respectivo cântico, diz-se o Benedictus com sua antífona das
Laudes. Segue-se a oração depois da comunhão, e tudo o mais como de costume.
95. No caso de a
Missa ser precedida imediatamente da celebração pública da Hora Média, quer
dizer, Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas, a ação litúrgica pode
igualmente começar ou pelo versículo introdutório e o hino da respectiva Hora,
sobretudo nos dias feriais, ou pelo canto e procissão de entrada e saudação do
celebrante, mormente nos dias festivos. Num e noutro caso, omitir-se-á um
destes dois ritos iniciais.
Segue-se a
salmodia da respectiva Hora, como de costume, até à leitura breve exclusive.
Terminada a salmodia, omitido o ato penitencial e eventualmente o Kýrie, diz-se
o Gloria, segundo as rubricas, e o celebrante recita a oração da Missa.
96. Quando a Missa
é precedida imediatamente das Vésperas, estas ligam-se à Missa da mesma forma
que Laudes. Note-se, porém, que não se podem celebrar as primeiras Vésperas das
solenidades, domingos e festas do Senhor que ocorram ao domingo, senão depois
de celebrada a Missa do dia anterior ou sábado.
97. No caso de a
Hora Média, quer dizer, Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas, ou as
Vésperas, se seguirem à Missa, esta será celebrada na forma habitual até à
oração depois da comunhão inclusive.
Dita a oração
depois da comunhão, começa imediatamente a salmodia da respectiva Hora. Na Hora
Média, terminada a salmodia, omite-se a leitura breve e diz-se logo a oração; e
faz-se a despedida tal e qual como na Missa. Nas Vésperas, terminada a
salmodia, omite-se a leitura e diz-se logo o cântico Magnificat com a
respectiva antífona; e, omitidas as preces e a oração dominical, diz-se a
oração conclusiva e dá-se a bênção ao povo.
98. Com exceção do
Natal do Senhor, não é permitido, regra geral, juntar a Missa com o Ofício das
Leituras, pois a Missa tem já o seu ciclo de leituras que se deve distinguir do
Ofício. Todavia, nalgum caso excepcional, se se vir que pode haver nisso
vantagem, então, logo depois da segunda leitura do Ofício, com seu responsório,
omitindo tudo o mais, inicia-se a Missa com o hino Gloria, caso se deva dizer; aliás,
com a oração.
99. No caso de o
Ofício das Leituras se rezar imediatamente antes de outra Hora, pode-se dizer o
hino da respectiva Hora a iniciar o Ofício das Leituras. No fim do Ofício da Leitura,
omite-se a oração e a conclusão; e, na Hora que vier a seguir, omite-se o
versículo introdutório e o Glória ao Pai.
CAPITULO III
ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS
DA LITURGIA DAS
HORAS
I. OS SALMOS E A
SUA RELAÇÃO COM A ORAÇÃO CRISTÃ
100. Na Liturgia
das Horas, a Igreja utiliza, em grande parte, para sua oração aqueles
belíssimos hinos que, sob a inspiração do Espírito Santo, foram compostos pelos
autores sagrados do Antigo Testamento. Por sua própria origem, os salmos
possuem, de fato, a virtude de elevar para Deus o espírito dos homens, de
excitar neles santos e piedosos afetos, de os ajudar admiravelmente a dar
graças na prosperidade, de os consolar e robustecer na adversidade.
101. Todavia, os
salmos não encerram mais que uma sombra daquela plenitude dos tempos que se
revelou em Cristo Senhor
e da qual tira a oração da Igreja todo o seu valor. Por esse motivo, não admira
que, apesar da elevada estima em que os salmos são tidos por todos os cristãos,
surjam por vezes certas dificuldades quando alguém pretende fazer seus estes
poemas venerandos, servindo-se deles para orar.
102. Porém, o
Espírito Santo, que inspirou os salmistas a cantá-los, não deixa nunca de
assistir com a sua graça aqueles que, animados de fé e boa vontade, salmodiam
estes sagrados hinos. Além disso, é necessário que todos, na medida das suas
forças, procurem «adquirir uma formação bíblica o mais rica possível, sobretudo
quanto aos salmos»1, e aprendam também a maneira de fazer da salmodia
sua oração pessoal.
103. Os salmos nem
são leituras nem orações em prosa, mas poemas de louvor. Por isso, embora
admitindo que às vezes tenham sido recitados em forma de leitura, todavia, dado
o seu gênero literário, com razão são designados em hebraico pelo termo Tehillim,
quer dizer, «cânticos de louvor”, e em grego psalmói, ou seja «cânticos
acompanhados ao som do saltério». De fato, todos os salmos possuem um certo caráter
musical, que determina o modo como devem ser executados. E assim, mesmo quando
o salmo é recitado sem canto, ou até individualmente ou em silêncio, a sua
recitação terá de conservar este caráter musical. Apresentando embora um texto
ao nosso espírito, ele visa principalmente a excitar os corações dos que os salmodiam
ou escutam, e mesmo dos que os acompanham «ao som do saltério e da cítara».
104. Aquele que
salmodia sabiamente irá percorrendo versículo a versículo, meditando um após
outro, de coração sempre pronto a responder como o quer o Espírito que inspirou
o salmista e assistirá igualmente os homens piedosos que estão dispostos a
receber a sua graça. Eis o motivo por que a salmodia, conquanto reclame a
reverência devida à majestade divina, deve desenrolar-se na alegria do coração e
doçura da caridade, como convém à poesia sacra e ao canto divino e sobretudo à
liberdade dos filhos de Deus.
105. As palavras
dos salmos ajudam-nos muitas vezes a orar com mais facilidade e fervor, quer
dando graças e glorificando a Deus na exaltação, quer suplicando desde as profundezas
da nossa angústia. Mas também pode por vezes acontecer — mormente quando o
salmo não fala diretamente a Deus — que surja uma ou outra dificuldade. É que o
salmista, como poeta que é, umas vezes dirige-se ao povo a recordar-lhe a
história de Israel; outras vezes, são outros que ele interpela, inclusive as
próprias criaturas irracionais; outras ainda, introduz a falar Deus e os
homens, ou até, como no salmo segundo, os próprios inimigos de Deus. Donde se
infere que o salmo constitui um tipo de oração muito diferente de uma prece ou
de uma coleta de composição eclesiástica. Além disso, a natureza poética e
musical dos salmos não implica que se dirijam necessariamente a Deus, mas sim
que sejam cantados na presença de Deus, como adverte S. Bento: «Consideremos a
maneira como havemos de estar na presença da Divindade e dos seus Anjos; e, ao
salmodiar, guardemos uma atitude tal que o nosso espírito concorde com a nossa
voz»2.
106. Aquele que
salmodia abre o coração aos sentimentos que o salmo inspira, consoante o gênero
literário de cada um deles: canto de lamentação, de confiança, de ação de graças,
etc., gêneros a que os exegetas costumam dar justo relevo.
107. Atendo-se ao
sentido literal dos salmos, aquele que os salmodia procurará relacionar o texto
com a vida humana dos crentes.
Cada salmo, como é
sabido, foi composto em determinadas circunstâncias a que os próprios títulos
do saltério hebraico fazem alusão. Seja qual for, porém, a sua origem histórica,
cada salmo tem um sentido literal que, mesmo em nossos dias, não podemos
menosprezar. E, se bem que estes poemas tenham nascido no Oriente, há muitos
séculos, eles traduzem de forma adequada a dor e a esperança, a miséria e a
confiança dos homens de todos os tempos e regiões; cantam sobretudo a fé em
Deus, bem como a revelação e a redenção.
108. Na Liturgia
das Horas, quem salmodia não o faz tanto em seu próprio nome como em nome de
todo o Corpo Místico de Cristo, e até na pessoa do próprio Cristo. Se tivermos isto
em conta, desaparecem as dificuldades que possam surgir para quem salmodia,
caso os seus sentimentos íntimos se sintam em desacordo com os afetos expressos
num salmo. Por exemplo: quando a uma pessoa triste e angustiada se depara um
salmo de jubilação, ou, ao contrário, quando a alguém que se sente feliz
aparece um salmo de lamentação. No caso da oração estritamente privada, esta discordância
pode evitar-se, uma vez que pode escolher um salmo mais condizente com os
sentimentos pessoais. No caso, porém, do Ofício divino, a salmodia não tem caráter
privado, mesmo que alguém recite as Horas sozinho; o ciclo dos salmos,
oficialmente estabelecido, é recitado em nome da Igreja. Ora, salmodiando em
nome da Igreja, podem-se encontrar sempre motivos de alegria ou de tristeza,
pois aqui tem aplicação a palavra do Apóstolo: «Alegrar-se com os que se
alegram, chorar com os que choram» (Rom 12,1).
Deste modo, a
fragilidade humana, ferida pelo amor próprio, recupera a saúde pela caridade
que faz com que o espírito concorde com a voz de quem salmodia.3
109. Quem salmodia
em nome da Igreja deverá captar o sentido pleno dos salmos, particularmente o
sentido messiânico, pois foi este o que levou a Igreja a adotar o Saltério. Este
sentido messiânico aparece-nos em toda a sua clareza no Novo Testamento, e o
próprio Cristo Senhor o apontou expressamente aos Apóstolos quando lhes disse:
«É preciso que se cumpra tudo quanto está escrito a meu respeito na Lei de
Moisés, nos Profetas e nos Salmos» (Lc 24,44). Exemplo conhecidíssimo deste
sentido messiânico, temo-lo naquele diálogo referido por S. Mateus a respeito
do Messias, Filho de David e seu Senhor,4 em que o salmo 109 é
aplicado ao Messias.
Nesta mesma ordem
de ideias, os Santos Padres admitiram e explicaram todo o Saltério como
profecia referente a Cristo e à Igreja. E é dentro deste mesmo critério que os
salmos têm sido utilizados na sagrada Liturgia. E, se bem que, por vezes, se
tenham aceitado interpretações algo retorcidas, no geral, é legítima a
interpretação quer dos Padres quer da Liturgia, que nos salmos ouviram Cristo a
clamar ao Pai ou o Pai a dirigir-se ao Filho, ou reconhecem neles até a voz da
Igreja, dos Apóstolos e dos Mártires. Este método de interpretação também
floresceu durante a Idade Média. De fato, numerosos códices do Saltério
escritos nesta época, no título anteposto a cada salmo era apontado, para uso
dos que os rezavam, o sentido cristológico. Esta interpretação cristológica não
se restringiu unicamente aos salmos considerados messiânicos, mas estendia-se a
muitos outros casos, num sentido acomodatício é certo, mas aceite pela tradição
da Igreja.
Na salmodia dos
dias festivos, de modo particular, foi o sentido cristológico que presidiu à
escolha dos salmos. Este sentido é com frequência posto em relevo nas
antífonas, tiradas dos mesmos salmos.
II. ANTÍFONAS E
OUTROS ELEMENTOS QUE
AJUDAM A ORAÇÃO
DOS SALMOS
110. Três
elementos, dentro da tradição latina, muito contribuem para a inteligência dos
salmos ou para fazer deles oração cristã: os títulos, as orações sálmicas e,
principalmente, as antífonas.
111. No Saltério
da Liturgia das Horas, cada salmo é precedido dum título, a indicar o sentido
do mesmo salmo e o seu valor para a vida humana do crente. Estes títulos, no livro
da Liturgia das Horas, visam unicamente à utilidade de quem salmodia. Para
facilitar a oração à luz da Revelação nova, acrescenta-se uma sentença tirada
do Novo Testamento ou dos Padres, a qual serve como de convite a rezar o salmo
no sentido cristológico.
112. As coletas
salmódicas ajudam a quem recita os salmos os entendê-los num sentido
predominantemente cristão. Estas coletas vêm no Suplemento ao livro da Liturgia
das Horas, uma para cada salmo. Podem-se utilizar livremente, de acordo com a
antiga tradição, da seguinte maneira: terminado o salmo, após uns momentos de
silêncio, reza-se a coleta, como que a resumir os afetos de quem salmodia e a
concluir a oração.
113. Cada salmo é
acompanhado da respectiva antífona, mesmo quando a Liturgia das Horas se
celebre sem canto, inclusive na recitação individual. As antífonas servem para tornar
mais claro o gênero literário do salmo; transformam o salmo em oração pessoal;
põem em relevo esta ou aquela sentença digna de particular atenção e que doutro
modo passaria despercebida; dão ao salmo um colorido especial, em harmonia com
as circunstâncias em que é utilizado; ajudam muito a interpretar o salmo num
sentido tipológico conforme as festas, desde que se excluam acomodações arbitrárias;
finalmente, contribuem para tornar a recitação dos salmos mais agradável e
variada.
114. As antífonas
do Saltério foram compostas de modo a poderem ser traduzidas em língua
vernácula e poderem também repetir-se após cada estrofe, segundo o que se diz no
n. 125. No Ofício do Tempo Comum, quando não for cantado, as antífonas podem-se
substituir pelas sentenças antepostas aos salmos (cf. n. 111).
115. Quando, pela
sua extensão, um salmo se dividir em várias secções, dentro da mesma Hora canônica,
cada uma destas secções é acompanhada da respectiva antífona, para dar uma nota
de variedade, principalmente na celebração com canto, e também para ajudar a
apreender melhor as riquezas do salmo. Todavia pode-se recitar o salmo todo seguido
sem interrupção, só com a primeira antífona.
116. O Tríduo
Pascal, os dias dentro das oitavas da Páscoa e do Natal, os domingos do tempo do
Advento, do Natal, da Quaresma e da Páscoa, os dias da Semana Santa e do Tempo
Pascal e os dias 17 a
24 de Dezembro têm antífonas próprias para cada salmo nas Laudes e nas Vésperas.
117. Nas
solenidades, propõem-se antífonas próprias para o Ofício das Leituras, Laudes, Oração
das Nove, das Doze e das Quinze Horas e Vésperas; na sua falta tomam-se do
respectivo Comum. Nas festas, o mesmo acontece para o Ofício das Leituras,
Laudes e Vésperas.
118. Se alguma
memória dos Santos tiver antífonas próprias, observam-se (cf. n. 235).
119. As antífonas
do Benedictus e do Magnificat, no Ofício do Tempo, tomam-se do Próprio do
Tempo, se as tiver; aliás, do Saltério corrente. Nas solenidades e festas, tomam-se
do Próprio, se as tiver; aliás, do respectivo Comum. Nas memórias que não
tiverem antífona própria, diz-se, à escolha, ou a do Comum ou a do dia de
semana corrente.
120. No Tempo
Pascal, junta-se Aleluia a todas as antífonas, salvo se não se harmonizar com o
sentido das mesmas.
III. MANEIRA DE
SALMODIAR
121. Para mais
facilmente se poder sentir a fragrância espiritual e literária dos salmos,
estes podem-se recitar de diferentes maneiras, de acordo com o gênero literário
ou a extensão de cada um, conforme a recitação é feita em latim ou em
vernáculo, e principalmente consoante o modo de celebração, quer dizer, se é
feita por um só, por vários ou com o povo reunido em assembleia. É que (na
Liturgia das Horas) os salmos não se empregam como se fossem uma determinada
quantidade de oração, mas sim tendo em vista a variedade e as características
peculiares de cada salmo.
122. No canto ou
recitação dos salmos, podem adotar-se diversas modalidades confirmadas pela
tradição ou pela experiência: ou tudo seguido (in directum), ou
alternando os versículos ou as estrofes, quer entre dois coros quer entre duas
partes da assembleia, ou ainda em forma responsorial.
123. No princípio
de cada salmo, dir-se-á sempre a respectiva antífona, como ficou dito acima,
nn. 113-120. No final do salmo inteiro, concluir-se-á, como é habitual, com o Glória
ao Pai e Como era. O Glória ao Pai é uma conclusão tradicional muito
apropriada, pois vem dar à oração do Antigo Testamento um sentido laudativo,
cristológico e trinitário. Terminado o salmo, se parecer melhor, pode-se repetir
a antífona.
124. Os salmos
mais extensos vêm no Saltério divididos em várias secções. Estas divisões da
salmodia em vários membros são feitas de molde a esboçar a estrutura ternária da
Hora, embora respeitando estritamente o sentido objetivo de cada salmo.
Convém,
principalmente na celebração coral, marcar estas divisões, intercalando o Glória
ao Pai no fim de cada secção.
É permitido, no
entanto, ou seguir este modo tradicional, ou fazer uma pausa entre as
diferentes secções do salmo, ou ainda recitar o salmo inteiro com a respectiva
antífona.
125. Quando o gênero
literário assim o aconselha, indica-se a divisão dos salmos em estrofes. Isto
permite executá-los com intercalação da antífona depois de cada estrofe,
sobretudo quando são cantados em língua vernácula. Neste caso, bastará dizer o Glória
ao Pai no fim do salmo todo.
IV. CRITÉRIO
SEGUIDO NA DISTRIBUIÇÃO
DOS SALMOS NO
OFÍCIO
126. Os salmos
estão distribuídos por um ciclo de quatro semanas. Omitem-se alguns salmos,
muito poucos. Outros, que a tradição tornou mais conhecidos, repetem-se com mais
frequência. Além disso, para os ofícios das Laudes e Vésperas, foram escolhidos
salmos a condizer com a respectiva Hora.5
127. Como Laudes e
Vésperas se destinam mais particularmente à celebração com o povo, foram escolhidos
para estas Horas salmos que se prestam melhor a este modo de celebração.
128. Para
Completas seguiu-se a norma indicada no n. 88.
129. Para o
domingo, inclusive no Ofício das Leituras e na Hora Média, foram escolhidos
aqueles salmos que, segundo a tradição, melhor traduzem o mistério pascal. Para
a sexta-feira, escolheram-se os salmos penitenciais ou
relacionados com a
Paixão.
130. Os salmos 77,
104 e 105, em que mais claramente nos é revelada a história da salvação através
do Antigo Testamento, como prenúncio do que viria a acontecer no Novo, reservam-se
para o tempo do Advento, do Natal, da Quaresma e da Páscoa.
131. Os três
salmos 57, 82 e 108, em que predomina o caráter imprecatório, foram suprimidos
do ciclo do Saltério. Foram igualmente suprimidos certos versículos dalguns outros
salmos, como se indica no princípio do salmo respectivo. A omissão destes
textos foi motivada por uma certa dificuldade de ordem psicológica, muito
embora os próprios salmos imprecatórios figurem na piedade do Novo Testamento,
p. ex., em Ap 6,10, sem que de maneira alguma pretendam induzir a maldição.
132. Os salmos
demasiado extensos, para poderem caber dentro de uma só Hora do Ofício, são
distribuídos por vários dias, a essa mesma Hora, de modo a poderem ser recitados
integralmente por aqueles que não costumam dizer outras Horas. É o que se dá
com o salmo 118, que é distribuído por vinte e dois dias, tantos quantas as
suas divisões, na Hora Média, pois a tradição atribuiu
sempre este salmo
às horas diurnas.
133. O ciclo das
quatro semanas do Saltério articula-se com o ano litúrgico da seguinte maneira:
a primeira semana (omitindo eventualmente as outras) começa no primeiro domingo
do Advento, na primeira semana do Tempo Comum, no primeiro domingo da Quaresma
e no primeiro domingo da Páscoa.
No Tempo Comum, o
ciclo do Saltério segue a série das semanas. Por isso, depois do Pentecostes,
retoma-se a semana do Saltério indicada no Próprio do Tempo, no princípio da
respectiva semana do Tempo Comum.
134. Nas
solenidades e festas, no Tríduo Pascal, nos dias dentro das oitavas da Páscoa e
do Natal, o Ofício das Leituras tem salmos próprios, escolhidos de entre
aqueles que tradicionalmente lhes costumam ser atribuídos. A sua congruência é
posta em relevo, geralmente pela antífona. O mesmo se faz para a Hora Média em
certas solenidades do Senhor e na oitava da Páscoa. Nas Laudes, dizem-se os
salmos e o cântico indicados no Saltério para o primeiro domingo. Nas primeiras
Vésperas das solenidades, dizem-se os salmos da série Laudate, segundo o antigo
costume. Nas segundas Vésperas das solenidades e nas Vésperas das festas, os
salmos e o cântico são próprios. Na Hora Média das solenidades, com exceção
daquelas de que se falou acima e salvo se caírem ao domingo, os salmos são tirados
dos chamados «salmos graduais». Na Hora Média das festas, dizem-se os salmos do
dia de semana corrente.
135. Nos outros
casos, dizem-se os salmos do ciclo do Saltério, a não ser que haja antífonas ou
salmos próprios.
V. CÂNTICOS DO
ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO
136. Nas Laudes,
entre o primeiro e o segundo salmo, insere-se um cântico tirado, segundo o
costume, do Antigo Testamento. As duas séries de cânticos — a da antiga
tradição romana e a introduzida no Breviário por S. Pio X — foram aumentadas,
no novo Saltério, com outros cânticos tirados de vários livros do Antigo
Testamento. Deste modo, cada dia da semana tem seu cântico próprio nas quatro
semanas. Aos domingos, dizem-se alternadamente as duas partes do cântico dos
três jovens.
137. Nas Vésperas,
a seguir aos dois salmos, insere-se um cântico do Novo Testamento, tirado ou
das Epístolas ou do Apocalipse. São sete estes cânticos, um para cada dia da semana.
Nos domingos da Quaresma, em vez do cântico aleluiático do Apocalipse, diz-se o
da primeira Epístola de S. Pedro. Além disso, na solenidade da Epifania e na
festa da Transfiguração do Senhor, diz-se o cântico indicado no lugar próprio,
tirado da primeira Epístola a Timóteo.
138. Os cânticos
evangélicos — Benedictus, Magnificat, Nunc dimíttis — são acompanhados da mesma
solenidade com que é costume ouvir a proclamação do Evangelho.
139. No
ordenamento quer da salmodia quer das leituras, segue-se esta regra
tradicional: primeiro o Antigo Testamento, a seguir o Apóstolo, finalmente o
Evangelho.
VI. LEITURA DA
SAGRADA ESCRITURA
a) Leitura da
Sagrada Escritura em geral
140. A leitura da Sagrada Escritura que, segundo a
antiga tradição, é feita publicamente na Liturgia, quer na celebração eucarística
quer no Ofício divino, deve ser tida na maior estima por todos os cristãos.
Esta leitura não é escolhida segundo um critério individual nem para satisfazer
tal ou tal inclinação do espírito; é proposta pela Igreja em ordem ao mistério
que a Esposa de Cristo «vai desenrolando através do ciclo anual, desde a
Encarnação e Nascimento até à Ascensão, dia do Pentecostes e expectação da
feliz esperança e vinda do Senhor»6. Além disso, na celebração
litúrgica, a
leitura da Sagrada
Escritura vem sempre acompanhada da oração, de modo que a leitura produza mais
abundante fruto e, por seu lado, a oração, mormente a dos salmos com a leitura se
apreenda melhor e se torne mais fervorosa.
141. Na Liturgia
das Horas, apresentam-se duas espécies de leituras da Sagrada Escritura: uma longa, outra breve.
142. Da leitura longa,
facultativa nas Laudes e nas Vésperas, já se falou acima, n. 46.
b ) Ciclo de
leituras da Sagrada Escritura no Ofício das Leituras
143. No ciclo das
leituras da Sagrada Escritura para o Ofício das Leituras, teve-se em conta quer
os tempos sagrados em que a tradição manda ler determinados livros quer o ciclo
das leituras da Missa. Assim, a Liturgia das Horas combina-se com a Missa, de
forma que a leitura da Sagrada Escritura no
Ofício venha
completar a que se faz na Missa. Deste modo, ter-se-á uma visão geral da
história da salvação.
144. Salva a exceção
referida no n. 73, na Liturgia das Horas não se lê o Evangelho, uma vez que é
lido integralmente todos os anos na Missa.
145. Há um duplo
ciclo de leituras bíblicas: o primeiro abrange um ano só, e é o que vem no
livro da Liturgia das Horas; o segundo, facultativo, é bienal, como o ciclo
ferial «per annum» das leituras da Missa, e vem no Suplemento.
146. O ciclo
bienal das leituras está organizado por forma a lerem-se em cada ano quase
todos os livros da Sagrada Escritura, reservando para a Liturgia das Horas os
textos mais extensos ou mais difíceis que não é possível ler na Missa. O Novo
Testamento é lido integralmente todos os anos, parte na Missa, parte na
Liturgia das Horas. Quanto aos livros do Antigo Testamento, foram escolhidas
aquelas partes que têm maior importância quer para compreender a
história da
salvação quer para alimentar a piedade.
As leituras da
Liturgia das Horas e as da Missa combinam-se entre si de maneira a evitar a
repetição dos mesmos textos no mesmo dia ou a fixação dos mesmos livros nos
mesmos tempos litúrgicos, o que viria a deixar para a Liturgia das Horas as perícopes
menos importantes e a alterar a ordem dos textos. Isto exige necessariamente
que o mesmo livro seja lido, alternadamente, um ano na Missa, outro ano na
Liturgia das Horas; ou pelo menos, quando se tenha de ler (duas vezes) no mesmo
ano, decorra um certo intervalo de tempo entre uma leitura e outra.
147. No Tempo do
Advento, de acordo com a antiga tradição, lêem-se perícopes do livro de Isaías,
em forma de leitura semi-contínua, em anos alternados. A esta leitura, junta-se
também o livro de Rute e algumas profecias do profeta Miqueias. Os dias 17 a 24 de Dezembro têm
leituras especiais, deixando de parte as leituras da terceira semana do Advento
que não tiverem lugar.
148. Do dia 29 de
Dezembro a 5 de Janeiro, lê-se: no primeiro ano, a Epístola aos Colossenses,
onde a Encarnação do Senhor nos é apresentada dentro do contexto geral da
história da salvação; no segundo ano, lê-se o Cântico dos Cânticos, no qual é
prefigurada a união de Deus e do homem em Cristo: «Deus Pai celebrou as bodas
de Deus Filho quando O uniu à natureza humana no seio da Virgem, quando Deus, que
é antes dos séculos, Se quis fazer homem no fim dos séculos»7.
149. De 7 de
Janeiro ao sábado depois da Epifania, lêem-se os textos escatológicos do livro
de Isaías (60-66) e do livro de Baruc. As leituras que não tenham lugar nesse ano,
omitem-se.
150. Durante a
Quaresma, no primeiro ano lêem-se extratos do livro do Deuteronômio e da
Epístola aos Hebreus. No segundo ano, apresenta-se uma visão global da história
da salvação, com textos escolhidos dos livros do Êxodo, Levítico e Números. Na
Epístola aos Hebreus, é interpretada a antiga aliança à luz do mistério pascal
de Cristo. Desta Epístola é tirada a leitura da Sexta-feira da Paixão (Sexta-feira
Santa), referente ao sacrifício de Cristo (9, 11-28), e a do Sábado Santo,
referente ao repouso do Senhor (4, 1-16). Nos outros dias da Semana Santa, lêem-se:
no primeiro ano, os cantos terceiro e quarto do Servo do Senhor, tirados do
livro de Isaías, e perícopes do livro das Lamentações; no segundo ano, o
profeta Jeremias como figura de Cristo sofredor.
151. No Tempo
Pascal, com exceção do primeiro e segundo domingo da Páscoa e as solenidades da
Ascensão e do Pentecostes, lêem-se, de acordo com a tradição: no primeiro ano,
a primeira Epístola de S. Pedro, o livro do Apocalipse e as Epístolas de S.
João; no segundo ano, os Atos dos Apóstolos.
152. Da segunda-feira
a seguir ao domingo do Batismo do Senhor até à Quaresma, e da segunda-feira
depois do Pentecostes até ao Advento, tem lugar a série contínua das 34 semanas
do Tempo Comum.
Esta série é
interrompida desde a Quarta-feira de Cinzas até ao domingo do Pentecostes. Na
segunda-feira a seguir ao domingo do Pentecostes, retoma-se a leitura do Tempo
Comum, a contar da semana seguinte àquela em que foi interrompida pela
Quaresma, omitindo a leitura marcada para o domingo.
Nos anos em que há
somente 33 semanas do Tempo Comum, omite-se a semana que viria logo a seguir ao
Pentecostes, de modo a ficar sempre com as leituras das últimas semanas, de caráter
escatológico.
Os livros do
Antigo Testamento estão distribuídos seguindo a história da salvação: Deus revela-Se
ao longo da vida do povo: este vai sendo conduzido e iluminado por fases
sucessivas. Consequentemente, os livros dos profetas são lidos com os livros
históricos, inseridos no tempo em que os mesmos profetas viveram e ensinaram. E
assim, no primeiro ano, a série das leituras do Antigo Testamento apresenta
simultaneamente os livros históricos e os oráculos dos profetas desde o livro
de Josué até ao tempo do exílio. No segundo ano, depois do livro do Gênesis que
se lê antes da Quaresma, retoma-se a história da salvação a partir do exílio
até à época dos Macabeus. Neste ano, inserem-se os profetas mais recentes, os
livros sapienciais e as narrativas dos livros de Ester, Tobias e Judite.
As Epístolas dos
Apóstolos que não são lidas em tempos litúrgicos especiais são distribuídas
tendo em conta, por um lado, o ciclo das leituras da Missa, por outro, a ordem
cronológica em que foram escritas.
153. O ciclo de um
só ano foi abreviado, de tal modo que se leiam todos os anos perícopes seletas
da Sagrada Escritura, combinando-as com o duplo ciclo das leituras da Missa, de
que são o complemento.
154. As
solenidades e festas têm leituras próprias; se não, tomam-se do Comum dos
Santos.
155. Cada perícope,
tanto quanto possível, mantém certa unidade. Por isso, e para não ir além de
uma extensão razoável, aliás variável consoante o gênero literário de cada livro,
omitem-se aqui ou além alguns versículos, omissão esta que vai sempre indicada.
Pode-se, porém, e é mesmo louvável, fazer uma leitura integral, utilizando para
isso um texto aprovado.
c) Leituras breves
156. As leituras
breves ou «capítulos», cuja importância na Liturgia das Horas já foi apontada
no n. 45, foram escolhidas de modo a expressar um pensamento ou uma exortação
em forma concisa e clara. Procurou-se, além do mais, a variedade.
157. Neste
sentido, organizaram-se quatro séries semanais de leituras breves para o Tempo
Comum, que vêm no Saltério. Assim, durante quatro semanas, a leitura breve é todos
os dias diferente. Há também séries semanais de leituras
breves para os
tempos do Advento, Natal, Quaresma e Páscoa; e ainda leituras breves próprias
para as solenidades e festas e algumas memórias, mais uma série de uma semana para
Completas.
158. Na escolha
das leituras breves seguiram-se estes critérios:
a) excluíram-se os Evangelhos, como é de
tradição;
b) atendeu-se, na medida do possível, ao caráter
peculiar do domingo, da sexta-feira e das próprias Horas;
c) as leituras das Vésperas, como vêm a seguir a
um cântico do Novo Testamento, são tiradas exclusivamente do Novo Testamento.
VII. LEITURAS DOS
PADRES E
ESCRITORES
ECLESIÁSTICOS
159. Segundo a
tradição da Igreja Romana, no Ofício da Leitura, à leitura bíblica segue-se
outra tirada dos Padres ou dos Escritores eclesiásticos, com seu responsório, a
não ser quando haja uma leitura hagiográfica (cf. nn. 228-239).
160. Nesta leitura
são apresentados extratos das obras dos Padres, Doutores da Igreja e outros
Escritores eclesiásticos, pertencentes tanto à Igreja Ocidental como Oriental,
dando preferência aos Padres que na Igreja gozam de particular autoridade.
161. Além das
leituras indicadas para cada dia no livro da Liturgia das Horas, há também um
Lecionário facultativo com maior abundância de leituras, para facultar mais
largamente aos que recitam o Ofício divino os tesouros da Tradição da Igreja. É
deixada à liberdade de cada um a escolha da segunda leitura, tomando-a ou do
livro da Liturgia das Horas ou do Lecionário facultativo.
162. Além disso,
as Conferências Episcopais podem apresentar outros textos acomodados à tradição
e mentalidade dos respectivos países. Estes textos deverão figurar num apêndice
ao Lecionário facultativo. Devem ser tirados das
obras de
Escritores católicos insignes por sua doutrina e santidade de vida.8
163. A função principal das leituras (na Liturgia
das Horas) é meditar a palavra de Deus tal como a tradição da Igreja entende.
Pois a Igreja julgou sempre necessário explicar aos fiéis, de forma autêntica,
a palavra de Deus, de modo que «a linha da interpretação profética e apostólica
se mantenha sempre dentro da norma no sentido eclesiástico e católico»9.
164. Pelo contato
assíduo com os documentos que a Tradição universal da Igreja nos apresenta, os
leitores são conduzidos a meditar mais profundamente a Escritura Sagrada, a
sentir-lhe a suavidade, a amá-la com vivo afeto. Efetivamente, os escritos dos
Padres são testemunhos esplêndidos dessa meditação da palavra de Deus,
prolongada através dos séculos, mediante a qual a Igreja, Esposa do Verbo
Encarnado, «depositária do desígnio e do espírito do seu Esposo e seu Deus»10,
se esforça por adquirir uma inteligência cada vez mais profunda das Escrituras
Sagradas.
165. A leitura dos Padres introduz também os cristãos
no sentido dos tempos e festas litúrgicas. Além disso, abre-lhes igualmente o
acesso às inestimáveis riquezas espirituais que constituem o magnífico patrimônio
da Igreja e são base da vida espiritual e alimento riquíssimo da piedade. Por
sua vez, os pregadores da palavra de Deus têm à sua disposição, diariamente, excelentes
modelos de pregação sagrada.
VIII. LEITURAS
HAGIOGRÁFICAS
166. Diz-se
leitura hagiográfica, quer o texto dalgum Padre ou Escritor eclesiástico que
fala expressamente do Santo celebrado ou a ele se pode muito bem aplicar, quer
algum trecho tirado dos escritos do mesmo Santo, quer ainda a sua biografia.
167. Na elaboração
dos Próprios dos Santos particulares, deve-se respeitar a verdade histórica 11
e ter em conta o verdadeiro proveito espiritual de quem lê ou ouve a leitura hagiográfica.
Evitar-se-á cuidadosamente tudo aquilo que serve apenas para suscitar a
admiração. Em contrapartida, pôr-se-á em relevo a espiritualidade peculiar dos
Santos, de forma adequada às condições atuais, sublinhando ao mesmo tempo a sua
importância na vida e na espiritualidade da
Igreja.
168. Antes da
leitura propriamente dita, insere-se uma breve nota biográfica, com alguns
apontamentos de caráter puramente histórico e resumo da sua vida. Esta nota tem
uma finalidade meramente informativa, e, como tal, não é para ser lida na
celebração.
IX . RESPONSÓRIOS
169. A leitura bíblica, no Ofício das Leituras, é
seguida do respectivo responsório, cujo texto é tirado do tesouro da tradição
ou é uma composição original. A finalidade do responsório é projetar sobre a
leitura precedente nova luz que ajude a compreendê-la melhor, enquadrar esta
leitura na história da salvação, estabelecer a transição do Antigo para o Novo
Testamento, fazer que a leitura se transforme em oração e contemplação,
finalmente imprimir, com sua beleza poética, uma nota de agradável variedade.
170. A segunda leitura é, como a primeira, seguida
também dum responsório apropriado. Mas este já não tem uma ligação tão estreita
com o texto da leitura, e por isso favorece mais a liberdade da meditação.
171. Assim, os
responsórios, com o respectivo refrão, mantêm o seu valor mesmo na recitação
individual. Nesta, porém, pode não se repetir o refrão, a não ser que o sentido
o exija.
172. Numa forma
análoga, mas simplificada, o responsório breve nas Laudes, Vésperas e Completas
(de que já se falou acima, nn. 49 e 89), e os versículos da Oração das Nove,
das Doze e das Quinze Horas, constituem uma resposta à leitura breve, à maneira
de aclamação. A sua finalidade é fazer penetrar mais profundamente a palavra de
Deus no espírito do ouvinte ou do leitor.
X. HINOS E OUTROS
CÂNTICOS NÃO-BÍBLICOS
173. Os hinos, no
Ofício, vêm já duma antiquíssima tradição, e ainda hoje nele mantêm o seu
lugar.12 Dada a sua natureza lírica, estão particularmente
destinados ao louvor divino, constituindo ao mesmo tempo um elemento popular. Além
disso, mais que os outros elementos do Ofício, marcam logo de entrada a
característica peculiar de cada Hora ou de cada festa, movendo e animando as
almas a uma piedosa celebração. Esta eficácia é acrescida com freqüência pela
beleza literária. Finalmente, os hinos são, no Ofício, o elemento poético mais
importante de criação eclesiástica.
174. O hino
termina tradicionalmente com uma doxologia, que, normalmente, é dirigida à
mesma Pessoa divina a quem se dirige o hino.
175. Para maior
variedade, no Ofício do Tempo Comum instituiu-se uma dupla série de hinos para
todas as Horas, a recitar em semanas alternadas.
176. Além disso,
para o Ofício das Leituras, também se introduziu, no Tempo Comum, uma dupla
série de hinos, para serem recitados consoante os casos, ou de dia ou de noite.
177. Os hinos
novos podem ser cantados com as melodias tradicionais do mesmo ritmo e métrica.
178. Quanto à
celebração em língua vernácula, compete às Conferências Episcopais, não só
adaptar à índole peculiar de cada língua os hinos latinos, como também
introduzir novas composições hínicas,13 desde que se harmonizem perfeitamente
com o espírito da Hora, do tempo litúrgico ou da festa. Evitar-se-á, porém, com
todo o cuidado, a adoção de canções populares, que não possuam autêntico valor artístico
ou não condigam com a dignidade da Liturgia.
XI. PRECES, ORAÇÃO
DOMINICAL,
ORAÇÃO CONCLUSIVA
a ) Preces ou
intercessões nas Laudes e nas Vésperas
179. A Liturgia das Horas celebra os louvores de
Deus. Todavia, nem a tradição judaica nem a tradição cristã separa o louvor
divino da oração de súplica; e até, não raro, fazem esta derivar daquele. O
apóstolo Paulo recomenda que se façam «preces, orações, súplicas e ações de
graças por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para que
possamos levar uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.
Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador, pois Ele quer que
todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim. 2, 1-4).
Esta recomendação, não raro os Padres a interpretam como devendo fazer-se essas
intercessões pela manhã e ao fim da tarde.14
180. As
intercessões, agora restauradas na Missa do rito romano, fazem-se igualmente nas
Vésperas, embora de forma diferente, como adiante se descreve.
181. É também
tradicional encomendar logo pela manhã a Deus o dia inteiro. Por isso, nas
Laudes, fazem-se invocações para encomendar e consagrar o dia inteiro ao
Senhor.
182. Pelo nome de
«preces» são designadas tanto as intercessões das Vésperas como as invocações das
Laudes para consagrar o dia a Deus.
183. Para maior
variedade, mas sobretudo para expressar melhor as diferentes necessidades da
Igreja e dos homens, segundo os diversos estados, assembleias, pessoas,
condições e tempos, propõem-se formulários de preces diferentes para cada dia
do ciclo do Saltério, bem como para os diferentes tempos do ano litúrgico e
para algumas celebrações festivas.
184. Além disso,
as Conferências Episcopais podem adaptar os formulários que vêm no livro da
Liturgia das Horas ou aprovar outros novos,15 em conformidade com as
normas a seguir indicadas.
185. Tal como na
oração dominical, também nas preces se há de unir à súplica o louvor de Deus ou
proclamação da sua glória, ou a memória da história da salvação.
186. Nas preces das
Vésperas, a última intenção será sempre pelos defuntos.
187. A Liturgia das Horas é principalmente oração
de toda a Igreja a favor de toda a Igreja, e ainda pela salvação do mundo
inteiro.16 Neste sentido, as intenções de caráter universal virão,
nas preces, logo em primeiro lugar. Nelas se pedirá pela Igreja com suas
diversas ordens, pelas autoridades civis, pelos que sofrem oprimidos pela
pobreza, doença ou infelicidade, pelas necessidades do mundo inteiro, tais como
a paz e outras intenções análogas.
188. Tanto nas
Laudes como nas Vésperas, podem-se acrescentar algumas intenções particulares.
189. As preces do
Ofício são estruturadas de modo a poderem-se adaptar quer à celebração com o
povo, quer à celebração numa pequena comunidade, quer à recitação individual.
190. Na recitação
com o povo ou em comum, as preces são introduzidas por uma breve admonição
feita pelo sacerdote ou ministro. Nesta admonição, enuncia-se já a resposta, invariável,
que a assembleia deverá repetir.
191. As intenções
são dirigidas diretamente a Deus. Deste modo, tanto podem servir para a
celebração comunitária como para a recitação individual.
192. Cada fórmula
de intenção consta de duas partes, podendo a segunda servir de resposta
variável.
193. Assim,
podem-se usar diferentes maneiras: dizer o sacerdote ou ministro as duas partes
da fórmula, e a assembléia responder com o refrão invariável ou fazer uma pausa
de silêncio; ou então dizer o sacerdote ou ministro só a primeira parte da
fórmula, e a assembleia responder com a segunda parte.
b) Oração
dominical
194. Nas Laudes e nas
Vésperas, que são as Horas mais particularmente destinadas à celebração com o
povo, a seguir às preces, de acordo com uma venerável tradição, recita-se, pela
sua especial dignidade, a oração dominical.
195. Doravante,
portanto, a oração dominical dir-se-á três vezes ao dia: na Missa, nas Laudes e
nas Vésperas.
196. O Pai Nosso é
recitado por todos em conjunto, podendo, se se considerar oportuno, ser
introduzido por uma breve exortação.
c) Oração
conclusiva
197. No fim da
Hora, diz-se, para terminar, a oração conclusiva. Na celebração pública e com
povo, é ao sacerdote ou diácono que pertence, tradicionalmente, recitar esta oração.17
198. Esta oração,
no Ofício das Leituras, é, por via de regra, a mesma da Missa. Em Completas,
diz-se sempre a que vem no Saltério.
199. Nas Laudes e nas
Vésperas, aos domingos, nos dias de semana do tempo do Advento, do Natal, da
Quaresma e da Páscoa, nas solenidades, festas e memórias, a oração conclusiva é
tomada do Próprio. Nos dias de semana do Tempo Comum, para exprimir o caráter
próprio destas Horas, diz-se a que vem indicada no ciclo do Saltério.
200. Na Oração das
Nove, das Doze e das Quinze Horas, ou Hora Média, aos Domingos, nos dias de
semana do tempo do Advento, do Natal, da Quaresma e da Páscoa, nas solenidades
e festas, a oração conclusiva toma-se do Próprio. Nos outros dias, dizem-se as
orações que vêm no Saltério, as quais traduzem a índole característica de cada
uma destas Horas.
XII. SILÊNCIO
SAGRADO
201. Geralmente,
em todas as celebrações litúrgicas se há de procurar «guardar, nos momentos
próprios, um silêncio sagrado»18. Consequentemente, na celebração da
Liturgia das Horas, facultar-se-á também a possibilidade de uns momentos de
silêncio.
202. E assim,
conforme as conveniências e a prudência aconselharem, seguindo o costume dos
nossos maiores, poder-se-á introduzir uma pausa de silêncio após cada salmo,
depois de repetida a antífona, mormente quando, a seguir ao salmo, se disser
uma coleta salmódica (cf. n. 112); ou ainda após as leituras, breves ou longas,
antes ou depois do responsório. Este momento de silêncio visa obter a plena
ressonância da voz do Espírito Santo nos corações e
unir mais
estreitamente a oração pessoal à palavra de Deus e à oração oficial da Igreja.
Cuidar-se-á,
porém, que o silêncio não venha alterar a estrutura do Ofício ou causar aos que
nele participam mal-estar ou enfado.
203. Na recitação
individual, é deixada mais ampla liberdade quanto a estas pausas, com o fim de
meditar alguma fórmula susceptível de estimular afetos espirituais, sem que por
isso o Ofício perca o seu caráter de oração pública.
CAPÍTULO IV
DIFERENTES
CELEBRAÇÕES NO DECURSO
DO ANO LITÚRGICO
I. CELEBRAÇÃO DOS
MISTÉRIOS DO SENHOR
a ) Domingo
204. O Ofício do
domingo principia com as primeiras Vésperas. Nestas, diz-se tudo do Saltério,
com exceção das partes indicadas como próprias.
205. Quando uma
festa do Senhor se celebra ao domingo, tem primeiras Vésperas próprias.
206. Como celebrar
eventualmente as vigílias dominicais, já foi dito acima, n. 73.
207. Onde for
possível, é da máxima conveniência celebrar com o povo, segundo o antiquíssimo
costume, pelo menos as Vésperas1.
b) Tríduo Pascal
208. No Tríduo
Pascal, celebra-se o Ofício conforme é indicado no Próprio do Tempo.
209. Os que
tomarem parte na Missa vespertina da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, ou
na celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa, não rezam Vésperas.
210. Na
Sexta-feira da Paixão do Senhor e no Sábado Santo, antes das Laudes,
celebrar-se-á, na medida do possível, em forma pública e com o povo, o Ofício
das Leituras.
211. Os que
tomarem parte na Vigília pascal não rezam Completas do Sábado Santo.
212. A Vigília pascal substitui o Ofício das
Leituras. Por conseguinte, os que não tomarem parte na solene Vigília pascal devem
ler pelo menos quatro leituras desta Vigília, com seus cânticos e orações. De
entre as leituras, convém escolher as do Êxodo, Ezequiel, Apóstolo e Evangelho.
Termina-se com o hino Te Deum e a oração do dia.
213. As Laudes do
Domingo da Ressurreição são rezadas por todos. As Vésperas, convém celebrá-las
em forma solene, para festejar a tarde deste dia sagrado e comemorar as aparições
do Senhor aos seus discípulos. Onde existir, conserve-se religiosamente o
costume tradicional de celebrar, no dia de Páscoa, as Vésperas batismais, com a
procissão ao batistério acompanhada do canto dos salmos.
c) Tempo Pascal
214. O caráter
pascal da Liturgia das Horas é marcado pela aclamação Aleluia, com que termina
a maior parte das antífonas (cf. n. 120), pelos hinos, antífonas e preces
especiais, e ainda pelas leituras próprias escolhidas para cada Hora.
d ) Natal do
Senhor
215. Na noite do
Natal do Senhor, antes da Missa, convém celebrar uma vigília com o Ofício das
Leituras. Os que tomarem parte nesta Vigília não rezam Completas.
216. As Laudes, no
dia de Natal, reza-se normalmente antes da Missa da aurora.
e) Outras solenidades
e festas do Senhor
217. Para o
ordenamento do Ofício nas solenidades e festas do Senhor, observar-se-á o que
se diz mais adiante, nn. 225-233, com as devidas alterações.
II. CELEBRAÇÕES
DOS SANTOS
218. As
celebrações dos Santos estão organizadas de modo que não se sobreponham às
festas e tempos sagrados em que se comemoram os mistérios da salvação,2
que não interrompam com excessiva frequência o ciclo da salmodia e da leitura
divina, nem dêem ocasião a repetições indevidas; mas, por outro lado, favoreçam
de forma conveniente a legítima devoção de cada um. É nestes princípios que
assenta a reforma do Calendário, ordenada pelo Concílio Vaticano II, bem como
as normas que regulam a celebração dos Santos na Liturgia das Horas, descritas
nos números a seguir.
219. As
celebrações dos Santos classificam-se em solenidades, festas, memórias.
220. As memórias
podem ser obrigatórias ou, quando não se indique nada, facultativas. Para
decidir sobre a conveniência ou não de celebrar num Ofício com o povo ou em comum
tal ou tal memória facultativa, atender-se-á ao bem geral ou à devoção
autêntica da própria assembleia, e não apenas à devoção de quem preside.
221. No caso de
ocorrência de várias memórias facultativas no mesmo dia, celebrar-se-á somente
uma delas, omitindo as outras.
222. Só as
solenidades gozam de direito de transferência, segundo as rubricas.
223. As normas a
seguir indicadas valem tanto para os Santos que figuram no Calendário Romano em
geral como para os que figuram nos calendários particulares.
224. Na falta de
textos próprios, suprem-se com os do respectivo Comum dos Santos.
1. Ordenamento
do Ofício nas solenidades
225. As
solenidades têm primeiras Vésperas, no dia anterior.
226. Nas Vésperas,
tanto primeiras como segundas, são próprios: o hino, as antífonas, a leitura
breve com seu responsório, a oração conclusiva. Quando os não tiverem próprios,
tomam-se do Comum.
Nas primeiras
Vésperas, os dois salmos tomam-se normalmente da série Laudate (ou seja, dos
salmos 112, 116, 134, 145, 146, 147), conforme à antiga tradição; o cântico do Novo
Testamento é o que vai indicado no lugar próprio. Nas segundas Vésperas, os
salmos e o cântico são próprios. As preces ou são próprias ou do Comum.
227. Nas Laudes,
são próprios: o hino, as antífonas, a leitura breve com seu responsório, a
oração conclusiva. Quando os não tiverem próprios, tomam-se do Comum. Os salmos
são os do domingo I do Saltério. As preces ou são próprias ou do Comum.
228. No Ofício das
Leituras, é tudo próprio: hino, antífonas, salmos, leituras, responsórios. A
primeira leitura é bíblica, a segunda hagiográfica. Tratando-se de um Santo de
culto somente local e para o qual não haja textos especiais nem sequer no
Próprio do lugar, reza-se tudo do Comum.
O Ofício das
Leituras termina com o Te Deum e a oração própria.
229. Na Hora Média,
ou na Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas, salvo indicação em
contrário, diz-se o hino quotidiano. Os salmos são tirados de entre os
«graduais», com antífona própria. Ao domingo, dizem-se os salmos
correspondentes ao I Domingo do Saltério. A leitura breve e a oração são
próprias. Nalgumas solenidades do Senhor, os salmos também são próprios.
230. Nas
Completas, diz-se tudo do domingo, respectivamente depois das primeiras ou das
segundas Vésperas.
2. Ordenamento
do Ofício nas festas
231. As festas,
com exceção das festas do Senhor que caírem ao domingo, não têm primeiras
Vésperas. No Ofício da Leitura, Laudes e Vésperas, faz-se tudo como nas
solenidades.
232. Na Hora Média,
ou Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas, diz-se o hino quotidiano. Os
salmos com suas antífonas são do dia de semana, a não ser que um motivo
particular ou a tradição exija, para a Hora Média, antífona própria que irá
indicado no respectivo lugar. A leitura breve e a oração são próprias.
233. As Completas
dizem-se como nos dias comuns.
3. Ordenamento
do Ofício nas memórias
234. Salvo o caso
das memórias facultativas que ocorram nos tempos privilegiados, nenhuma
diferença existe no ordenamento do Ofício, entre memória obrigatória e memória facultativa,
quando esta efetivamente se celebre.
a ) Memórias
ocorrentes nos dias comuns
235. No Ofício das
Leituras, Laudes e Vésperas:
a) os salmos com suas antífonas dizem-se do dia
de semana corrente, salvo no caso de haver antífonas ou salmos próprios, o que
em seu lugar irá indicado;
b) a antífona do Invitatório, o hino, a leitura
breve, as antífonas de Benedictus e Magnificat e as preces dizem-se do Santo,
quando forem próprios; caso contrário, dizem-se ou do Comum ou do dia de semana
corrente;
c) a oração conclusiva diz-se do Santo;
d) no Ofício das Leituras, a leitura bíblica com
seu responsório é da Escritura corrente. A segunda leitura é hagiográfica, com
responsório próprio ou do Comum. Na falta da leitura própria, diz-se a leitura
patrística do dia corrente. Não se diz o hino Te Deum.
236. Na Hora Média,
ou Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas, e nas Completas, reza-se tudo do
dia de semana, e nada do Santo.
b ) Memórias
ocorrentes nos tempos privilegiados
237. Aos domingos,
nas solenidades e festas, na Quarta--feira de Cinzas, durante a Semana Santa e
oitava da Páscoa, não se faz nada das memórias correntes.
238. Nos dias de
semana de 17 a
24 de Dezembro inclusive, durante a oitava do Natal e nos dias de semana da
Quaresma, não se celebra nenhuma memória obrigatória, nem sequer nos
calendários particulares. As que eventualmente ocorrerem durante o tempo da
Quaresma consideram-se, nesse ano, memórias facultativas.
239. Nos tempos
atrás indicados, querendo celebrar-se a memória dalgum Santo no próprio dia em
que ela ocorrer:
a) no Ofício das Leituras, após a leitura
patrística com seu responsório do Próprio do Tempo, acrescenta-se a leitura
hagiográfica com seu responsório e conclui-se com a oração do Santo;
b) nas Laudes e Vésperas, após a oração
conclusiva, pode-se acrescentar a antífona (própria ou do Comum) e a oração do
Santo.
c) Memória de
Santa Maria no sábado
240. Nos sábados
do Tempo Comum, em que são permitidas as memórias facultativas, pode
celebrar-se, com o mesmo rito, a memória, igualmente facultativa, de Santa
Maria, com a leitura própria.
III. CALENDÁRIO QUE
SE DEVE SEGUIR
E POSSIBILIDADE DE ESCOLHER DETERMINADO
OFÍCIO OU ALGUMAS DE
SUAS PARTES
a) Calendário que
se deve seguir
241. Na celebração
coral ou comunitária, o Ofício tem de ser conforme ao calendário próprio, isto
é, da diocese, da família religiosa ou de cada igreja.3 Os membros
das famílias religiosas unem-se à comunidade da Igreja local celebrando a
Dedicação da Igreja catedral e o Padroeiro principal do lugar ou duma região
mais vasta em que residem.4
242. Todo o
clérigo ou religioso, obrigado por qualquer título que seja ao Ofício divino,
sempre que tome parte na celebração dum Ofício diferente do seu, quer no
calendário quer no rito, satisfaz por esta forma à sua obrigação, quanto a esta
parte do Ofício.
243. Na recitação
individual, é permitido seguir ou o calendário
do lugar ou o calendário próprio, salvo nas solenidades e festas próprias.5
b) Faculdade de
escolher determinado Ofício
244. Nos dias de
semana que permitam a celebração duma memória facultativa, é permitido, por
justa causa, celebrar com este mesmo rito (cf. nn. 234-239) o Ofício de um
Santo inscrito nesse dia no Martirológio Romano ou no seu Apêndice devidamente
aprovado.
245. Fora das
solenidades, dos domingos do Advento, Quaresma e Páscoa, da Quarta-feira de
Cinzas, Semana Santa, oitava da Páscoa e dia 2 de Novembro, é permitido, por
uma razão de utilidade pública ou por motivo de devoção, celebrar, na íntegra
ou parcialmente, um Ofício votivo, por exemplo: por ocasião duma peregrinação,
duma festa local, da solenidade externa dalgum Santo.
c) Faculdade de
escolher alguns formulários
246. Em certos
casos particulares, podem-se escolher, no Ofício, formulários diferentes dos
indicados, contanto que não se altere a estrutura geral de cada Hora e se
observem as normas seguintes.
247. No Ofício dos
domingos, solenidades, festas do Senhor inscritas no Calendário geral, dias de
semana da Quaresma e da Semana Santa, dias dentro das oitavas da Páscoa e do Natal,
dias de semana de 17 a
24 de Dezembro inclusive, não é permitido nunca substituir os formulários
próprios, ou apropriados, destas celebrações, tais como: antífonas, hinos,
leituras, responsórios, orações e, quase sempre, também os salmos.
Todavia, se for
oportuno, os salmos dominicais da semana corrente podem substituir-se pelos
salmos dominicais doutra semana, e até, no caso duma celebração com o povo, por
outros salmos especialmente escolhidos de molde a iniciar progressivamente o
povo na sua compreensão.
248. No Ofício das
Leituras, respeitar-se-á sempre a leitura corrente da Sagrada Escritura. Também
para o Ofício tem validade este desejo da Igreja: «que, dentro dum determinado
número de anos, se leia ao povo a parte mais importante das Escrituras
Sagradas»6.
Assim considerando,
no tempo do Advento, do Natal, da Quaresma e da Páscoa, nunca se deixará o
ciclo das leituras da Sagrada Escritura estabelecido para o Ofício das Leituras.
No Tempo Comum, havendo justa causa, podem-se escolher, um dia ou alguns dias
seguidos, leituras marcadas para outros dias, inclusive outras leituras
bíblicas. É o caso, por exemplo, por ocasião de exercícios espirituais,
reuniões pastorais, preces pela unidade da Igreja e outros casos semelhantes.
249. Quando, por
motivo duma solenidade ou festa ou alguma celebração especial, se interromper a
leitura contínua, é permitido, dentro da mesma semana e tendo em conta o
ordenamento geral de toda ela, ou juntar às outras as partes que se omitiram ou
decidir quais os textos a que se deve dar preferência.
250. Ainda no Ofício
das Leituras, em vez da segunda leitura marcada para tal dia, pode-se, por
motivo justo escolher outra leitura do mesmo tempo, quer do livro da Liturgia das
Horas quer do Lecionário facultativo (n. 161). Além disso, nos dias feriais do
Tempo Comum e até, se parecer oportuno, no tempo do Advento, do Natal, da
Quaresma e da Páscoa, pode-se fazer uma leitura semi-contínua duma obra dalgum
Santo Padre a condizer com o espírito bíblico e litúrgico.
251. As leituras
breves, as orações, os cânticos e as preces marcadas para os dias de semana
dalgum tempo peculiar, podem se dizer nos outros dias de semana do mesmo tempo.
252. Deve-se ter o
maior respeito pelo ciclo do Saltério tal como está distribuído por semanas.7
Todavia, por motivos de ordem espiritual ou pastoral, em vez dos salmos
marcados para tal dia, é permitido dizer os salmos dessa mesma Hora marcados
para outro dia. Podem até ocorrer circunstâncias ocasionais em que é permitido
escolher salmos e outros textos apropriados, à maneira de Ofício votivo.
CAPITULO V
RITOS A OBSERVAR
NA CELEBRAÇÃO
COMUNITÁRIA
I. DIFERENTES
FUNÇÕES A DESEMPENHAR
253. Tal como nas
demais ações litúrgicas, também na celebração da Liturgia das Horas «cada qual,
ministro ou simples fiel, no desempenho do seu ofício, fará tudo e só o que lhe
compete, segundo a natureza do rito e as normas litúrgicas»1.
254. Quando for o
Bispo a presidir, sobretudo na Igreja catedral, há de estar rodeado do seu
presbitério e ministros, com participação plena e ativa do povo. Todas as
celebrações com o povo, por via de regra, são presididas por um sacerdote ou
diácono, com a presença de ministros.
255. O presbítero
ou diácono que presidir à celebração pode ir revestido de estola por cima da
alva ou sobrepeliz, podendo o presbítero revestir também o pluvial. Nas grandes
solenidades, nada impede que vários presbíteros vão revestidos de pluvial, e os
diáconos de dalmática.
256. Ao sacerdote
ou diácono que preside à celebração pertence dar início ao Ofício, dizendo, da
sua sede, o versículo introdutório, começar a oração dominical, recitar a oração
conclusiva, saudar, abençoar e despedir a assembleia.
257. As preces
podem ser recitadas ou pelo sacerdote ou pelo ministro.
258. Na falta de
presbítero ou diácono, quem presidir ao Ofício é em tudo igual aos outros. Por
isso, nem ocupará o presbitério, nem saudará nem abençoará a assembleia.
259. Os que
desempenharem o ofício de leitor farão as leituras, quer longas quer breves, de
pé, no lugar próprio.
260. A entoação das antífonas, salmos e cânticos
será feita pelo cantor ou cantores. Quanto à salmodia, observar-se-ão as normas
indicadas acima, nn. 121-125.
261. Nas Laudes e nas
Vésperas, durante o cântico evangélico pode-se incensar o altar e, a seguir, o
sacerdote e o povo.
262. A obrigação coral refere-se à comunidade e não
ao local da celebração, que pode não ser forçosamente a igreja, sobretudo para
as Horas celebradas sem solenidade.
263. Todos os
participantes estão de pé:
a) durante a introdução ao Ofício e versículo
introdutório de cada Hora;
b) durante o hino;
c) durante o cântico evangélico;
d) durante as preces, oração dominical e
oração conclusiva.
264. Todos escutam
sentados as leituras, menos o Evangelho.
265. Durante os
salmos e cânticos, com suas antífonas, a assembleia pode estar sentada ou de
pé, conforme o costume.
266. Todos fazem o
sinal da cruz, da fronte ao peito e do ombro esquerdo ao direito:
a) no princípio das Horas, quando se diz: Vinde,
ó Deus, em meu auxílio;
b) ao começar os cânticos evangélicos, Benedictus,
Magnificat, Nunc dimíttis.
Faz-se o sinal da
cruz sobre os lábios, no princípio do Invitatório, às palavras Abri, Senhor, os
meus lábios.
II. CANTO NO OFÍCIO
267. Nas rubricas
e normas da presente Instrução, as palavras «dizer» ou «proferir»
— entendem-se quer do canto quer da recitação, dentro dos princípios a seguir indicados.
268. «A celebração
do Ofício divino com canto é a forma mais condizente com a natureza desta
oração. Além disso, ela marca também uma solenidade mais completa, ao mesmo
tempo que traduz uma união mais profunda dos corações no canto dos louvores de
Deus. Por isso, vivamente se recomenda àqueles que celebram o Ofício divino no
coro ou nas comunidades»2.
269. As
declarações do Concilio Vaticano II a respeito do canto litúrgico 3
nas ações litúrgicas em geral valem de modo particular para a Liturgia das
Horas. Todas e cada uma das suas partes foram, é certo, reformadas de modo a permitirem
uma recitação frutuosa mesmo individual. Contudo, a maior parte dos seus
elementos têm caráter lírico; e, por conseguinte, não sendo cantados, não podem
traduzir plenamente o seu sentido. Isto se aplica de modo particular aos
salmos, cânticos, hinos e responsórios.
270. Sendo assim,
na celebração da Liturgia das Horas, o canto não se pode considerar mero
adorno, extrínseco à oração. Antes, irrompe das profundezas da alma de quem reza
e louva o Senhor, ao mesmo tempo que manifesta, numa forma plena e perfeita, o caráter
comunitário do culto.
São, por isso,
dignas de louvor todas as assembléias cristãs, quaisquer que sejam, que se
esforçam por adotar o mais frequentemente possível esta forma de oração. Mas, para
isso, é preciso que tanto os clérigos e religiosos como os simples fiéis sejam
instruídos com uma adequada catequese e necessários ensaios, de modo a poderem
cantar com alegria as Horas litúrgicas, sobretudo nos dias festivos. Como,
porém, é difícil cantar o Ofício na íntegra, e, por outro lado, o louvor da
Igreja, nem por sua origem nem
por sua natureza,
se pode considerar reservado aos clérigos ou aos monges, antes é pertença de
toda a comunidade cristã, deve-se ter em conta um certo número de princípios, para
que a celebração da Liturgia das Horas com canto não somente se faça de modo correto,
mas se distinga também pela sua autenticidade e beleza.
271. Primeiramente,
convém utilizar o canto pelo menos aos domingos e dias festivos. Além disso, o
canto deverá marcar também, pela forma como é utilizado, os diferentes graus de
solenidade.
272. Por outro
lado, nem todas as Horas têm a mesma importância. Por isso, é conveniente
distinguir com o canto aquelas que são realmente, por assim dizer, os dois
pólos do Ofício divino, isto é, Laudes e Vésperas.
273. Desde que
seja feita com elevação artística e espiritual, é de recomendar uma celebração
integralmente cantada. Todavia, pode ser vantajoso aplicar o princípio de uma
solenização «progressiva»; e isto, tanto por motivos de ordem prática, mas também
porque não se devem equiparar indiscriminadamente os diversos elementos da
celebração litúrgica; antes, deve cada um deles ser restituído ao seu sentido
originário e à sua verdadeira função. Deste modo, a Liturgia das Horas não se
há de considerar como um belo monumento de tempos idos, que exige conservar-se inalterado
para excitar a admiração por si mesmo; importa antes que reviva numa forma
nova, receba novo incremento, tornando-se expressão autêntica de uma comunidade
radiante de vida.
Este princípio da
solenização «progressiva» admite graus intermédios entre um Ofício
integralmente cantado e a simples recitação de todas as suas partes. Esta
solução permite uma grande e agradável variedade, que se avaliará em função da
tonalidade do dia ou da Hora que se celebra, da natureza de cada elemento
constitutivo do Ofício, da importância numérica e características da comunidade
celebrante, finalmente, do número de cantores de que é possível dispor no caso
concreto.
Graças a esta
maior maleabilidade, o louvor público da Igreja poderá, com mais frequência do
que até aqui, celebrar-se com canto e adaptar-se de múltiplas formas às mais variadas
circunstâncias. Deste modo, divisam-se fundadas esperanças de que se venham a
descobrir novas vias e novas formas para o nosso tempo, como sempre tem
acontecido na vida da Igreja.
274. Nas ações
litúrgicas cantadas em latim, dar-se-á, em igualdade de circunstâncias, o
primeiro lugar ao canto gregoriano, como canto próprio da Liturgia Romana.4
«A Igreja, porém, não exclui das ações litúrgicas nenhum gênero musical, desde
que se harmonize com o espírito da mesma ação litúrgica e com a natureza de
cada uma das suas partes e, por outro lado, não impeça a devida participação ativa
do povo»5. Quando, no Ofício cantado, não houver melodia para
determinada antífona, ir-se-á buscar ao repertório musical outra antífona a
condizer, segundo a norma dos nn. 113, 121-125.
275. A Liturgia das Horas pode celebrar-se também
em língua vernácula. Para isso, «procurar-se-á preparar as melodias destinadas
ao Ofício divino cantado em língua vulgar»6.
276. Nada obsta,
no entanto, a que, dentro da mesma celebração, se cantem umas partes numa
língua e outras noutra.7
277. Quais os
elementos que de preferência devem ser cantados, isso é determinado pelo
genuíno ordenamento da própria celebração litúrgica, ordenamento este que exige
uma justa apreciação do sentido e natureza de cada uma das suas partes e do
próprio canto. Partes há, com efeito, que de si mesmas exigem o canto.8
Tais são, em primeiro lugar, as aclamações, as respostas às saudações do
sacerdote e dos ministros, as respostas das preces litânicas, bem como as antífonas
e salmos, os versículos intercalares e os refrães, os hinos e cânticos.9
278. Que os salmos
andam estreitamente ligados à música (cf. nn. 103-120), prova-o a tradição
tanto judaica como cristã. De fato, para penetrar plenamente o sentido de
numerosos salmos, ajuda serem cantados, ou pelo menos considerados sempre do
ponto de vista poético e musical. Por conseguinte, sempre que seja possível,
preferir-se-á esta forma, pelo menos nos dias e Horas principais, pois assim o
pede o caráter originário dos mesmos salmos.
279. As diversas
maneiras de executar os salmos já foram descritas acima, nn. 121-123. Esta
variedade será ditada, não tanto pelas circunstâncias externas, quanto pelos
diferentes gêneros dos salmos que entram na celebração. Assim, pode ser
preferível escutar os salmos sapienciais e históricos, ao passo que os hinos e ações
de graças pedem, por si mesmos, o canto comunitário. O que acima de tudo interessa
é não tornar a celebração rígida e artificial, nem se preocupar com a
observância meramente formalística de certas normas; mas sim que ela
corresponda verdadeiramente à realidade. É nisto que antes de mais se há de concentrar
todo o esforço, para que os espíritos se sintam possuídos do desejo da genuína
oração da Igreja e tenham gosto em celebrar os louvores de Deus (cf. Sl. 146).
280. Os hinos,
quando possuem autêntico valor doutrinal e artístico, contribuem grandemente
para alimentar a oração de quem recita as Horas. Em si, destinam-se a ser
cantados. Por isso, muito se recomenda que, na medida do possível, se dê
preferência a esta forma de execução na celebração comunitária.
281. O responsório
breve a seguir à leitura, nas Laudes e nas Vésperas, de que acima se falou (n.
49), destina-se por si mesmo a ser cantado, e cantado pelo povo.
282. Igualmente os
responsórios que, no Ofício das Leituras, se seguem às leituras, por sua
própria natureza reclamam o canto. Estão, porém, estruturados de tal forma que,
mesmo na recitação individual e privada, conservam o seu valor. O canto, neste
caso, poderá utilizar-se com mais frequência, quando ornado de melodias mais
simples e fáceis do que aquelas que nos foram transmitidas pelas fontes
litúrgicas.
283. As leituras,
longas ou breves, em si mesmas, não se destinam a ser cantadas. Ao
proclamá-las, pôr-se-á todo o cuidado em as ler com dignidade, clareza,
distinção, de modo que todos as possam ouvir e entender perfeitamente. Neste
sentido, a única forma musical que se pode aceitar para as leituras é aquela
que permita melhor audição das palavras e mais perfeita compreensão do texto.
284. Os textos
proferidos só pelo presidente, por exemplo as orações, podem muito bem ser cantados,
com arte e beleza, sobretudo em
latim. Em certas línguas vernáculas, isto será mais difícil,
a não ser que o canto ajude a perceberem todos mais claramente as palavras do
texto.
NOTAS DE RODAPÉ
CAPÍTULO I
1 Cf. At 1,14; 4,24; 12,5. 12; cf. Ef 5, 19-21.
2 Cf. At 2,1-15.,
3 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n.° 83.
4 Lc 3, 21-22.
5 Lc 6, 12.
6 Mt 14, 19; 15, 36; Mc 6, 41; 8, 7; Lc 9, 16; Jo 6, 11.
7 Lc 9, 28-29.
8 Mc 7, 34.
9 Jo 11, 41 ss.
10 Lc 9, 18.
11 Lc 11, 1.
12 Mt 11 25 ss.; Lc 10, 21 ss.
13 Mt 19, 13.
14 Lc 22, 32.
15 Mc 1, 35; 6, 46; Lc 5, 16; cf. Mt 4, 1 par.; Mt 14, 23.
16 Mc 1, 35.
17 Mt 14, 23. 25; Mc 6, 46. 48.
18 Lc 6, 12.
19 Lc 4, 16.
20 Mt 21, 13 par.
21 Mt 14, 19 par.; 15, 36 par.
22 Mt 26, 26 par.
23 Lc 24, 30.
24 Mt 26, 30 par.
25 Jo 12, 27 s.
26 Jo 17, 1-26.
27 Mt 26, 36-44 par.
28 Lc 23, 34. 46; Mt 27, 46; Mc 15, 34.
29 Cf. Hebr 7, 25.
30 Mt 5, 44; 7, 7; 26, 41; Mc 13, 33; 14, 38; Lc 6, 28; 10, 2; 11, 9;
22, 40. 46
31 Jo 14, 13 s.; 15, 16; 16, 23 s. 26.
32 Mt 6, 9-13; Lc 11, 2-4.
33 Lc 18, 1.
34 Lc 18, 9-14.
35 Lc 21, 36; Mc 13, 33.
36 Lc 11, 5-13; 18, 1-8; Jo 14, 13; 16, 23.
37 Mt 6, 5-8; 23, 14; Lc 20, 47; Jo 4,
23.
38 Rom 8, 15. 26; 1 Cor. 12, 3; Gal 4,
6; Jud 20.
39 2 Cor 1, 20; Col. 3, 17.
40 Hebr 13, 15.
41 Rom 12, 12; 1 Cor 7, 5; Ef 6, 18; Col 4, 2; 1 Tess 5, 17; 1 Tim 5, 5;
1 Pedro 4, 7.
42 1 Tim 4, 5; Tiago 5, 15 s.; 1 Jo 3,
22; 5, 14 s.
43 Ef 5, 19 s.; Hebr 13, 15; Ap 19, 5.
44 Col 3, 17; Fil 4, 6; 1 Tes 5, 17; Tim 2, 1.
45 Rom 8, 26; Fil 4, 6.
46 Rom 15, 30; 1 Tim 2, 1 s.; Ef 6, 18; 1 Tess 5, 25; Tiago 5, 14. 16.
47 1 Tim 2, 5; Hebr 8, 6; 9, 15; 12, 24.
48 Rom 5, 2; Ef 2, 18; 3, 12.
49 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n.° 83.
50 Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, n.° 10.
51 S. Agostinho, Enarrat. in Psalm.
85, 1: CCL 39, 1176.
52 Cf. Lc 10, 21, quando Jesus «exultou
no Espírito Santo e disse: Eu te bendigo, ó Pai...».
53 Cf. At 2, 42 gr.
54 Cf. Mt 6, 6.
55 Cf. Conc. Vat II, Const. Sacrosanctum Concilium, n.° 12.
56 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 83-84.
57 Cf. Ibid., n. 88.
58 Cf. Ibid., n. 94.
59 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 5.
60 Conc. Vat. II, Decr. Christus Dominus, n. 30.
61 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 5.
62 Cf. Ibid., nn. 83 e 98.
63 Ibid., n. 7.
64 Ibid., n. 10.
65 Ibid., n. 33.
66 Ibid., n. 24.
67 Cf. Ibid., n. 33.
68 1 Tess. 5, 17.
69 Cf. Hebr 13, 15.
70 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 84.
71 Ibid., n. 85.
72 Cf. Ibid., n. 83.
73 Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, n. 50; cf. Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 8 e 104.
74 Cf. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, n. 48.
75 Cf. Rom. 8, 19.
76 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 83.
77 Cf. Hebr 5, 7.
78 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 6.
79 Cf. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, n. 41.
80 Cf. infra, n. 24.
81 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Perfectae
Caritatis, n. 7.
82 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctam Concilium, n. 10.
83 Ibid., n. 2.
84 Cf. Jo 15, 5.
85 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 86.
86 Cf. Ef 2, 21-22.
87 Cf. Ef 4, 13.
88 Cf. Conc. Vat. II, Sacrosanctum
Concilium, n. 2.
89 Ibid., n. 90; cf. S. Bento, Regula
Monasteriorum, c. 19.
90 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 14; Decr. Optatam totius, n. 8.
91 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 26.
92 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 41.
93 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Christus Dominus, n. 11.
94 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum
Concilium, n. 42: cf. Decr. Apostolicam Actuositatem, n. 10.
95 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, nn. 26 e 84.
96 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Ad gentes, n. 17.
97 Conc. Vat. II, Decr. Christus Dominus, n. 15.
98 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 100.
99 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 5.
100 Cf. infra, nn. 100-109.
101 Conc. Vat. II, Decr. Christus
Dominus, n. 33; cf. Decr. Perfectae Caritatis, nn. 6. 7. 15; cf.
Decr. Ad gentes, n. 15.
102 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 99
103 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 100.
104 Cf. Jo 4, 23.
105 Cf. Conc. Vat. II, Decl. Gravissimum educationis, n. 2: Decr. Apostolicam Actuositatem,
n. 16.
106 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Apostolicam
Actuositatem, n. 11.
107 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 13.
108 Cf. Conc. Vat. II, Sacrosanctum Concilium, n. 41; Const. Lumen
gentium, n. 21.
109 Cf. Conc. Vat. II, Lumen gentium, n. 26; Decr. Christus
Dominus, n. 15.
110 Cf. Conc. Vat. II, Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 13.
111 Cf. Ibid., n. 5.
112 Cf. Jo 10, 11; 17, 20, 23.
113 Cf. Conc. Vat. II, Sacrosanctum Concilium, n. 90.
114 Cf. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, n. 41.
115 Cf. Conc. Vat. II, Const. Dei Verbum, n. 25; Decr. Presbyterorum Ordinis, n. 13.
116 Paulo VI, Motu proprio Sacrum
Diaconatus Ordinem, 18 de Junho de 1967, n. 27: A.A.S. 59 (1967), p.
703.
117 Cf. S. Cong. dos Ritos, Instr. Inter
Oecumenici, n. 78: A.A.S. 56 (1964), p. 895.
118 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 95. 119
Cf. At. 4, 32.
120 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 100.
121 Cf. Ibid., nn. 26. 28-30.
122 Cf. Ibid., n. 27.
CAPÍTULO II
1 Hebr 3, 7-4, 16.
2 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 89 s.; cf. Ibid., n. 100.
3 S. Basílio M., Regulae fusius
tractatae, Resp. 37, 3: PG 31, 1014.
4 S. Cipriano, De oratione dominica 35:
PL 4, 561.
5 S. Basílio, o. c.: PG 31,
1015.
6 Cf. Salmo 140, 2.
7 Cassiano, De Institutione coenob.,
L. 3, c. 3: PL 49, 124. 125.
8 S. Cipriano, De Oratione dominica,
35: PL 4, 560.
9 Pontificale Romanum, De Ordinat.
Presbyterorum, n. 14.
10 S. Ambrósio, De Officiis
ministrorum 1, 20, 88: PL 16, 50: Conc. Vat. II, Const. Dei Verbum,
n. 25.
11 Conc. Vat. II. Const. Sacrosanctum
Concilium, n. 89 c.
12 Sermo Guelferbytanus 5: PLS
2, 550.
13 Ibid., PLS 2, 552.
14 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum
Concilium, n. 89 e.
15 Cf. Conc. Vat II, Const. Sacrosanctum Concilium. n. 38.
CAPÍTULO III
1 Conc. Vat. II, Const. sobre a Sagrada
Liturgia, Sacrosanctum Concilium, n. 90.
2 Regula monasteriorum, c. 19.
3 Cf. S. Bento, Regula monasteriorum,
c. 19.
4 Mt 22, 44 ss.
5 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 91.
6 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 102.
7 S. Gregório Magno, Homilia 34 in Evangelia: PG 76, 1282.
8 Cf. Conc. V II, Const. Sacrosanctum
Concilium, n. 38.
9 S. Vicente de Lerins, Commonitorium,
2: PL 50, 640.
10 S. Bernardo, Sermo 3 in Vigilia Nativitatis 1:
PL 183 (ed. 1879), 94.
11 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 92 c.
12 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 93.
13 Cf. Conc Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 38.
14 Assim, p. ex., S. João Crisóstomo, In
Epist. ad Tim. 1, Homilia 6: PG 62, 530.
15 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 38
16 Cf. Ibid., nn. 83 e 89.
17 Cf. infra, n. 256.
18 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum
Concilium, n. 30.
CAPÍTULO IV
1 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 100.
2 Cf. Conc. Vat. II. Const. Sacrosanctum
Concilium, n. 111.
3 Cf. Normae universales de anno
liturgico et de calendario, n. 52.
4 Cf. Ibid., n. 52 c.
5 Cf. Tabela dos dias litúrgicos, nn. 4
e 8 Cf. infra, pp. 93-95.
6 Conc. Vat. II. Const. Sacrosanctum
Concilium, n. 51.
7 Cf. supra, nn. 100-109.
CAPÍTULO V
1 Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum
Concilium, n. 28.
2 S. Cong. dos Ritos, Instr. Musicam
sacram, 5 de Março de 1967, n. 37: A.A.S. 59 (1967), p. 310; Cf.
Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 99.
3 Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 113.
4 Cf. Conc. Vat. II. Const. Sacrosanctum Concilium, n. 116.
5 S. Cong. dos Ritos, Instr. Musicam
sacram, 5 de Março de 1967, n. 9: A.A.S. 59 (1967), p. 303; Cf.
Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 116.
6 S. Cong. dos Ritos. Instr. Musicam
sacram, 5 de Março de 1967, n. 41; cf. nn. 54-61: A.A.S. 59 (1967),
pp. 312, 316-317.
7 Cf. Ibid., n. 51: p. 315.
8 Cf. Ibid., n. 6: p. 302.
9 Cf. Ibid., nn. 16a, 38: pp. 305, 311.
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