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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

21/01/20 - LECTIO DIVINA TERÇA-FEIRA DA SEMANA II DO TEMPO COMUM

Jan 21, 2020 | Anos Pares

LEITURA I 
1 SAM 16, 1-13 

Naqueles dias, O Senhor disse a Samuel: «Até quando chorarás por Saul, tendo-o Eu rejeitado, para que não reine mais sobre Israel? Enche a âmbula de óleo e parte. Vou enviar-te a Jessé de Belém, porque escolhi um rei entre os seus filhos». Samuel respondeu: «Como poderei ir? Se Saul o souber, mandará matar-me». O Senhor disse-lhe: «Levarás contigo uma novilha e dirás: ‘Vim oferecer um sacrifício ao Senhor’. Convidarás Jessé para o sacrifício e Eu te mostrarei o que hás de fazer: ungir-Me-ás aquele que Eu te indicar». Samuel fez o que o Senhor lhe tinha dito e tomou o caminho de Belém. Os anciãos da cidade saíram alvoroçados ao seu encontro e perguntaram-lhe: «Vidente, é por bem a tua vinda?». Ele respondeu: «Sim, é por bem. Vim oferecer um sacrifício ao Senhor. Purificai-vos e vinde comigo ao sacrifício». Samuel purificou Jessé e os seus filhos e convidou-os para o sacrifício. Quando eles chegaram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: «Certamente é este o ungido do Senhor». Mas o Senhor disse a Samuel: «Não te impressiones com o seu belo aspeto, nem com a sua elevada estatura, porque não foi esse que Eu escolhi. Deus não vê como o homem: o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração». Jessé chamou Aminabad e conduziu-o à presença de Samuel. Mas Samuel disse: «Também não foi este que o Senhor escolheu». Jessé trouxe Samá; e Samuel disse: «Ainda não foi este que o Senhor escolheu». Jessé fez assim passar os sete filhos diante de Samuel, mas Samuel declarou-lhe: «O Senhor não escolheu nenhum destes». E perguntou a Jessé: «Estão aqui todos os teus filhos?». Jessé respondeu-lhe: «Falta ainda o mais novo, que anda a guardar o rebanho». Samuel ordenou: «Manda-o chamar, porque não nos sentaremos à mesa, enquanto ele não chegar». Então Jessé mandou-o chamar: era ruivo, de belos olhos e agradável presença. O Senhor disse a Samuel: «Levanta-te e unge-o, porque é ele mesmo». Samuel pegou na âmbula do óleo e ungiu-o na presença dos irmãos. Daquele dia em diante, o Espírito do Senhor apoderou-Se de David. Então Samuel pôs-se a caminho e regressou a Ramá. 

Compreender a palavra
Rejeitado Saul aos olhos do Senhor por não ter obedecido, Samuel é enviado a casa de Jessé para escolher um de entre os seus filhos. Samuel encheu a âmbula de óleo e partiu. Ao chegar convidou Jessé para o acompanhar no sacrifício e depois mandou vir à sua presença os seus filhos, mas, embora fossem de belo aspeto e de elevada estatura, o Senhor não escolhera nenhum dos sete que Jessé lhe apresentou, porque Deus não olha às aparências, Deus vê o coração. Jessé mandou, então chamar o mais novo, David, que andava nos campos a guardar o rebanho. Samuel ungiu David como rei de Israel, de cuja descendência surgirá o Messias.

Meditar a palavra
Saul e David frente a frente diante de nós para refletirmos sobre a nossa atitude diante de Deus. O Senhor não olha às aparências, mas ao coração e eu preciso avaliar o meu coração para me compreender no mistério do amor de Deus. Há homens que, embora tendo pecado, continuam no seguimento obediente do Senhor e há homens cujo pecado é a desobediência obstinada em relação à vontade de Deus. A fraqueza é compensada pelo amor de Deus, a obstinação não tem em conta o amor. Saúl desobedeceu obstinadamente a Deus e nem mesmo quando Samuel o chamou à razão quis reconhecer. David é escolhido por causa do seu coração e vai experimentar o pecado na sua vida, mas sempre de coração arrependido diante de Deus. Olhar para nós e para os outros com o coração de Deus exige o reconhecimento desta diferença. Muitos homens considerados por nós pecadores são obedientes a Deus no seu coração e muitos considerados justos são obstinados nos seus corações.

Rezar a palavra
Libertai, Senhor, o meu olhar da malícia para que veja com o teu coração os homens, meus irmãos, na verdade que experimentam dentro de si mesmos, na obediência à tua vontade. Ensina-me a olhar com misericórdia para comigo a fim de reconhecer que só tu me podes salvar da obstinação que impede a obediência. 

Compromisso
Vou olhar os corações com o coração de Deus que não faz distinção de pessoas. 

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EVANGELHO 
MC 2, 23-28

Passava Jesus através das searas num dia de Sábado e os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas. Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao Sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os seus companheiros? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e também os deu aos companheiros». E acrescentou: «O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do Sábado».

Compreender a palavra
Os discípulos de Jesus são criticados pelos fariseus porque apanhava espigas em dia de Sábado. O Sábado é um tempo sagrado, consagrado ao Senhor, o que exigia abstenção de qualquer trabalho. Jesus com a sua resposta procura explicar que o Sábado não é apenas um dia de repouso, mas um dia de libertação. Aquele que instituiu o Sábado é o Deus que libertou Israel do Egito. É o mesmo que deu autoridade a David para comer dos pães que pertenciam aos sacerdotes. O mesmo Deus, revela-se, agora em Jesus que, por isso, é Senhor do Sábado e determina que o Sábado deve estar ao serviço do homem e da sua libertação. 

Meditar a palavra
Nesta resposta de Jesus aos fariseus posso entender que Jesus veio para me ensinar a ver mais claro o que se refere à relação do homem com Deus. Na minha perspetiva imagino que Deus pensa de um modo e interpreto assim a sua lei, a sua vontade. Muitas vezes esta minha maneira de pensar impede-me de viver e impede-me de estar com os outros. Tudo parece uma lei, uma obrigação, um impedimento, uma proibição. Jesus mostra-me que Deus, na sua palavra, não me quer oprimir nem limitar a minha relação com os outros. Deus quer a minha libertação e a sua lei, os seus mandamentos, são para me indicar o caminho da minha libertação.

Rezar a palavra
Sou mesquinho, Senhor, na minha maneira de pensar e de perceber o que tu esperas de mim. Liberta, Senhor, o meu coração desta mesquinha forma de pensar e mostra-me a tua verdadeira vontade. Mostra-me, Senhor, que tu queres a minha salvação e a salvação de todos os homens. Que eu não me sinta oprimido pela tua lei nem pela tua vontade, mas encontre na tua palavra a luz para os meus passos.

Compromisso
Hoje quero analisar a minha vida para perceber quantas vezes oprimo os outros em vez de os libertar.

PASTORAL LITÚRGICA


domingo, 19 de janeiro de 2020

20/01/20: LECTIO DIVINA SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA II DO TEMPO COMUM

Jan 20, 2020 | Anos Pares

LEITURA I 
1 SAM 15, 16-23 

Naqueles dias, o profeta Samuel disse a Saul: «Deixa-me dizer-te o que o Senhor me revelou esta noite». Saul respondeu-lhe: «Fala». Samuel continuou: «Embora te sintas pequeno a teus próprios olhos, não és o chefe das tribos de Israel? O Senhor sagrou-te rei de Israel, lançou-te nesta campanha e disse-te: ‘Vai e entrega à perdição esses malfeitores amalecitas; faz-lhes guerra até que sejam exterminados’. Porque não obedeceste à voz do Senhor? Porque te precipitaste sobre os despojos e praticaste o que desagrada a seus olhos?». Saul respondeu a Samuel: «Mas eu obedeci à voz do Senhor. Fiz a campanha a que Ele me enviou, trouxe Agag, rei de Amalec, e entreguei à perdição os amalecitas. O povo tirou de entre as ovelhas e bois dos despojos o melhor do que era destinado à perdição, para o oferecer em sacrifício ao Senhor, teu Deus, em Gálgala». Disse-lhe Samuel: «Porventura agradam tanto ao Senhor os holocaustos e sacrifícios como a obediência à sua voz? A obediência vale mais do que os sacrifícios e a docilidade vale mais do que a gordura dos carneiros. A rebelião é como o pecado de feitiçaria e a obstinação é como o crime da idolatria. Porque rejeitaste a palavra do Senhor, também Ele te rejeitou como rei». 

Compreender a palavra
O confronto entre Samuel e Saul é evidente. Não se trata de uma antipatia pessoal, mas de uma forma diferente de acolher a vontade de Deus. Apesar da fragilidade do rei, o Senhor confiou-lhe uma missão e o rei prontificou-se a obedecer, mas perante os fatos e a pressão do povo, o rei permitiu ao povo ficar com os despojos das batalhas. Esta atitude não agradou ao Senhor e o profeta explica ao rei que obedecer a Deus não é só fazer o que ele pede, mas também não fazer o que ele não pede. O rei desculpa-se dizendo que fez o que lhe foi pedido. Esta desobediência, mostra bem, que o rei preferiu agradar ao povo que o aclamava do que a Deus e por isso será afastado do trono. 

Meditar a palavra
A obstinação e a rebeldia levam-me a ver a vontade de Deus à minha maneira. Perante a sua palavra não me atrevo a dizer que não obedeço, pois é o Senhor quem fala, mas diante da realidade entrego-me obstinadamente a concretizá-la do meu jeito, como me parece melhor, para que a palavra esteja do meu lado, venha a meu favor e eu possa beneficiar dela, e ainda ganhar os louros da obediência. A subversão da palavra que diz o que eu quero e não o que Deus quer leva-me para longe do olhar de Deus que não quer os meus sacrifícios, mas a obediência à sua palavra.

Rezar a palavra
Dai-me inteligência, Senhor, para conhecer a vossa vontade e a cumprir fielmente, não como os sábios que sabem mudar as vírgulas e subverter-lhe o sentido, mas como os simples que se deixam maravilhar com a sabedoria dos vossos preceitos.

Compromisso
Vou escutar a palavra de Deus com o coração para que os meus olhos não a subvertam com o brilho do ouro e da prata. 

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EVANGELHO 
MC 2, 18-22

Naquele tempo, os discípulos de João e os fariseus guardavam o jejum. Vieram perguntar a Jesus: «Por que motivo jejuam os discípulos de João e os fariseus e os teus discípulos não jejuam?». Respondeu-lhes Jesus: «Podem os companheiros do noivo jejuar, enquanto o noivo está com eles? Enquanto têm o noivo consigo, não podem jejuar. Dias virão em que o noivo lhes será tirado; nesses dias jejuarão. Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho, porque o remendo novo arranca parte do velho e o rasgão fica maior. E ninguém deita vinho novo em odres velhos, porque o vinho acaba por romper os odres e perdem-se o vinho e os odres. Para vinho novo, odres novos».

Compreender a palavra
O assunto apresentado a Jesus é o jejum. A obrigação de jejuar uma vez por ano e o costume que alguns tinham de jejuar uma ou duas vezes por semana, interroga as pessoas sobre o facto de os discípulos de Jesus não jejuarem. Podíamos dizer, que o assunto não tem grande importância. A resposta de Jesus é que torna esta página importante. Ele compara-se com o noivo. Os amigos do noivo não podem jejuar porque estão em festa. Aquele que conhece Jesus entra em festa. Ele é o vinho novo e o tecido novo. Não é possível aceitar Jesus sem mudar de mentalidade. 

Meditar a palavra
É muito difícil mudar mentalidades. Gostamos muito de ouvir palavras bonitas e de dizer que sim, vamos mudar, vamos aderir, a nossa vida vai ser diferente daqui para a frente. Mas mudar a nossa mentalidade, alterar o estilo de vida, converter a vida para poder acolher a novidade de Jesus, isso é tarefa difícil e raramente conseguida porque não temos a vontade suficiente para o fazer. É o peso da tradição, os hábitos instalados, a força da sociedade, o modo de viver que se impõe e não nos deixa acolher a novidade de Cristo. Até onde é que eu sou capaz de mudar para acolher de verdade Jesus na minha vida?

Rezar a palavra
Que a tua alegria, Senhor, inunde a minha vida. Que eu me revista de ti e a tua veste seja a verdade da minha alma. Que eu seja em ti e a tua alegria esteja em mim. Não permitas, Senhor, que eu seja uma maquilhagem muito bem conseguida. Que eu me transforme radicalmente em ti e traduza em mim a tua vontade.

Compromisso
Hoje quero apenas experimentar, no encontro silencioso com Cristo, na oração, a alegria de estar com Ele a sós.

PASTORAL LITÚRGICA.

sábado, 18 de janeiro de 2020

18/01/20: LECTIO DIVINA SÁBADO DA SEMANA I DO TEMPO COMUM

Jan 18, 2020 | Anos Pares

LEITURA I 
1 SAM 9, 1-4.17-19; 10, 1A

Havia um homem da tribo de Benjamim chamado Quis, filho de Abiel, filho de Seror, filho de Becorat, filho de Afiá. Era pessoa importante e tinha um filho chamado Saul, jovem e belo. Entre os israelitas, ninguém se podia comparar com ele e os mais altos do povo só lhe davam pelos ombros. Tinham-se perdido umas jumentas de Quis, pai de Saul, e ele disse a Saul, seu filho: «Leva contigo um dos servos e põe-te a caminho, para procurares as jumentas». Atravessaram os montes de Efraim e passaram pela região de Salisá, mas não as encontraram. Percorreram depois a região de Salim mas sem resultado. Atravessaram a terra de Benjamim, mas nem aí encontraram as jumentas. Entretanto, o profeta Samuel avistou Saul e o Senhor disse-lhe: «Aí está o homem de quem te falei: é ele que dirigirá o meu povo». Saul aproximou-se de Samuel, no meio da porta, e disse-lhe: «Por favor, onde é a casa do vidente?». Samuel respondeu: «Sou eu o vidente. Sobe à minha frente para a sala de cima. Comereis hoje comigo e amanhã de manhã te direi tudo o que tens no coração». No dia seguinte, Samuel tomou um vaso de óleo e derramou-o sobre a cabeça de Saul. Depois abraçou-o e disse-lhe: «Foi o Senhor que te ungiu como chefe de Israel, seu povo. Tu governarás o povo do Senhor e o salvarás das mãos dos inimigos que o rodeiam». 

Compreender a palavra
Deus respeita os homens nas suas decisões, mas não se demite da sua missão. Perante a decisão do povo, Deus assume a responsabilidade de escolher um rei e serve-se de acontecimentos tão banais como o desaparecimento de duas jumentas. Saul procurava as jumentas quando se cruza com Samuel, o vidente, e Deus dá instruções a Samuel dizendo-lhe que Saul era o escolhido por ele para governar o seu povo. Samuel convida Saul a ficar com ele e no dia seguinte unge-o como rei de Israel e mostra-lhe a missão que lhe foi confiada por Deus.

Meditar a palavra
As nossas escolhas, tantas vezes erradas, não impedem Deus de continuar a cuidar de nós e de procurar oportunidades para se encontrar connosco e nos mostrar o seu projeto de amor para a salvação nossa e de todos. As oportunidades da nossa vida são os acontecimentos banais, as coisas do nosso dia a dia, as circunstâncias normais da nossa vida. Por detrás de alegrias e tristezas, conquistas e derrotas, encontros e desencontros, Deus está a falar, a ungir, a certificar, a enquadrar as nossas escolhas nas suas para que reencontremos o caminho certo que é salvação para todos os homens. Não estar atento ou não deixar que a revelação do projeto de Deus se faça é impedir que Deus se encontre connosco e que a sua salvação aconteça para nós e para todos.

Rezar a palavra
Ensina-me, Senhor, a ler os sinais da tua presença na minha vida. Ensina-me a escutar aqueles que me sabem instruir na tua vontade e a permanecer corajosamente na missão que me confias, de dar a conhecer a salvação a todos os homens para que sejam todos como um só rebanho onde tu és o único pastor.

Compromisso
Antes de me entristecer ou alegrar com os acontecimentos da minha vida vou compreender o que Deus me está a dizer

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EVANGELHO 
MC 2, 13-17 
Naquele tempo, Jesus saiu de novo para a beira-mar. A multidão veio ao seu encontro, e Ele começou a ensinar a todos. Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me». Ele levantou-se e seguiu Jesus. Encontrando-Se Jesus à mesa em casa de Levi, muitos publicanos e pecadores estavam também a mesa com Jesus e os seus discípulos, pois eram muitos os que O seguiam. Os escribas do partido dos fariseus, ao verem-n’O comer com os pecadores e os publicanos, diziam aos discípulos: «Por que motivo é que Ele come com publica-nos e pecadores?». Jesus ouviu e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas os que estão doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores». 

Compreender a palavra
As atitudes de Jesus não são compreendidas pelos escribas e fariseus. Ele escolhe para seu discípulo um publicano, tido como pecador, e vai sentar-se em sua casa a comer com publicanos e pecadores. Estes factos provocam a pergunta que fazem aos discípulos: “por que motivo é que ele come com publicanos e pecadores?”. Esta pergunta torna-se oportunidade para Jesus explicar o seu programa de vida: “Não vim chamar os justos, mas os pecadores”. 

Meditar a palavra
Transformamo-nos numa Igreja de santos que convive mal com o pecado, quando na realidade somos uma Igreja de pecadores. A intolerância face à condição de pecadores que todos padecemos faz com que se caia na tentação de parecer santos, esconder o pecado, fazer tudo para ser tidos por boas pessoas, justos, santos, intocáveis. Desta forma podemos sentar-nos à mesa com Jesus. Muitos sentem que não podem entrar onde Jesus está e sentar-se à mesa com ele porque se reconhecem pecadores. Ora, Jesus dá-nos uma grande lição. Quem é pecador é que pode sentar-se à sua mesa porque para estes é que ele veio. Os justos, não precisam de Jesus. Esta palavra é para mim um desafio porque exige que me reconheça pecador antes de me atrever a sentar-me à mesa com Jesus e pede-me a capacidade de aceitar os outros, com os seus pecados, como convivas no mesmo banquete presidido por Jesus. Há muito a mudar na nossa mentalidade para nos tornarmos uma Igreja que acolhe os pecadores.

Rezar a palavra
Amigo dos pecadores, dá-me um coração humilde para reconhecer que sou tão ou mais pecador do que todos os outros e a consciência de que, se me sento à tua mesa não é por ser bom, mas porque tu és bom e repartes comigo o teu pão nesta casa de Levi que é a tua Igreja.

Compromisso
Vou aprender a reconhecer os meus pecados e a amar os meus irmãos pecadores.

Fonte: Aliturgia

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

17/01/20 - LECTIO DIVINA SEXTA-FEIRA DA SEMANA I DO TEMPO COMUM

Jan 17, 2020 | Anos Pares

LEITURA I 
1 SAM 8, 4-7.10-22A 
Naqueles dias, reuniram-se todos os anciãos de Israel e foram ter com Samuel a Ramá. E disseram a Samuel: «Tu já estás velho e os teus filhos não seguem o teu exemplo. Por isso, dá-nos um rei que nos governe, como acontece com os outros povos». Desagradou a Samuel que eles tivessem dito: «Dá-nos um rei que nos governe». Samuel orou ao Senhor e o Senhor respondeu-lhe: «Atende à voz do povo em tudo o que ele te pedir; porque não foi a ti que rejeitaram, mas a Mim: não querem que Eu reine sobre eles». Samuel comunicou todas as palavras do Senhor ao povo que lhe pedia um rei e acrescentou: «Serão estes os direitos do rei que vai reinar sobre vós: Requisitará os vossos filhos, para cuidarem dos seus carros e dos seus cavalos, e os fará correr à frente do seu carro. Ele os utilizará como chefes de mil homens e chefes de cinquenta. Mandará que lavrem os seus campos e ceifem as suas colheitas, que fabriquem as suas armas de guerra e as peças dos seus carros. Requisitará também as vossas filhas, para trabalharem como perfumistas, cozinheiras e padeiras. Tomará os vossos melhores campos, vinhas e olivais, para os dar aos seus servos. Cobrará o dízimo das vossas sementeiras e das vossas vinhas, para o dar aos seus cortesões e ministros. Ficará com os vossos melhores servos e servas, com os vossos melhores bois e jumentos, para os empregar no seu serviço. Cobrará o dízimo dos vossos rebanhos e vós mesmos sereis seus escravos. Nesse dia, reclamareis contra o rei que escolhestes, mas então o Senhor não vos responderá». O povo não fez caso das palavras de Samuel e disse: «Não importa. Queremos um rei e assim seremos como todos os outros povos: o nosso rei é que há de governar-nos e marchará à nossa frente para comandar os nossos combates». Samuel ouviu tudo o que o povo disse e comunicou-o ao Senhor. O Senhor respondeu-lhe: «Faz o que eles querem e dá-lhes um rei». 

Compreender a palavra
Samuel está velho e o povo apercebe-se disso. As derrotas frente aos inimigos, particularmente os Filisteus, fazem o povo acreditar que, continuando assim, com o mesmo chefe e a mesma tática nunca mais encontrarão a paz. Os outros povos têm reis, a sua organização política e militar tem-lhes dado vitórias e torna-os superiores a Israel e o povo aproveita esta situação para exigir uma mudança na sua política e estratégia militar: «Tu já estás velho e os teus filhos não seguem o teu exemplo. Por isso, dá-nos um rei que nos governe, como acontece com os outros povos». Acontece que o povo de Israel não é como os outros povos. Este é o povo do Senhor e Samuel, fiel ao Senhor, cai em oração. O Senhor, porém, intervém para o iluminar dizendo: “não foi a ti que rejeitaram, mas a Mim: não querem que Eu reine sobre eles”. É a Deus que os tirou do Egito e os conduziu a esta terra lutando com eles para a conquistar, que o povo rejeita ao pedir um rei. Samuel explica, então ao povo as conclusões do seu pedido e, embora sejam duras as condições impostas o povo quer um rei e responde: “Não importa. Queremos um rei e assim seremos como todos os outros povos”.

Meditar a palavra
Este episódio da história de Israel assemelha-se a muitas situações da nossa vida e tem na parábola do Filho Pródigo uma bonita reflexão de Jesus. O Filho da parábola não quer estar sob o domínio e orientações do Pai. O povo não quer estar sob as ordens de Deus. Nós não queremos sentir que alguém nos impede a liberdade total para decidirmos da vida a nosso prazer. O resultado final está à vista e somos disso avisados, mas não queremos saber. Não serves o Senhor que te liberta, acabas servindo os teus caprichos, os outros ou as coisas a que se agarra o teu coração. Se estar sob as ordens de Deus significa para nós uma limitação, estar sob o jugo dos outros, dos caprichos ou dos prazeres acaba por nos esmagar levando-nos a perder a dignidade e a sujar as mãos com os porcos. Os Israelitas disseram “Não importa. Queremos ser como os outros. Queremos um rei”. Nós também dizemos muitas vezes, “não importa. Quero é ser livre, quero ser como os outros”. Mais cedo ou mais tarde acabaremos por dizer: “Pai! Pequei contra o céu e contra ti…”

Rezar a palavra
Vem em meu auxílio, Senhor. Não permitas que, levado por uma vã compreensão do teu amor, prefira submeter-me ao poder dos meus caprichos em vez de acolher a tua vontade na minha vida. Pois tua vontade salva e liberta enquanto os meus desejos dominam todo o meu entendimento para não ver que os meus pés seguem o caminho da desgraça.

Compromisso
Revejo os meus critérios à luz da palavra do Senhor.

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EVANGELHO 
MC 2, 1-12
Quando Jesus entrou de novo em Cafarnaum e se soube que Ele estava em casa, juntaram-se tantas pessoas que já não cabiam sequer em frente da porta; e Jesus começou a pregar-lhes a palavra. Trouxeram-Lhe um paralítico, transportado por quatro homens; e, como não podiam levá-lo até junto d’Ele, devido à multidão, descobriram o teto, por cima do lugar onde Ele Se encontrava e, feita assim uma abertura, desceram a enxerga em que jazia o paralítico. Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados». Estavam ali sentados alguns escribas, que assim discorriam em seus corações: «Porque fala Ele deste modo? Está a blasfemar. Não é só Deus que pode perdoar os pecados?». Jesus, percebendo o que eles estavam a pensar, perguntou-lhes: «Porque pensais assim nos vossos corações? Que é mais fácil? Dizer ao paralítico ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou dizer ‘Levanta-te, toma a tua enxerga e anda’? Pois bem. Para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, ‘Eu te ordeno – disse Ele ao paralítico – levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa’». O homem levantou-se, tomou a enxerga e saiu diante de toda a gente, de modo que todos ficaram maravilhados e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim».

Compreender a palavra
De regresso a Cafarnaum Jesus continua a falar às multidões que, neste caso, enchem toda a casa. Um homem paralítico é trazido e introduzido na casa onde Jesus se encontrava. Jesus perdoa-lhe os pecados e dá uma lição aos incrédulos sobre o seu poder de libertar o homem do pecado que não o deixa andar.

Meditar a palavra
Estamos muitas vezes rodeados de incrédulos. Homens e mulheres que não acreditam em Jesus e que por consequência acabam por não acreditar em si próprios nem nos outros. São aqueles que sempre nos vão dizendo: “não vale a pena”; “não és capaz”; “julgas que és melhor que os outros”; “de que te serve isso?” e tantas outras afirmações que apenas servem para ficarmos parados e não acreditarmos como eles. São os que, sentados diante de Jesus murmuram “«Porque fala Ele deste modo? Está a blasfemar. Não é só Deus que pode perdoar os pecados?». Aquele que dá ouvidos à voz das impossibilidades vai definhando até chegar ao estado de paralisia total, de modo que já não consegue fazer nada por si e que, para salvar-se, precisa de quatro homens para o levarem a Jesus. Nem sempre temos quatro homens, nem todos têm quatro homens. É urgente seguir pelo nosso próprio pé até Jesus.

Rezar a palavra
Põe-me de pé, Senhor. À Tua palavra faz com que as minhas pernas se levantem e me elevem até ao céu. Não permitas que a voz da incredulidade se faça ouvir mais alto do que a Tua palavra. Não permitas que em mim se instale a murmuração que mata a verdade da tua presença, nem me deixes sem o amparo dos irmãos que, no seu testemunho e caridade, me abrem caminhos para o encontro contigo e com a tua misericórdia.

Compromisso
Hoje posso pedir auxílio a um irmão para me encontrar com Jesus. Posso também, ou em alternativa, ser um dos quatro homens que ajuda alguém a encontrar Jesus para se levantar da sua prostração.

FONTE: PASTORAL LITÚRGICA

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

16/01/20 - LECTIO DIVINA - QUINTA-FEIRA DA SEMANA I DO TEMPO COMUM


Jan 16, 2020 | Anos Pares

LEITURA I   
1SM 4, 1-11

Naqueles dias, os filisteus reuniram-se para fazer guerra a Israel e os israelitas saíram ao seu encontro para o combate. Acamparam perto de Eben-Ezer, enquanto os filisteus tinham acampado em Afec. Os filisteus colocaram-se em ordem de batalha contra Israel e, no terrível combate, Israel foi derrotado pelos filisteus, que, em campo aberto, lhe mataram cerca de quatro mil homens. O povo voltou para o acampamento e os anciãos de Israel disseram: «Porque é que o Senhor deixou que fôssemos hoje vencidos pelos filisteus? Vamos buscar a Silo a arca da aliança do Senhor: que ela esteja no meio de nós e nos salve das mãos dos nossos inimigos». Então o povo mandou buscar a Silo a arca da aliança do Senhor do Universo, que tem o seu trono sobre os querubins. Os dois filhos de Heli, Hofni e Fineias, acompanhavam a arca da aliança de Deus. Quando a arca do Senhor entrou no acampamento, todos os israelitas soltaram um grande clamor, que ressoou por toda a terra. Os filisteus ouviram o eco daquele alarido e disseram: «Que significa este grande clamor no campo dos hebreus?». Então souberam que a arca do Senhor tinha chegado ao acampamento e diziam atemorizados: «Deus veio para o acampamento. Ai de nós! Nunca tal coisa tinha sucedido até agora! Ai de nós! Quem nos livrará das mãos desse Deus tão poderoso? Foi Ele que feriu o Egito com toda a espécie de pragas no deserto. Tende coragem, filisteus, e sede valorosos, para não ficardes escravos dos hebreus, como eles têm sido vossos escravos. Sede valorosos e combatei». Os filisteus começaram o combate: os israelitas foram vencidos e fugiu cada um para a sua tenda. A derrota foi grande e da infantaria de Israel caíram trinta mil homens. A arca de Deus foi capturada e morreram os dois filhos de Heli, Hofni e Fineias.

Compreender a palavra
Aquele dia foi um dia trágico na história de Israel. Confiado na arca da aliança, Israel acampou em Afec. Enquanto isso, os filisteus colocaram-se em ordem de batalha e derrotaram Israel. Fracassados mandaram vir a arca da aliança para o campo de batalha e voltaram a perder ficando sem a arca do Senhor. O sinal da derrota é claro, “fugiu cada um para sua tenda”. “Porque é que o Senhor deixou que fôssemos hoje vencidos pelos filisteus? ” Porque perderam os Israelitas se até os inimigos reconhecem o poder do seu Deus? “Deus veio para o acampamento. Ai de nós! Nunca tal coisa tinha sucedido até agora! Ai de nós! Quem nos livrará das mãos desse Deus tão poderoso?”.

Meditar a palavra
A nossa vida está cheia de vitórias e derrotas. Facilmente julgamos que as vitórias são fruto do nosso esforço, das nossas capacidades e da nossa inteligência e só muito raramente reconhecemos que é o Senhor quem nos ampara nas lutas de cada dia. Mas, quando surgem as derrotas perguntamos “que mal fiz eu a Deus? ” Que é como quem diz: “Porque é que o Senhor deixou que fôssemos hoje vencidos pelos filisteus? ” Atribuindo a Deus a culpa do fracasso. Agarrados aos nossos amuletos, que tanto pode ser a imagem de um santo, uma pagela ou uma oração, achamos que nenhum mal nos acontece. Acreditamos mais nas coisas santas do que em Deus. A arca da aliança fala de Deus, mas não é Deus. Os nossos “amuletos”, as imagens, medalhas e outras coisas semelhantes, podem falar de Deus, da sua proximidade, mas não são Deus. Não há imagem nem medalha que nos possa salvar. Quem nos salva é o Senhor. Enquanto não entendermos isto, não entendemos o que é a fé.

Rezar a palavra
Liberta-me, Senhor, desta tentação de me agarrar às coisas como se delas me viesse a salvação. Alarga o meu coração para ti de tal modo que viva sem imagens, mas não viva sem ti, sem a tua palavra, sem o amor que derramas em meu coração. Tu, Senhor, és quem me protege e salva e não as imagens feitas pelas mãos dos homens.

Compromisso
Confiar no Senhor é suportar as derrotas da vida na certeza de que não fui abandonado.

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EVANGELHO     MC 1, 40-45
Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.

Compreender a palavra
Este texto tem alguns pormenores interessantes: É o leproso quem vai ter com Jesus; a atitude do leproso é a de quem reconhece que Jesus é Deus, prostra-se de joelhos por terra; É ele também quem fala primeiro “se quiseres, podes curar-me”; Jesus age primeiro no silêncio, “compadecido, estendeu a mão, toucou-lhe”; só depois fala “Quero: fica limpo”; e o homem ficou limpo.

Meditar a palavra
Um homem leproso está fora do alcance dos outros homens. Culpa dele ou culpa dos outros, a verdade é que está isolado, só, sem ninguém que o toque e lhe dirija a palavra. A verdade é que este homem não quer continuar assim. Pode não ter forças para alterar a situação, pode não encontrar alguém de confiança que o ajude, mas não quer estar assim. No caso do leproso, ele encontrou a força e a confiança em Jesus e não perdeu a oportunidade. Depois deixou-se tocar pela mão compadecida de Jesus e Jesus não lhe negou essa mão compadecida. Penso, agora mesmo, ao ler este texto, que muitas pessoas ficam sós porque não há mão compadecida que se estenda para elas e as toque. Penso em como às vezes mais do que palavras, as pessoas precisam de um toque que as restaure na sua dignidade. Um toque compadecido, mas verdadeiro, sincero, amigo ou até mesmo de perdão. Este toque é capaz de limpar tantas coisas na nossa alma e até no nosso corpo, para não falar da nossa lembrança.

Rezar a palavra
Toca-me, Senhor, com a tua mão compadecida. Toca-me na alma, no coração, na mente, no olhar, na boca e nos ouvidos, para que eu fique limpo da lepra que não me deixa estar com os outros e de os reconhecer como irmãos. Toca-me, Senhor, nas minhas mãos para que não negue o meu toque a todos os que esperam a minha compaixão, o meu amor e o meu perdão.

Compromisso
Sim! Creio que já todos percebemos qual é o nosso compromisso para hoje. Precisamente… hoje vou tocar, com amor, o amor de Jesus, aquela pessoa de quem me custa tanto aproximar.

Fonte: Pastoral Litúrgica - ALiturgia


terça-feira, 14 de janeiro de 2020

15/01/20 - LECTIO DIVINA - QUARTA-FEIRA DA SEMANA I DO TEMPO COMUM

Jan 15, 2020 | Anos Pares


LEITURA I    
1SM 3, 1-10.19-20

Naqueles dias, o jovem Samuel servia o Senhor sob a direção do sumo sacerdote Heli. Nesse tempo, a palavra do Senhor fazia-se ouvir raras vezes e as visões não eram frequentes. Certo dia, Heli estava deitado nos seus aposentos; os seus olhos tinham enfraquecido e mal podia ver. A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e Samuel dormia no templo do Senhor, no lugar onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel e ele respondeu: «Aqui estou». E, correndo para junto de Heli, disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna a deitar-te». E ele foi deitar-se. O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Heli respondeu: «Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te». Samuel ainda não conhecia o Senhor, porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Então Heli compreendeu que era o Senhor que chamava pelo jovem. Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te; e se te chamarem outra vez, responde: ‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’». Samuel voltou para o seu lugar e deitou-se. O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel, Samuel!». E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta». Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma das suas palavras deixou de cumprir-se. E todo o Israel, de Dan até Bersabeia, reconheceu que Samuel era realmente um profeta do Senhor.

Compreender a palavra
Samuel, filho de Ana, aquela que aprendeu na humilhação a reconhecer o Senhor e a colocar nele a sua vida, está agora no templo a servir o Senhor sob a direção de Heli, o sacerdote. O Senhor, que há muito tempo não falava, dirige-se a Samuel chamando-o pelo nome. Samuel não reconhece ainda a voz de Deus e julga que é Heli quem o chama. A insistência do Senhor e a consequente solicitude junto de Heli, faz o sacerdote compreender que era o Senhor quem o chamava e ensina-o a responder à voz de Deus: “Falai, Senhor, que o vosso servo escuta”. Começa aqui uma longa vida de intimidade com Deus e de serviço ao povo como profeta reconhecido por todos e modelo de todos os profetas.

Meditar a palavra
Samuel vivia, noite e dia, junto à arca da aliança, vigiando para que não se apagasse a luz de Deus. Apesar desta proximidade, ele não conhecia ainda a voz de Deus. Distingui-la da voz de Heli era para ele difícil. Os seus ouvidos ainda não sabiam distinguir uma entre muitas vozes. Naquela noite o Senhor falou e ele por três vezes se enganou, mas ajudado pela experiência de quem já tinha ouvido a voz de Deus, aprendeu a disponibilidade para escutar e fazer o que Deus lhe pedia. Esta é a nossa grande lição para hoje. No meio do mundo, mesmo quando nos julgamos muito crentes, muito cristãos e próximos do Senhor, mesmo quando lutamos para manter a luz de Deus acesa em nós, nem sempre temos os ouvidos despertos para a voz de Deus. Escutá-lo, leva a um compromisso de intimidade, disponibilidade e serviço que domina toda a nossa vida e se torna prioridade acima de todas as nossas prioridades. Esta relação com Deus distingue-nos no meio do mundo mesmo quando ele é insensível a Deus.

Rezar a palavra
Há quanto tempo me deixei dormir a ponto de já nem ouvir a tua voz, Senhor? O pesado sono da insensibilidade já não me deixa distinguir entre o sonho e a realidade e meus olhos permanecem fechados porque os meus ouvidos não escutam. Abre os meus ouvidos, desperta-me do sono, para que me torne de novo arauto do teu evangelho, da boa nova que salva os homens.

Compromisso
Aprender com quem sabe escutar é já, de alguma maneira, escutar o silêncio de Deus.

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EVANGELHO     
MC 1, 29-39

Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com febre e logo Lhe falaram dela. Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. Ao cair da tarde, já depois do sol-posto, trouxeram-Lhe todos os doentes e possessos e a cidade inteira ficou reunida diante da porta. Jesus curou muitas pessoas, que eram atormentadas por várias doenças, e expulsou muitos demônios. Mas não deixava que os demônios falassem, porque sabiam quem Ele era. De manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu. Retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a orar. Simão e os companheiros foram à procura d’Ele e, quando O encontraram, disseram-Lhe: «Todos Te procuram». Ele respondeu-lhes: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim». E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demônios.

Compreender a palavra
Podemos apreciar neste texto um dia na vida de Jesus. Primeiro vai à sinagoga onde se encontra com a comunidade, depois entra na casa do seu amigo Pedro e cura-lhe a sogra. A sua atenção volta-se então para os que sofrem e o procuram. O novo dia começa com a oração e continua com a preocupação pelos outros.

Meditar a palavra
O círculo de um dia faz-se entre Deus e os irmãos. Primeiro a oração, a sinagoga, a palavra, depois a atenção aos outros num trabalho dedicado e atento. É na realidade de cada dia que Deus se dá a conhecer a todos. Os gestos as palavras, os sentimentos com que vivemos a circunstâncias comunicam a verdade de Deus presente em nós para a salvação de todos. Vale a pena meditar nas expressões do texto: “Jesus aproximou-se”; “Tomou-a pela mão”; “Levantou-a”; “Trouxeram-lhe todos os doentes”; “Levantou-se“; “Disseram-lhe”. São expressões que falam da entrega total de quem está inserido no mundo em atitude de serviço.

Rezar a palavra
“Aproximou-se”. Aproxima-te de mim, Senhor, neste meu dia. Ao iniciar os meus trabalhos, consciente de que me envias a libertar os meus irmãos, aproxima-te de mim, Senhor e toca-me para que me levante e faça da minha vida um serviço permanente aos outros.

Compromisso
Hoje vou disponibilizar-me para fazer o que ninguém quer fazer.

Pastoral Litúrgica

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

14/01/20 - LECTIO DIVINA - TERÇA-FEIRA DA SEMANA I DO TEMPO COMUM

Jan 14, 2020 | Anos Pares

LEITURA I 1 SAM 1, 9-20

Naqueles dias, depois de ter comido em Silo, Ana levantou-se e apresentou-se diante do Senhor. O sacerdote Heli estava sentado em sua cadeira, à entrada do templo do Senhor. Com a alma cheia de amargura, Ana orou ao Senhor, derramando muitas lágrimas, e fez o seguinte voto: «Senhor do Universo! Se Vos dignardes olhar para a humilhação da vossa serva, se Vos lembrardes de mim e não esquecerdes esta vossa serva, se lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor por toda a vida e a navalha não passará pela sua cabeça». Enquanto ela continuava a rezar diante do Senhor, Heli observou os movimentos dos seus lábios: Ana falava em seu coração; só mexia os lábios, mas não se ouvia a sua voz. Por isso Heli pensou que estivesse embriagada e perguntou-lhe: «Até quando estarás embriagada? Livra-te desse vinho». Ana respondeu: «Não, meu senhor; sou apenas uma infeliz. Não bebi vinho nem outra bebida que embriague; estava apenas a desabafar diante do Senhor. Não tomes a tua serva por uma vadia, porque o excesso da minha dor e da minha aflição é que me fez falar até agora». Então Heli disse-lhe: «Vai em paz e o Deus de Israel te conceda o que Lhe pediste». Ana respondeu: «Queira Deus que a tua serva encontre sempre em ti acolhimento favorável». A mulher foi-se embora, comeu e já tinha outro semblante. No outro dia, levantaram-se de manhã cedo e, depois de se terem prostrado diante do Senhor, voltaram para sua casa, em Ramá. Elcana uniu-se a sua mulher, Ana, e o Senhor lembrou-Se dela. Ana concebeu e, decorrido o tempo, deu à luz um filho, a quem deu o nome de Samuel, dizendo: «Eu o pedi ao Senhor». 

Compreender a palavra
Ana, a protagonista deste relato, humilhada por Fenena por ser estéril, encontra conforto diante do Senhor. Vai ao templo, como diz o texto, “com a alma cheia de amargura”, com a sua infelicidade, para desabafar com o Senhor entre lágrimas. A sua súplica ao Senhor manifesta o reconhecimento do poder e da misericórdia de Deus e a generosidade do coração da pobre humilhada que entrega a sua vida nas mãos do Senhor. Ela é a humilde serva, a sua vida está nas mãos do Senhor. O que lhe pede é para lhe devolver numa oferta para toda a vida, porque ela pede um filho e é esse filho que ela devolve ao Senhor como oferta. A sua dor é tão grande que o Sacerdote, não entendendo as suas palavras, julga que ela está embriagada, mas depois abençoa-a e ela vai para casa e o Senhor concede-lhe o filho que pediu, por isso lhe chama Samuel.

Meditar a palavra
As humilhações podem ser caminho para o encontro com o Senhor, porque nos colocam num lugar privilegiado diante de Deus. Deus olha para os pobres, os humilhados, os oprimidos e na sua misericórdia, salva-os. Mas também porque nos coloca no lugar privilegiado para encontrar conosco, com a nossa pequenez e nos dá os óculos para vermos quem somos de verdade. Os óculos da alma são as lágrimas que ampliam a nossa condição diante de Deus e diante dos outros. A partir dos dramas da vida acolhemos melhor a bondade, o amor generoso e a misericórdia de Deus. E Deus escreve nas entrelinhas da nossa miséria levantando-nos do chão e fazendo de nós uma oferta agradável aos seus olhos. 

Rezar a palavra
Faz de mim Senhor, uma oferta agradável a teus olhos. Que os meus dramas, a amargura da minha alma, a minha infelicidade seja o caminho para te encontrar. Que eu veja pelas lágrimas o que nunca fui capaz de ver nos dias alegres e felizes, a tua imensa misericórdia para comigo. 

Compromisso
Chorar também é rezar e pedir é já receber o dom da misericórdia do Senhor. 

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EVANGELHO MC 1, 21-28

Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no Sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!». E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

Compreender a palavra
Jesus inicia a sua vida pública com palavras e gestos que deixam as pessoas admiradas. Há quem resista, quem se oponha e o enfrente com energia e vocifere palavras sem sentido. Jesus mostra o seu poder sobre os gritos de quem não o aceita e, no final, todos lhe obedecem.

Meditar a palavra
Gostava de poder refletir hoje sobre esta admiração da multidão. As Palavra de Jesus e os seus gestos causam nas pessoas uma grande admiração. Gostava também de refletir sobre a obediência e de como é difícil vencer os nossos juízos, os nossos desejos e vontades, as nossas ideias e as nossas verdades para obedecer a Jesus reconhecendo que Ele sabe mais e melhor o que é bom, do que eu. Mas prefiro hoje meditar sobre aquela palavra de Jesus “Cala-te”. Senti este grito de Jesus. “Cala-te”. Quer dizer, falas demais, falas sem pensar, falas sem sentido, falas para dividir, crias intriga e separação, mau estar e desordem, guerra e instabilidade com as tuas palavras. “Cala-te” é o que Jesus hoje me diz.

Rezar a palavra
Hoje, Senhor, quero oferecer-te o meu silêncio.

Compromisso
Vou estar em silêncio sempre que puder. Pelo menos não vou dizer palavras que posso calar.

FONTE: PASTORAL LITÚRGICA

domingo, 12 de janeiro de 2020

13/01/2020: LECTIO DIVINA SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA I DO TEMPO COMUM

Jan 13, 2020 | Anos Pares

LEITURA I 1 SAM 1, 1-8 

Havia um homem natural de Ramá, um sufita dos montes de Efraim, chamado Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Suf de Efraim. Tinha duas mulheres, uma chamada Ana e outra chamada Fenena. Fenena tinha filhos; Ana, porém, não os tinha. Esse homem costumava subir todos os anos da sua cidade até Silo, para adorar o Senhor do Universo e oferecer-Lhe sacrifícios. Aí se encontravam os dois filhos de Heli, Hofni e Fineias, sacerdotes do Senhor. Cada vez que Elcana oferecia um sacrifício, costumava dar porções da vítima a sua mulher Fenena e a todos os seus filhos e filhas. Embora amasse muito Ana, dava-lhe apenas uma porção, porque o Senhor a tinha feito estéril. A sua rival irritava-a com humilhações, porque o Senhor a tinha deixado estéril. Assim acontecia todos os anos e, sempre que subiam à casa do Senhor, Fenena ofendia Ana. Ana chorava e não comia. Então Elcana, seu marido, disse-lhe: «Ana, porque choras? Porque não comes? Porque estás tão triste? Não sou melhor para ti do que dez filhos?». 

Compreender a palavra
Iniciamos o Tempo Comum com um texto do primeiro livro de Samuel que fala de uma mulher chamada Ana, a quem “o Senhor tinha deixado estéril”. Ela é alvo das humilhações de Fenena, outra mulher de seu marido que lhe tinha dado filhos e se achava superior tanto aos olhos do marido como aos olhos do Senhor e, por isso, humilhava Ana. O marido, Elcana, era um homem temente a Deus e todos os anos subia ao templo de Silo para oferecer sacrifícios por ele e pelos seus. Os sacrifícios oferecidos a Deus no templo serviam para Ana se sentir ainda mais humilhada pela sua rival. O marido mostra-lhe o seu amor, mas a sua dor é grande.

Meditar a palavra
Pode parecer estranho escutarmos o relato da vida de uma família e talvez até difícil reconhecer que este facto possa ser para nós palavra de Deus. Mas a verdade é que Deus está presente na vida de pessoas simples e comuns e manifesta-se em acontecimentos banais do nosso dia a dia. O fato que aqui é narrado não é de todo banal, mas é um fato da vida de uma família. Ana é estéril e isso não é banal é uma dor que a atravessa em toda a sua existência e é motivo de humilhação. Hoje muitas mulheres sofrem com esta situação e passam por grande sofrimento para poderem ter um filho. Deus parece estar ausente da vida de Ana como da vida de muitas mulheres que vivem esta experiência. Este relato, no entanto, prepara-nos para a história de Samuel, o grande profeta, que Deus concederá como filho a Ana.

Rezar a palavra
Senhor, que as minhas humilhações, as lágrimas deste dia, o sofrimento causado pelas minhas impossibilidades, o drama das minhas limitações, sejam por ti acolhidos como a mais bela oração que eu jamais saberei fazer com palavras da minha boca.

Compromisso
A dor que viver neste dia pode ser encontro com a misericórdia de Deus. 

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EVANGELHO MC 1, 14-20

Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.

Compreender a palavra
O Tempo Comum oferece-nos a leitura do Evangelho de S. Marcos. Jesus inicia a sua vida pública anunciando o arrependimento. «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Estas palavras dão início a um tempo novo na história dos homens, na relação do homem com Deus. O chamamento dos apóstolos e a consequente mudança de vida, de pescadores de peixes a pescadores de homens, é um sinal desta nova relação.

Meditar a palavra
Vamos fixar-nos nas palavras de Jesus «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Estas palavras têm a força e o poder de Deus. Escutá-las não é o mesmo que escutar uma notícia ou ouvir as palavras agradáveis de um amigo. Estas palavras trazem consigo a doçura do amor de Deus e a urgência de mudar a vida. Exigem o movimento que depois vemos nos apóstolos. Eles que lançavam as redes ao mar, deixaram tudo e seguiram Jesus, com outro rumo, com outro objetivo, com outra missão. Esta é a parte difícil da conversão. Ver que não estamos bem, querer mudar a nossa vida, são atos que exigem muito de nós, mas mudar mesmo de forma decidida, isso é de uma loucura inexplicável. 

Rezar a palavra
Jesus, peço-te que faças ouvir a tua voz no meu íntimo para que não fique prisioneiro de mim mesmo. Peço-te que lances a tua voz contra os meus ouvidos para não ficar enredados nas minhas redes. Dirige-me a tua palavra para que cresça em mim o desejo de libertação e de mudança e se opere em mim uma verdadeira conversão, como resposta à tua palavra e como adesão ao teu chamamento.

Compromisso
Na minha meditação de hoje vou procurar entender em que rede ando aprisionado e que me impede seguir decididamente Jesus.

FONTE: PASTORAL LITÚRGICA