sábado, 28 de julho de 2018

Frei Tomás Álvarez (1923-2018)

Na madrugada de 27 de julho, após alguns dias de hospitalização, faleceu em Burgos o Padre Tomás Álvarez Fernández (Tomás da Cruz). Nascido em 17 de maio de 1923, em Acebedo (León), era carmelita descalço desde o dia 6 de agosto de 1939, dia de sua primeira profissão. Foi ordenado sacerdote de Cristo em 23 de junho de 1946. Era um dos maiores especialistas do teresianismo das últimas décadas.

Sua vida foi muito fecunda, de intenso estudo, de ensino e investigação, mas sobretudo de uma vivência profunda do carisma e da fraternidade teresiana como melhor serviço à Ordem e à Igreja.
É uma figura que ultrapassa o âmbito do Carmelo, aberto aos amplos horizontes eclesiais e da cultura. Sua larga e intensa trajetória fizeram dele referência obrigatória para o teresianismo e para os estudiosos de nossa cultura atual.
Sua vida cobre um amplo espaço de tempo e de áreas geográficas – Europa, América e, mais concretamente, Itália, França, Alemanha, Reino Unido –, graças à participação em congressos e à tradução de seus escritos nas principais línguas modernas. Entre essas traduções, destacam-se a edição crítica das obras de Santa Teresa de Jesus ao francês e ao italiano, bem como a tradução ainda recente do Dicionário de Santa Teresa, publicado pela editora Monte Carmelo de Burgos e traduzido por Éditions du Cerf e Edizioni OCD.
Esse imenso trabalho foi levado a cabo principalmente em Roma (1948-1978) e em Burgos (1979-2018). Seus estudos no Angelicum levaram-no a entrar em contato com Karol Wojtila, cuja tese doutoral sobre São João da Cruz foi publicada pela primeira vez em 1948 na revista Monte Carmelo de Burgos.
Mas durante longos anos seus estudos concentraram-se na Pontifícia Faculdade de Teologia dos Carmelitas de Roma (Teresianum). Foi a grande plataforma de seu magistério. Aí dirigiu a Positio do doutorado de Santa Teresa, proclamado por Paulo VI em 1970, e empreendeu uma leitura teológica do teresianismo à luz do Concílio Vaticano II, da qual serviram-se as gerações posteriores.
Outra de suas grandes contribuições no Teresianum de Roma foi a restauração e edição crítica dos manuscritos de Santa Teresa: Caminho de perfeição e Castelo interior. Seguiu-se depois, em Burgos, a edição fac-símile do resto das obras teresianas, com um minucioso aparato histórico e crítico.

No ano do V centenário do nascimento da Santa (2015), publicou o comentário a cada uma das obras teresianas e empreendeu uma investigação exaustiva das cartas e de todos os seus manuscritos autógrafos, conservados no Escorial (mais de 1000 páginas).
Sempre tive uma grande admiração pessoal por Padre Tomás. Como bibliotecário do Teresianum desde 2011, tive a honra de dar a conhecer sua intensa obra aos alunos e investigadores. Coube-me por sorte ser uma espécie de testemunha e porta-voz de seu magistério no âmbito das letras, tão enaltecidas por Madre Teresa e por ele cultivadas com tanto esmero e tanto amor. Poucos dias antes de sua enfermidade, eu comentava isso com ele, que me respondia – com humildade e sabedoria – que tudo era obra do Senhor e de seu grande amor a Teresa de Jesus.
Ciro García, ocd (Bibliotecário do Teresianum/Roma).

Fonte: 
http://www.carmelitaniscalzi.com/pt-br/tomas-alvarez-memoriam/

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