domingo, 10 de novembro de 2019

10/11/19 - LECTIO DIVINA - DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM

DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM
Nov 10, 2019 | Ano C



MISTAGOGIA DA PALAVRA
A mensagem bíblica deste domingo é a ressurreição dos mortos, artigo do Credo que professamos continuamente, mas de que não extraímos todo o seu alcance. O que o homem sente no mais profundo de si próprio é a aspiração à imortalidade; por isso resiste a morrer completamente. Se depois desta vida não houvesse outra, sentir-nos-íamos intimamente frustrados. Mas não! O homem não é um ser para a morte, mas para a vida. A morte não tem a última palavra, nem é o fim do caminho. A certeza da nossa ressurreição radica em Cristo ressuscitado. Se morreu para nos fazer filhos de Deus e nos dar a vida pelo Espírito, esta vida não pode ser passageira, mas definitiva e eterna.

A 1ª leitura é do Segundo Livro dos Macabeus. Ali vemos como essa fé para a vida eterna fortaleceu os sete irmãos macabeus e sua mãe, no momento do martírio, durante a perseguição religiosa do rei selêucida, da Síria, Antíoco IV, o Epifânio (século II antes de Cristo).

Na 2ª leitura, que é da Segunda Carta de S. Paulo aos Tessalonicenses, verificamos que, no seu conjunto, a vida daquela comunidade era bastante satisfatória. Paulo pede ao Senhor que confirme os corações de todos nesta boa disposição. Convida-os a rezar para que a Palavra de Deus se propague e seja conhecida por toda a gente. Pedem que rezem também por ele, porque são muitas as dificuldades que tem de enfrentar.

O Evangelho, segundo S. Lucas, fala-nos da ressurreição. Diante de Jesus estão dois grupos religiosos: os saduceus e os fariseus. Os primeiros, materialistas, negam tudo o que é sobrenatural, incluindo a ressurreição; os segundos acreditam, mas olham a ressurreição como a continuação desta vida, apenas melhorada. A resposta de Jesus diz que os saduceus estão enganados, porque Deus é um deus de vivos e não de mortos. Aos fariseus diz que a vida com Deus é uma condição completamente nova: quando é introduzido nela, o homem, mesmo mantendo a sua própria identidade, torna-se um ser diferente, imortal, igual aos Anjos de Deus.


A PALAVRA DO EVANGELHO

Diante da Palavra
Vem, Espírito Santo, vem inundar este momento de vida e invadir de cor cada sombra.


Evangelho Lc 20, 27-38
Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?». Disse-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».

Queridas irmãs e queridos irmãos, deixemos que as nossas dúvidas sejam habitadas pela vida que vem de Deus.

Interpelações da Palavra
Aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição
Depois de cumprida a subida para Jerusalém, e aí, no Templo, Jesus vê aproximarem-se de si alguns saduceus. São Lucas tem a delicadeza de no-los apresentar. Diz que não acreditam na ressurreição. Esta característica era comum a todos os membros deste grupo político-religioso. O que o texto deixa transparecer é que aqueles que se avizinham de Jesus pretendiam não só negar a ressurreição, mas também ridicularizá-la. Daí essa historieta grotesca que é contada na pergunta feita a Jesus. Os saduceus recorriam a um princípio da tradição judaica que era proposto no período inter testamentário. Para que a mulher não ficasse desamparada e à mercê da sua sorte na viuvez, a tradição judaica impunha que ela se cassasse sucessivamente com os irmãos do defunto marido, podendo chegar até sete, um após o outro. Tudo faz desta historieta um caso inverosímil. Para além de nenhum lhe dar descendência também nenhum se deu a si mesmo o direito de a conservar como esposa pela eternidade. Na vida futura, supondo-se a ressurreição, a qual deles se uniria? Eis uma pergunta que faz divisar naquele tempo um sem-fim de debates inconsequentes, confirmando nos saduceus a ideia de que a religião apenas serve para este mundo e a sua esperança não vai além do tempo presente. Quantos no nosso hoje pensam assim! Sublinhando a dimensão pragmática da religião, reduzem-na a uma ética ou a uma política, ignoram a ressurreição, esquecem o advento do Senhor, desvirtuam a esperança cristã.

Porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus
Em contraponto com os meros filhos deste mundo, Jesus fala dos filhos de Deus. Homens que vivem no aqui e no agora como obreiros da paz. Aliás, é por causa desse trabalho que serão chamados filhos de Deus e trarão o rosto dos bem-aventurados. Mas, primeiramente, nasceram da ressurreição. Por isso, vivem na carne segundo o Espírito. Falam de eternidade. Não se perdem em conjeturas sobre o futuro, as avenidas celestes, os entreténs do além. Constroem o presente à luz da esperança na vida futura, onde nem eles se casam nem elas se dão em casamento. Fundam a sua ação na Palavra do Ressuscitado, de cuja mesma boca soprou o Espírito Santo, recriando todas as coisas. São filhos de Deus os obreiros da paz? Sim. São filhos de Deus aqueles que nasceram do Espírito do Ressuscitado? Sem dúvida. É esta origem que confere singular qualidade à paz que constroem.

Para Ele todos estão vivos
Para o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob todos estão vivos. Cada ser humano é único e indivisível a Seus olhos, vivo desde toda a eternidade no pensamento divino, revestido de dignidade imortal pelo amor do Eterno. Porém, a Deus não basta que o Homem esteja vivo, O quer vivente, isto é, implicado com a vida e com o tempo presente. A esperança na ressurreição em nada subtrai o ser humano ao mundo de agora, antes dá um sabor de eternidade a tudo quanto ele faz. Outorga um sentido. Este não é fruto das mãos do Homem, mas um dom e uma herança do Ressuscitado. Como não recordar aquela frase de santo Irineu «a glória de Deus é o Homem vivo»? É… somente com a vida se consegue dar-Lhe glória. Mas continua, logo de seguida, o mesmo santo, definindo de forma singular a vida humana: «a vida do Homem é a visão de Deus».

Rezar a Palavra
Senhor Jesus, fonte de vida e de paz, 
quero “frequentar o futuro”, não como adivinho mágico
Mas como um missionário do “agora”,
Semeando em cada gesto, a esperança e a alegria
Que brota do teu abraço incondicional.

Viver a Palavra
Ao longo desta semana vou apostar na vida e na esperança.

Fonte: ALiturgia


Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares
Comunidade Santa Teresa de Jesus (Curitiba-PR)
Província Nossa Senhora do Carmo

Nenhum comentário:

Postar um comentário