sábado, 29 de fevereiro de 2020

29/02/2020 🌹 A PEQUENA VIA: FIDELIDADE NAS PEQUENAS COISAS

“Me falava (refere-se a sua irmã Maria_) sobre as riquezas imortais que podemos facilmente guardar todos os dias e o infortúnio que seria passar próximo a elas sem nem sequer estender a mão para recolhê-las (...). Ele me ensinou a ser santa pela fidelidade nas menores coisas”. 
Santa Teresa do Menino Jesus (Manuscrito A, 33 rº).

Jesus está com você e a todo momento deseja lhe dar Seu Infinito Amor nas coisas mais pequenas e insignificantes ... Ele é um amante que quer se entregar a você ... e que gosta de cada detalhe seu... cada sorriso que dá a Ele ... cada fidelidade nas coisas menores.

Teresinha, hoje, o convida a "estender a mão" ... e levar os imensos tesouros da Graça e das bênçãos que Jesus preparou para você neste dia ... faça com que Ele também fique muito feliz hoje, dando-lhe muitos "pequenos presentes" de amor e de fidelidade. 

🌹🌹🌹 TUDO É GRAÇA 🌹🌹🌹

CARMELO SECULAR DE MADRID (ES).

FREI PATRICIO SCIADINI: O QUE NÃO DEVEMOS COMER NO JEJUM?

Mt.9 14-15 e Is.59 1-9

O profeta Isaías no cap.58, 1-9 não diz nada sobre o quanto se deve comer no “JEJUM”  e nem o que podemos ou não comer. Não fala de comida mas de “PECADO”, de injustiça, de desonestidade no comércio, no não pagar o salário justo, no não cumprir com o próprio dever....

TANTO É LADRÃO O PATRÃO QUE NÃO PAGA O SALÁRIO JUSTO COMO É LADRÃO O OPERÁRIO QUE NÃO TRABALHA COMO DEVE.

O jejum que Deus quer não é a mesa de comida, mas a “MESA” do pecado que nos escraviza e não agrada aos OLHOS DE DEUS.Mesmo JESUS no Evangelho nos diz a mesma coisa com outras palavras: ENTÃO NÃO DEVEMOS JEJUAR?

Sim, mas jejuar do que?
Do pecado nas suas várias manifestações que vão do ódio ao alimento, da injustiça à não partilha da casa, das roupas e do pão. 

POR QUE JEJUAR?
Para nos libertar da avareza, da indiferença, do acumular injustamente aquilo que pode servir aos outros...

JEJUAR para ajudar os mais pobres, escolher gastar menos para ajudar quem precisa. Jejuar de alguns alimentos e encher o ESTÔMAGO com outros e não sentir a MORDIDA DA FOME NÃO SERVE A NADA. JEJUAR para perder peso, por estética...Deus não olha a BALANÇA, mas o CORAÇÃO.

Irmão “aquilo que não come porque jejua não é mais teu, é dos pobres (São Basílio). Come mas não peque. O jejum é oração, é caridade, é PARTILHA do AMOR e misericórdia que nos é dada por Deus. 

ORAÇÃO: MARIA, ajuda-nos a entender de qual pecado precisamos nos libertar nesta QUARESMA. AMÉM

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

28/02/20 🌹 A PEQUENA VIA: A PAZ DE JESUS NA QUARESMA

“Na véspera do grande dia (sua Primeira Comunhão), recebi a absolvição pela segunda vez. A confissão geral deixou uma grande paz em minha alma e Deus não permitiu que nada a perturbasse, nem a menor e mais ligeira nuvem. À tarde pedi perdão a toda minha família (...) mas só conseguia falar a língua das lágrimas.Estava muito emocionada”. Santa Teresinha do Menino Jesus (Manuscrito A, 34º)

Jesus está disposto a perdoar todos os seus pecados e encher seu coração de paz. Ele também está disposto a lhe dar a graça de perdoar e pedir perdão ... se você abrir o coração para curar suas feridas.

Teresinha, hoje, o convida a empreender esta Quaresma com o coração cheio de paz. Aproxime-se do Sacramento da penitência para receber perdão dos seus pecados. Perdoe e peça perdão àqueles que o rodeiam ... e então, nada e ninguém poderá tirar de você essa paz que está no fundo do seu coração ... porque é a paz de Jesus!

🌹🌹🌹 TUDO É GRAÇA🌹🌹🌹

CARMELO SECULAR DE MADRID (ES)

FREI PATRICIO SCIADINI: QUEM SÃO OS QUE REJEITAM JESUS?

Lc 9,22-25

Na maior parte dos países do mundo já começou a QUARESMA, em outros países como o EGITO onde há coptos ou ortodoxos, começa na próxima semana. 

No Evangelho de Lucas, nestes versículos, JESUS nos diz quem são aqueles que o REJEITAM:

OS ANCIÃOS
OS CHEFES DOS SACERDOTES
OS ESCRIBAS

POR QUE?
São três categorias de pessoas “fechadas” em si mesmas, legalistas, que não aceitam a novidade da mensagem de JESUS. São pessoas que não querem mudar, tem medo do novo, condenam todas as novidades, adoram o ídolo “TEMOS FEITO SEMPRE ASSIM”. JESUS apresenta aos discípulos o seu caminho que é A CRUZ..não se pode seguir o Evangelho sem o sofrimento e sem ser rejeitado.

DE que serve ao HOMEM ter TUDO se depois perde a sua alma, a sua consciência e paz?
Não será que às vezes pelo nosso legalismo, tradições, mente e CORAÇÕES fechados recusamos JESUS com a novidade do Evangelho? É bom para mim fazer um revisão de vida.

ORAÇÃO: MARIA, sempre aberta às novidades do “VINHO” novo trazido por JESUS, ajuda-nos a seguir os passos do SENHOR até o CALVÁRIO e com Ele morrer e RESSUSCITAR. AMÉM.

No Egito foi consagrado bispo da Igreja copta católica abuna Bischara, franciscano. Rezemos por ele.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

27/02/20 - LECTIO DIVINA - QUINTA-FEIRA DEPOIS DAS CINZAS

LEITURA I DEUT 30, 15-20

Moisés falou ao povo, dizendo: «Ponho hoje diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade. Se cumprires os mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te proponho – amando o Senhor, teu Deus, seguindo os seus caminhos e observando a sua lei, os seus mandamentos e preceitos – viverás e multiplicar-te-ás e o Senhor, teu Deus, te abençoará na terra de que vais tomar posse. Mas se o teu coração se desviar e não quiseres ouvir, se te deixares seduzir para adorar e servir outros deuses, declaro-te hoje que hás de perecer e não prolongarás os teus dias na terra em que vais entrar para dela tomar posse depois de passares o Jordão. Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós: proponho-vos a vida e a morte, a bênção e a maldição. Portanto, escolhe a vida, para que vivas tu e a tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e aderindo a Ele. Disto depende a tua vida e a longa permanência na terra que o Senhor jurou dar a teus pais Abraão, Isaac e Jacob».

Compreender a palavra
O texto de Deuteronômio desta Quinta-feira depois das cinzas faz parte de um longo discurso homilético. O contexto litúrgico destas palavras percebe-se facilmente pela expressão “hoje”. Este “hoje”, o hoje de Deus, dia sem ocaso, o tempo de Deus, o tempo em que ele se torna presente a cada homem e em cada lugar. O contexto da celebração litúrgica, durante a qual Moisés fala ao povo em nome de Deus, é claramente penitencial. Deus apresenta ao homem dois caminho “ponho hoje diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade”, “proponho-vos a vida e a morte, a bênção e a maldição” e o homem é chamado a escolher. O coração do homem, porém, pode desviar-se do caminho que, a qualquer pessoa consciente, se apresenta como o melhor caminho, o da felicidade. A perversão do coração leva a escutar a voz dos ídolos em vez da voz de Deus. Por isso, o Senhor reforça a sua advertência dizendo: “escolhe a vida, para que vivas tu e a tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e aderindo a Ele”. Este diálogo tem o céu e a terra como testemunhas da advertência de Deus.

Meditar a palavra
A liberdade que Deus dá ao homem não está isenta de perigos. As opções de cada dia podem conduzir à vida ou à morte, à felicidade ou à infelicidade. Deus propõe e oferece a sua bênção, o homem acolhe ou não, de acordo com a sua liberdade. Perante estas palavras, sou convidado a parar e a refletir. Os mandamentos do Senhor podem parecer difíceis de cumprir e até considerados um impedimento para a felicidade. Quando penso a felicidade a partir do único critério da minha vontade, ser feliz é fazer o que me apetece. Quando penso a felicidade a partir do que realmente me edifica como pessoa na referência aos outros e a Deus, então o valor do bem comum sobrepõe-se à minha vontade e faz-me descobrir uma alegria que brota do encontro. As minhas escolhas influenciam a vida e felicidade dos outros “para que vivas tu e a tua descendência”. A minha felicidade acontece quando escolho o caminho que traz a felicidade de todos. Então, viverei.

Rezar a palavra
“Se cumprires os mandamentos do Senhor, teu Deus, que hoje te proponho, viverás”. Que estas palavras soem no meu coração ao longo deste dia, para me converter a ti com todas as minhas forças, escolhendo a vida e a felicidade que me ofereces. Dá-me a tua bênção, Senhor, para discernir em cada momento segundo os teus mandamentos e viver de acordo com os teus preceitos.

Compromisso
Quero fazer deste dia um lugar de encontro com Deus que me adverte sobre o caminho da vida e o caminho da morte.

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EVANGELHO LC 9, 22-25

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». E, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, tem de perdê-la; mas quem perder a vida por minha causa salvá-la-á. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou arruinar-se a si próprio?».

Compreender a palavra
No início da Quaresma escutamos esta passagem decisiva de Lucas. Jesus anuncia a sua paixão, morte e ressurreição e propõe um caminho para os discípulos: “Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me”. Trata-se de seguir o mesmo caminho que Ele, a mesma renúncia, a mesma cruz e a mesma audácia. Para Jesus não há outra maneira de salvar a vida senão perdendo-a porque o mundo inteiro não chega para me salvar.

Meditar a palavra
Olho para Jesus, no início desta Quaresma, e pergunto-me se vale a pena tanto esforço, tanta entrega, tanta perda. Vejo no seu olhar a certeza da vida que se alcança depois de a perder na cruz. Mas os meus olhos têm dificuldade em ver o mesmo que Ele vê e o meu coração tem dificuldade em aceitar o que Ele aceita. Como posso crer que, perdendo esta vida, ganho a vida para sempre? Como entender que o mundo inteiro não vale mais? Este é apenas o início da Quaresma. Vou fazer este caminho com Jesus, Ele me ensinará a dar os passos necessários para que o meu coração acredite no que os meus olhos não podem ver.

Rezar a palavra
Na tua cruz, Senhor, a minha cruz. Na tua vida a minha vida. Aperto contra o peito esta cruz que não entendo e desejo ver o que meu coração não consegue acreditar. Mostra-me o teu reino para que aceite o teu calvário. Mostra-me a tua vida para que aceite a tua cruz. Mostra a tua vitória para que deseje a tua derrota, Senhor, e não deixes que viva nem morra por nenhuma ilusão.

Compromisso
Hoje vou contemplar Jesus na cruz, diante de um crucifixo, e iniciar com Ele um caminho espiritual de renúncia a mim mesmo.

PASTORAL LITÚRGICA.

27/02/20 🌹 A PEQUENA VIA: O VALOR DO SANTO SACRIFÍCIO

“Escrevi ao padre Pichon para me confiar suas orações e também lhe disse que em breve seria um carmelita (...) Maria me entregou uma carta dele. (…) O que mais gostei da carta dele foi esta frase: ”Amanhã celebrarei o santo sacrifício por você e por Paulina!”. Santa Teresa do Menino Jesus (Manuscrito A, 34º).

Não há nada nesta terra que possa ser comparado com o valor infinito do Santo Sacrifício da Missa, onde o próprio Jesus se oferece como Sacrifício de Louvor à Glória do Pai ... é o maior presente que pode ser recebido nesta vida!

Teresinha, hoje, convida você a tomar consciência do valor infinito (impossível de raciocinar a com nossa mente) de cada Santa Missa. Ofereça hoje, se puder, para alguém que você ama muito, por suas intenções e por tudo o que existe em seu coração agora ... e faça dela o maior presente!

🌹🌹🌹 TUDO É GRAÇA🌹🌹🌹

CARMELO SECULAR DE MADRID (ES).

FREI PATRICIO SCIADINI: SEMPRE É QUARESMA SEMPRE É PÁSCOA

 Mt.6
Na Igreja latina ontem (26/02) começa o caminho quaresmal, na Igreja copta no Egito e nos outros ritos começa na próxima semana. Mas sempre é tempo favorável para a nossa conversão, para tomar consciência de que somos pecadores, que precisamos nos reconciliar com DEUS, COM OS OUTROS, CONSIGO MESMO para sermos livres pela liberdade que nos traz JESUS.

Deus não PUNE nem OPRIME nem CASTIGA... Nos ama, nos corrige com o seu AMOR

O que quer nos dizer o SENHOR com a epidemia do CORONAVÍRUS? Para mim ELE nos chama novamente à consciência da nossa fragilidade: diante dela a saúde, a riqueza, o poder, a força das armas.... não valem nada.


Nos resta só o AMOR, a solidariedade, a bondade, a misericórdia e a ajuda da ciência. É o chamado forte para nos unirmos para vencer todos os males sejam físicos, espirituais, morais.


A grandeza do homem não está na sua força que um “VÍRUS” pode destruir mas na bondade que nenhum VÍRUS nem ferrugem podem destruir. O caminho da Quaresma, que comece antes ou depois, é sempre CONVERSÃO e nos convida à RESSURREIÇÃO dos nossos pecados que só é possível em Cristo Jesus. Os meios são sempre os mesmos ontem, hoje e amanhã.


ORAÇÃO
JEJUM
CARIDADE PARTILHA dos bens com os mais pobres.

São as TRÊS CHAVES que JUNTAS abrem as portas do PARAÍSO aqui na Terra e no Céu.

MARIA, MÃE, protege-nos neste caminho da reconciliação e leva-nos a reconhecer a nossa pobreza e que somente JUNTOS venceremos todos os males. AMÉM.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Estudantes e Postulantes em Curitiba!

 Fr. Rafael, Lucas, Diego, Leandro e Fr. Igor.




Aspirantes (Felipe, Anderson, Maycon, José e Leonardo)


26/02/20 🌹 A PEQUENA VIA: QUARTA-FEIRA DE CINZAS

“E vejo que tudo é vaidade e aflição de espírito sob o sol… e que a única coisa boa, que vale a pena, é amar Deus de todo o coração e ser pobre em espírito aqui na terra”. Santa Teresa do Menino Jesus (Manuscrito A, 32)

Jesus quer se unir a ti... Ele quer que você deixe tudo, para que Ele seja o único Dono de seu coração. A Quaresma, que começa hoje, é uma época de purificação no Amor, de livrar-se dos laços, de viver na pobreza em espírito.

Teresinha, hoje, convida você a colocar Jesus como o único bem ... que Jesus seja a única Palavra de seus lábios, o único Dono e Senhor de seu coração ... e livre-se de outras palavras, outros amores, outros laços de coração ... e viva apenas para Deus!

🌹🌹🌹 TUDO É GRAÇA🌹🌹🌹

CARMELO SECULAR DE MADRID (ES).

26/02/20 - LECTIO DIVINA - QUARTA-FEIRA DE CINZAS



LEITURA I JL 2, 12-18
Diz agora o Senhor: «Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos. Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e misericordioso, pronto a desistir dos castigos que promete. Quem sabe se Ele não vai reconsiderar e desistir deles, deixando atrás de Si uma bênção, para oferenda e libação ao Senhor, vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, ordenai um jejum, proclamai uma reunião sagrada. Reuni o povo, convocai a assembleia, congregai os anciãos, reuni os jovens e as crianças. Saia o esposo do seu aposento e a esposa do seu tálamo. Entre o vestíbulo e o altar, chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, dizendo: ‘Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo e não entregueis a vossa herança à ignomínia e ao escárnio das nações. Porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?’». O Senhor encheu-Se de zelo pela sua terra e teve compaixão do seu povo. 

Compreender a palavra
Joel é um profeta muito interessante, vale a pena lê-lo. Ele é capaz de perceber a presença de Deus e a sua mensagem nas coisas simples da vida quotidiana, porque contempla a vida com os olhos da novidade permanente. Neste texto proposto em Quarta-feira de cinzas, salta à vista a afirmação de abertura “convertei-vos a mim” que logo encontra seguimento na expressão “convertei-vos ao Senhor, vosso Deus”. A urgência da conversão obriga à reunião do povo em assembleia litúrgica “Reuni o povo, convocai a assembleia, congregai…”. Os sacerdotes emprestam a sua voz e são manifestação dos sentimentos de todo o povo, repetindo continuamente entre choro e lamentação: “Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo…”. Por outro lado Deus é clemente, compassivo, paciente, misericordioso e cheio de compaixão pelo seu povo. Ninguém poderá por em causa a misericórdia do Senhor, pois ele é “pronto a desistir do castigo”. 

Meditar a palavra
Perante esta palavra comunicada por Joel, sou confrontado com a misericórdia de Deus. Ao contrário do que muitas vezes entendo, pela interpretação que dou às palavras dos profetas, Deus não precisa que me arrependa para ser misericordioso para comigo, nem depende no nosso arrependimento a capacidade que Deus tem em perdoar. Deus é misericordioso e perdoa sempre, mesmo quando não me reconheço pecador e não tenho intenção de me arrepender. É esta força do amor misericordioso de Deus por mim, um amor que se revela como perdão incondicional, que me faz “rasgar o coração” e perceber que não posso continuar obstinadamente no caminho do mal. O amor misericordioso de Deus atrai-me e porque me sei amada não resisto e deixo crescer em mim o desejo de amar aquele que me amou primeiro.

Rezar a palavra
“Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo”. Esta é a minha oração de hoje, Senhor. Nos meus lábios as palavras que tu próprio me ensinas. Por ti, só por ti, posso dizer “perdoa-me”. É na força do teu amor incondicional por mim, que encontro a capacidade de me reconhecer pecador e de me dirigir a ti, dizendo “não sou digno”, “perdoa-me, Senhor minha culpa e meu pecado”.

Compromisso
Inicio, hoje, o meu caminho de conversão reunindo-me com os meus irmãos na celebração litúrgica das cinzas.

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LEITURA II 2COR 5, 20 — 6, 2 
Irmãos: Nós somos embaixadores de Cristo; é Deus quem vos exorta por nosso intermédio. Nós vos pedimos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus. A Cristo, que não conhecera o pecado, identificou-O Deus com o pecado por amor de nós, para que em Cristo nos tornássemos justiça de Deus. Como colaboradores de Deus, nós vos exortamos a que não recebais em vão a sua graça. Porque Ele diz: «No tempo favorável, Eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio». Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação.

Compreender a palavra
Paulo faz-se voz de Deus para exortar à reconciliação os cristãos de Corinto. “Somos embaixadores”, diz Paulo. Falamos em nome de outro. Aquele que nos envia, Cristo, é quem vos exorta porque foi ele que Deus identificou com o pecado para nos justificar. Este tempo, diz Paulo, é tempo de Deus, tempo favorável, dia de salvação.

Meditar a palavra
Ao ouvir a exortação de Paulo reconheço que Deus me envia embaixadores para chamar a atenção da minha vida. Não posso facilitar, não posso continuar desatento, não posso permitir-me a mediocridade quando Cristo foi identificado com o meu pecado para que ele e não eu pagasse. Fui justificado por ele. Fui justificado pelo seu sangue. Contraí uma dívida para o resto da minha vida. Cristo salvou-me com o seu sangue. Hoje é esse dia em que a salvação está mais perto de mim do que no momento em que abracei a fé. A noite da vida vai adiantada, vem aí o dia da ressurreição. Não posso perder mais tempo sem conversão, sem reconciliação.

Rezar a palavra
Senhor Jesus, carregaste sobre ti o meu pecado para pagar por mim o castigo da cruz. Derramaste em meu lugar o sangue. É desse sangue que vivo hoje, vivo de graça, vivo de ti. Quero reconhecer tudo quanto fizeste por mim, converter a minha vida e reconciliar-me com Deus e com os irmãos. Quero dar a vida como embaixador da tua palavra para que outros se reconciliem também no teu sangue e vivam da tua graça.

Compromisso
Quero ser embaixador da reconciliação.

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EVANGELHO MT 6, 1-6.16-18
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».

Compreender a palavra
Na tradição cristã, este a quarta feira de cinzas é um dia de penitência. A palavra do Evangelho é particularmente intensa e elucidativa dos pontos essenciais a que precisamos de prestar maior atenção. Jesus começa por dizer “Tende cuidado”. Esta chamada de atenção vai desenvolver-se depois em três tempos, todos com duas palavras incisivas, “não sejais como os hipócritas” e “teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa”. Quando rezares, quando deres esmola e quando fizeres penitência não sejas como os hipócritas mas fá-lo em segredo porque o teu Pai vê no segredo.

Meditar a palavra
Sinto-me em zona de perigo. Preciso de ter muito cuidado. O sinal, a palavra de Jesus, está a chamar-me a atenção e preciso de levá-lo a sério. A oração, a esmola e o jejum são elementos onde se expõe toda a minha vida e não momentos pontuais. No fundo, está em causa a sinceridade com que realizo todas as coisas. Mas também devo prestar atenção ao conteúdo destas três ações. Como vivo a oração? Com que intensidade? Durante quanto tempo? Em que ambiente interior e exterior faço diariamente a minha oração? Dou esmola? Com que intenção? Motivado por que sentimentos? Dou o que posso ou o que o outro precisa? Que jejum faço? Apenas o jejum dos alimentos ou também o jejum de tudo o que está a envenenar a minha vida, a minha consciência, o meu coração e a minha inteligência?

Rezar a palavra
Meu Senhor e meu Deus, ao escutar no meu coração a tua palavra senti, de repente, que estou envenenado. Sinto-me intoxicado. Tantas propostas, tantas ideias, tantas opiniões, tantas afirmações chegam a mim sem serem filtradas, sem qualquer reflexão, sem nenhum critério e são absorvidas. Percebo que vivo muito mais na onda da futilidade e do interesse imediato do que na profundidade do meu ser, onde sei que tu estás. Em ti está a verdade que me deve orientar e preencher. Faz com que, nesta Quaresma, eu seja capaz de entrar em mim e tomar consciência da tua proposta, deixar o caminho dos hipócritas e viver a sinceridade diante do Pai que tudo vê, tudo conhece e tudo pode transformar em mim.

Compromisso
Quero começar bem a Quaresma, por isso, vou guardar um tempo mais longo e mais intenso para a oração. Vou fazer uma refeição mais simples e o que poupar, vou entregar na paróquia para a renúncia quaresmal.

PATORAL LITÚRGICA.

FREI PATRICIO SCIADINI: VIRGEM MARIA, SAÚDE DA HUMANIDADE


Ó Virgem MARIA, Mãe nossa, tu que sempre proteges a humanidade, vem em nosso auxílio.
Toda a humanidade sofre pela epidemia do CORONAVÍRUS que avança semeando medo e morte em tantos países do mundo. Faz que a nossa oração faça descer do céu o dom da ciência para que seja descoberta a vacina para curar a humanidade desta nova doença. Afasta de nós essa doença, liberta-nos do medo e nos proteja com o teu amor materno. Te suplicamos, ó MARIA, intercede por nós para que possamos ter a saúde da alma e do corpo. E liberta-nos de todos os males para vivermos a serviço de DEUS e dos nossos irmãos e irmãs. AMÉM.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

25/02/20 - LECTIO DIVINA - TERÇA-FEIRA DA SEMANA VII DO TEMPO COMUM

LEITURA I TG 4, 1-10 

De onde vêm as guerras? De onde procedem os conflitos entre vós? Não é precisamente das paixões que lutam em vossos membros? Cobiçais e nada conseguis: então assassinais. Sois invejosos e não podeis obter nada: então entrais em conflitos e guerras. Nada tendes, porque nada pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões. Oh criaturas infiéis! Não sabeis que a amizade pelo mundo é inimizade para com Deus? Quem quer ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus. Ou pensais que é em vão que a Escritura diz: «Deus reclama para Si o Espírito que fez habitar em nós»? Mas Ele concede uma graça maior e por isso a Escritura diz também: «Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes». Portanto, submetei-vos a Deus; resisti ao diabo e ele fugirá de vós. Aproximai-vos de Deus e Ele Se aproximará de vós. Lavai as vossas mãos, pecadores; purificai os vossos corações, almas indecisas. Reconhecei a vossa miséria, cobri-vos de luto e chorai. Converta-se em pranto o vosso riso e em tristeza a vossa alegria. Humilhai-vos diante do Senhor e Ele vos exaltará. 

Compreender a palavra
São Tiago traça uma linha esclarecedora para que, analisando a vida interior, compreendamos a distância a que nos encontramos de Deus. O nosso procedimento está identificado com as coisas do mundo e não com as de Deus. Paixões, cobiças, invejas estão na origem de todos os conflitos e de todas as guerras. Até a oração está desfocada e por isso não serve para nada. Há outro caminho, diz São Tiago. Submetei-vos, aproximai-vos, lavai as vossas mãos, purificai os vossos corações, reconhecei a vossa miséria, humilhai-vos. Este caminho espiritual leva ao encontro com Deus que resiste aos soberbos, mas dá a graça aos humildes.

Meditar a palavra
Reconhecer que muito do mal que existe à nossa volta é provocados por nós mesmos e pelas nossas paixões desordenadas, pelas invejas e cobiças, pela nossa soberba e arrogância. Reconhecer tudo isto é um passo para convertermos a vida num lugar de amizade com Deus. Pactuar com o mundo é tornar-se inimigo de Deus. A facilidade com que nos desviamos e fabricamos divisões e discórdias, desentendimentos e inimizades mostra quão perigoso é o caminho do mundo. Procurar o Senhor passa pelo reconhecimento do nosso pecado que consiste sempre num coração obstinado e soberbo que se considera mais que os outros e se coloca a si mesmo acima de todos. Humilhai-vos, diz São Tiago, diante do Senhor e ele vos exaltará.

Rezar a palavra
Chama, Senhor, o meu coração obstinado e soberbo e leva-me à humildade que reconhece o pecado e te reconhece como Deus e Senhor, o único capaz de trazer a paz. Fortalece a minha vontade e orienta o meu coração para ti, a fim de que as minhas palavras sejam oração agradável e as minhas ações, suave perfume do amor misericordioso. 

Compromisso
Humilhar-me diante de Deus é o meu caminho para hoje.

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EVANGELHO MC 9, 30-37
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia, mas Ele não queria que ninguém o soubesse; porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens e eles vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».

Compreender a palavra
É curioso que Marcos nos revela que o ensino de Jesus aos discípulos é o anúncio da sua morte. Às multidões e às pessoas em particular fala-lhes de muitas coisas, mas aos discípulos vai-os instruindo sobre o caminho de fidelidade e obediência ao Pai. Enquanto Ele lhes fala da sua paixão, os discípulos falam sobre a importância de cada um deles diante de Jesus: “qual é o maior?”. A insistência de Jesus sobre a sua atitude a caminho da cruz, mostra uma nova avaliação entre o primeiro e o último. O último está mais perto de Jesus.

Meditar a palavra
O convite de Jesus pretende levar-me para lá dos interesses deste mundo. Os homens entretêm-se com questão de lugar, importância, prestígio, poder. Jesus pretende que a minha vida se gaste por razões mais elevadas para que possa alcançar uma outra plenitude. O projeto de Deus para a salvação dos homens passa por Jesus e passa por mim, pela sua paixão e pela minha paixão, pela sua morte e pela minha morte. Participar deste plano está ao meu alcance, mas será que quero prescindir dos critérios com que o mundo avalia uma vida feliz para perceber a felicidade que me é oferecida por Jesus?

Rezar a palavra
Vinham a discutir sobre qual deles era o maior. Gastaram o tempo do caminho com banalidades que em nada mudaram a situação em que se encontravam. Perderam as tuas palavras e com isso, perderam a direção para onde deviam seguir. Não fosse a tua chamada de atenção ao perguntar: “que discutíeis no caminho?” e não teriam chegado a lado nenhum. Como eles, também eu, Senhor, me perco em superficialidades porque perco as tuas palavras. Fala aos meus ouvidos, Senhor, para que entenda onde queres que morra contigo pelos homens.

Compromisso
Tenho que acolher mais intensamente a palavra de Deus em mim.

PASTORAL LITÚRGICA.

25/02/20 🌹 A PEQUENA VIA: UNIR-SE A JESUS

“Teresa não havia lhe pedido que retirasse sua liberdade, porque sua liberdade a assustava? Ela se sentia tão fraca, tão frágil que queria se unir a Jesus. Para sempre à Força Divina ...! ”.  Santa Teresa do Menino Jesus (Manuscrito A, 35 rº)

Em muitas ocasiões, percebemos quão fracos somos, como somos incapazes de cumprir nossos bons propósitos, nossa fragilidade, nosso desamparo ...

Teresinha, hoje, convida você a não confiar em seu forças próprias, mas em Jesus ... una-se a Ele, que é a Rocha que nunca falha, e Nele você encontrará toda a força que precisa na batalha!

🌹🌹🌹 TUDO É GRAÇA🌹🌹🌹

CARMELO SECULAR DE MADRID (ES).

FREI PATRICIO SCIADINI: MEDITAÇÕES

OS DEMÔNIOS SE EXPULSAM SOMENTE COM A ORAÇÃO 
Mc.9,14-29

O evangelista Marcos hoje coloca diante dos nossos olhos JESUS que é o centro da multidão que corre até Ele para saudá-lo, pedir ajuda, para ser curada. 

Todo o mal físico e espiritual pode ser considerado DEMÔNIO que nos impede de sermos felizes. Vivemos um momento difícil, o CORONAVÍRUS nos dá medo, é um mal que devemos vencer com a ciência, a oração e a nossa cooperação.


No Evangelho temos a presença de um doente possuído pelo DEMÔNIO ESPIRITO DO MAL.
JESUS o liberta do mal que o possui, o agita, o “desequilibra”.


Há um pai que pede a JESUS
“se podes, cura o meu filho”
É uma oração fruto da fé.
Como se vencem TODOS OS DEMÔNIOS
do ódio, do racismo, os DEMÔNIOS do mal?

Eis a resposta de JESUS:
TODOS ESTES DEMÔNIOS SE VENCEM COM A ORAÇÃO. 
O DEMÔNIO não resiste a quem reza, quem reza derrota sempre todos os demônios. Não se vence nunca sozinho, mas com a ajuda de DEUS e com a oração que aumenta a nossa fé. O PAI do demônio é o egoísmo, o individualismo que nos fecha à ação de Deus que é AMOR, generosidade e PARTILHA.


ORAÇÃO: MARIA que esmagou a cabeça do demônio ajuda-nos a nunca deixar a oração. AMÉM

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A IGREJA É VOZ PROFÉTICA QUE COLOCA EM CRISE AS CONSCIÊNCIAS

AMO A IGREJA E GOSTARIA DELA sempre profética, corajosa, capaz de colocar em crise e tirar o sono de quem se crê dono do mundo. Uma Igreja (papa, cardeais, bispos, sacerdotes, cristãos) que com a sua vida e palavras fossem capaz de gerar jovens que se recusam a obedecer a quem ordena guerras, a quem fabrica e vende armas.

Uma geração capaz de BOICOTAR todos os projetos de morte e dar vida à cultura da vida, da paz. A Igreja profética que grita, que se deixa colocar na prisão, mas que não se vende às leis do mercado injusto da economia e do poder. As novas consciências e as novas políticas nascerão somente quando “HOMENS E MULHERES NOVOS” bloquearão nos parlamentos as leis de exploração dos pobres. 


QUERO SER uma pequena voz desta Igreja profética, um eco da voz de Cristo e gritar que a guerra é loucura, que o ódio é morte, que a fome, as doenças não se vencem com as armas, mas com a paz. A Igreja profética é pobre, corajosa, levanta a voz, condena para que aconteça a conversão...abandono das armas, da discriminação do racismo... não se pode ser feliz se consideramos um só homem inimigo ou inferior a nós mesmos. 

Queria uma Igreja profética sem meios e sem riqueza, mas forte somente pela força de Deus que anuncia a VERDADE e denuncia as injustiças. 

ORAÇÃO: Dai-me SENHOR que no meu pequeno mundo e com os meus pequenos meios seja profeta de paz, justiça e AMOR. AMÉM.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

24/02/20 🌹 A PEQUENA VIA: OLHOS DA ALMA

“Sinto minha incapacidade para expressar os segredos do céu com palavras da terra (…) há tanta variedade de horizontes (…) que apenas a paleta do O pintor celestial pode me fornecer (...) as cores apropriadas para pintar as maravilhas que ele descobre nos olhos da minha alma". Santa Teresa do Menino Jesus (Manuscrito B, 1º).

As belezas, as grandezas, as maravilhas de seu Amor são tão grandes ... a felicidade e a alegria a que fomos chamados é tão grande ... que não há palavras capazes de expressar, neste Terra, todas essas realidades que superam nossa compreensão e nossa linguagem.

Teresinha, hoje, convida você a deixar Jesus te mostrar aos olhos da alma ... o que eles não são capazes de expressar as palavras. Peça a Ele para colocar em seu coração uma fonte de louvor e adoração que brote incessantemente!

🌹🌹🌹 TUDO É GRAÇA🌹🌹🌹

CARMELO DESCALÇO SECULAR DE MADRID (ES).

24/02/20 - LECTIO DIVINA - SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA VII DO TEMPO COMUM

LEITURA I TG 3, 13-18 

Caríssimos: Quem é sábio e inteligente mostre com o seu bom procedimento os frutos da sua sabedoria vivida com modéstia. Mas se guardais no coração inveja mal entendida e espírito de discórdia, não vos orgulheis nem mintais contra a verdade. Esta sabedoria não desce do alto: é terrena, animal e diabólica. Porque, onde há inveja e rivalidade, também há desordem e toda a espécie de más ações. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz. 

Compreender a palavra
São Tiago escreve com profundidade e mostra em palavras simples o caminho espiritual da verdadeira sabedoria. Os maus sentimentos da inveja, o espírito de discórdia e a rivalidade, conduzem às más ações e revelam uma sabedoria deste mundo. Pelo contrário, a verdadeira sabedoria revela-se no modo de proceder, conduz às boas obras, não tem hipocrisia, produz a paz, porque é pura, pacífica, compreensiva, generosa e cheia de misericórdia.

Meditar a palavra
Na sua reflexão São Tiago usa esta expressão: “Se guardais no coração”. Este é o centro de todo o texto. Talvez pudéssemos dizer que todos, um dia, uma vez, numa circunstância, sentimos inveja, experimentamos um mal-entendido, deixamos que o coração se magoasse com uma palavra ou um olhar. Talvez todos tenhamos mentido e provocado a discórdia ou a rivalidade. Todos fomos de algum modo hipócritas em alguma situação. Mas o mal não está em ter sido, em experimentar a debilidade em alguns momentos da vida. O mal, a falta de sabedoria do alto está em “guardar no coração”. Por isso não pergunto a mim mesmo se fiz mal a alguém ou se alguém me fez mal, se magoei ou fui magoado, mas pergunto se guardo no coração essa ofensa, essa mágoa, essa injustiça, a dor de um momento e se permito que ele se prolongue na minha vida impedindo o perdão generoso, a misericórdia que é fruto do amor.

Rezar a palavra
Senhor Jesus, sinto que não faço tudo bem, que, por palavras, atos e omissões deixo marcas nos corações dos meus irmãos. Mas tu sabes que não guardo em mim nenhum rancor, nenhuma inveja, nenhuma rivalidade, nenhuma mágoa. Só tu sabes o quanto o perdão e a misericórdia me habitam. Mas, aumenta em mim esta capacidade, faz-me mais generoso no amor, para que todos os que ainda não entenderam que nada guardo de mal no meu coração se sintam também eles amados por mim para lá de todas as mágoas provocadas pela vida.

Compromisso
Vou repensar o meu coração para que nenhum mau sentimento me impeça de perdoar aos meus irmãos.

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EVANGELHO MC 9, 14-29

Naquele tempo, Jesus desceu do monte, com Pedro, Tiago e João. Ao chegarem junto dos outros discípulos, viram uma grande multidão à sua volta e os escribas a discutir com eles. Logo que viu Jesus, a multidão ficou surpreendida e correu a saudá-l’O. Jesus perguntou-lhes: «Que estais a discutir?». Alguém Lhe respondeu do meio da multidão: «Mestre, eu trouxe-Te o meu filho, que tem um espírito mudo. Quando o espírito se apodera dele, lança-o por terra, e ele começa a espumar, range os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram». Tomando a palavra, Jesus disse-lhes: «Oh geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de vos suportar? Trazei-mo aqui». Levaram-no para junto d’Ele. Quando viu Jesus, o espírito sacudiu fortemente o menino, que caiu por terra e começou a rebolar-se espumando. Jesus perguntou ao pai: «Há quanto tempo lhe sucede isto?». O homem respondeu-lhe: «Desde pequeno. E muitas vezes o tem lançado ao fogo e à água para o matar. Mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e socorre-nos». Jesus disse: «Se posso?… Tudo é possível a quem acredita». Logo o pai do menino exclamou: «Eu creio, mas ajuda a minha pouca fé». Ao ver que a multidão corria para junto d’Ele, Jesus falou severamente ao espírito impuro: «Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: sai deste menino e nunca mais entres nele». O espírito, soltando um grito, agitou-o violentamente e saiu. O menino ficou como morto, de modo que muitas pessoas afirmavam que tinha morrido. Mas Jesus tomou-o pela mão e levantou-o, e ele pôs-se de pé. Quando Jesus entrou em casa, os discípulos perguntaram-Lhe em particular: «Porque não pudemos nós expulsá-lo?». Jesus respondeu-lhes: «Este gênero de espíritos não se pode fazer sair, a não ser pela oração».

Compreender a palavra
Marcos apresenta-nos uma cena cheia de pormenores que merecem a nossa atenção e que funcionam entre si como uma catequese. Um primeiro quadro mostra os discípulos incapazes de curar um jovem doente (com um espírito impuro). Num segundo quadro, Jesus aparece, e vê-se confrontado com o mesmo pedido por parte do pai do menino. Jesus manifesta a sua indignação pelo espetáculo em que se tornou o acontecimento e pela falta de fé de todos. Finalmente há um diálogo interessante entre Jesus e o pai do menino. Neste diálogo revela-se a progressão na fé por parte do homem. Tudo termina com o diálogo entre Jesus e os discípulos. Jesus mostra-lhes que a fé não é um espetáculo para atrair multidões, mas um acontecimento que brota e cresce na intimidade do encontro com Deus, na oração.

Meditar a palavra
A palavra confronta-me com a confusão da multidão, com a incapacidade dos discípulos e com a falta de fé do homem. Eu sou muitas vezes como a multidão. Ando confuso na busca de situações espetaculares que distraiam a minha vida do essencial. Tantas vezes, por isso mesmo, me vejo incapaz de responder às grandes questões da minha vida e incapaz de ser porto seguro para as aflições dos outros. No fundo sou dono de uma fé muito superficial que se fixa apenas em interesses momentâneos. Jesus chama-me a fazer a experiência da fé como abandono. “Tudo é possível a quem acredita”. Finalmente, Jesus mostra-me que só Ele pode transformar a minha vida. Ele toma-me pela mão e levanta-me.

Rezar a palavra
Porque não posso eu, expulsar da minha vida os espíritos impuros que turvam o meu coração, Senhor? Porque é que a minha voz não tem força para dizer “Sai” e permito que me lancem ao fogo e à água para matar o que há de melhor em mim? Senhor, «Eu creio, mas ajuda a minha pouca fé». Senhor lança-me na tua água e purifica-me no fogo do Espírito Santo para que seja tua morada para sempre.

Compromisso
A minha oração de hoje vai ser um momento de reencontro com o Batismo que recebi para reavivar a fé que aí me foi dada. Se possível vou a uma igreja e rezo junto da fonte Batismal.

PASTORAL LITÚRGICA. 

Memória da Beata Josefa Naval Girbés, Carmelita Secular

HISTÓRICO
Josefa Naval Girbés nasceu em Algemesi, Província de Valência, Espanha, no dia 11 de dezembro de 1820. Algemesi era um povoado eminentemente agrícola, com quase 8000 habitantes, uma única paróquia, um convento de Dominicanos, um hospital, escassos centros de instrução e poucas indústrias elementares. Foram seus pais Francisco Naval Carrasco e Josefa Girbés, e seus cinco irmãos: Maria Joaquina (morreu pequena), outra Maria Joaquina, Vicente, Peregrina (morreu aos 14 anos) e a pequena Josefa (que morreu apenas nascida).

De seus pais herdou Josefa, seu grande espírito de fé, sua ardente caridade, seu amor ao trabalho e o desejo ardente de viver sempre na graça de Deus. Maria Josefa recebeu o Santo Batismo no mesmo dia em que nasceu. Desde aquele momento só a chamavam com o nome de Josefa, mas alguns de seus devotos a seguem chamando de “Senhora Pêpa”.

Quando Josefa tinha oito anos, recebeu o Sacramento da Confirmação. Adquiriu uma cultura elementar, suficiente para desenvolver-se em meio no qual se passava sua vida. Aprendeu a bordar, atividade que com tanto acerto ensinou as suas numerosas alunas.
Sua infância transcorre sem acontecimentos especiais. Em sua formação religiosa colaborou eficazmente sua mãe. Desde pequena aprendeu a amar à Santíssima Virgem, venerada perto de sua casa, no convento dos Padres Dominicanos. Desde pequena já manifestava um caráter reto, um tanto enérgico, que ela depois administraria em sua atividade apostólica.

Fez sua Primeira Comunhão quando apenas contava com nove anos e, nesta época, se comungava pela primeira vez apenas aos onze anos cumpridos. Sua mãe morreu quando ela tinha treze anos. A Virgem dos Padres Dominicanos a inspirou que nunca a abandonaria. Josefa, com seu pai e seus três irmãos, foi viver com sua avó materna.

Resultou em uma perfeita “ama” de casa, nos afazeres próprios da família. Dedicava um grande e doce cuidado com sua avó enferma, sem deixar sua vida de piedade nem dar concessões à rotina do cansaço. A avó morreu quando Josefa contava com 27 anos, ficando nesta casa com seu pai, seu tio Joaquim e seus irmãos sobreviventes Maria Joaquina e Vicente.

Seu pai morreu aos 62 anos, quando Josefa tinha 42 anos. Sua irmã Maria Joaquina se casou, morrendo aos 43 anos de idade. Seu irmão Vicente também se casou, teve três filhos que morreram muito pequenos, assim como sua esposa, pelo que já viúvo foi viver com ela. Seu tio Joaquim, um santo varão solteiro, morreu aos 77 anos, em 1870, ano no qual Josefa convidou sua discípula e confidente Josefa Esteve Trull a viver com ela, a quem, ao morrer, deixou seus bens em usufruto vitalício para que continuasse sua obra.

Josefa era de estatura mediana, nem alta, nem baixa; mais delgada do que gorda; de pele branca e fina; rosto ovalado, tinha um dente superior um pouquinho levantado que lhe fazia graça; olhos vivos e penetrantes, porém muito modestos; cabelos castanhos que logo se tornou grisalho; voz suave e acariciadora; sorria com muita freqüência, porém nunca se lhe viu rir forte; seu andar era moderado; vestia-se de cor escura, com sapato baixo e algo largo: o conjunto era de humildade e modéstia.

Para melhor agradar e entregar-se a Deus, em 04 de dezembro de 1838, escolheu a Jesus como seu único esposo, e a Ele consagrou para sempre sua virgindade; permanecendo indiviso seu coração (I Cor 7, 32-34), em sua união com Cristo fez progressos incessantes e se dedicou com todas suas forças à sua própria santificação e ao serviço da Igreja e das almas, demonstrando assim que a virgindade é o verdadeiro sinal e estímulo do amor e uma muito especial fonte de fecundidade espiritual no mundo (Documento Conciliar Lumem Gentium 42, Concílio Vaticano II).

Buscava todas as oportunidades para anunciar a Cristo, por palavras e com obras, tanto aos não crentes, para atrai-los à fé, como aos fiéis, para instruí-los, confirmá-los na mesma e estimulá-los a um maior fervor de vida. Com esta intenção ensinava às meninas a doutrina cristã, visitava aos enfermos, ajudava os pobres, aconselhava os quantos acudiam a ela, restaurava a paz em famílias desunidas, para as mães organizava em sua casa um círculo com a finalidade de conduzi-las à formação cristã, encaminhava de novo à virtude às mulheres que se haviam apartado do caminho reto e admoestava com prudência aos pecadores.

Porém, a obra a qual concentrou todos os seus cuidados e energias, foi a da educação humana e religiosa das jovens, para as quais abriu em sua casa uma escola gratuita de bordado, atividade manual que muito conhecia. Aquela atividade que por si mesma era “comercial”, à qual acudiam com assiduidade e entusiasmo muitas jovens de todas as esferas sociais, se converteu em um centro de convivência fraterna, oração, louvor a Deus, explicação e aprofundamento da Sagrada Escritura e das verdades eternas.

Deste modo contribuiu eficazmente para o incremento religioso de sua paróquia, formando assim muito boas mães de família, fomentando o germe da vocação à vida consagrada e ensinando a todos o que significa ser membros do Povo de Deus. Por tudo isso, ganhou grande estima e fama de santidade entre o clero e o povo. Inclusive depois de sua morte, que ocorreu piedosamente em 24 de fevereiro de 1893, continuou estendendo-se sua lembrança devido à santidade de sua vida e de suas obras.



Vestida com o hábito da Terceira Ordem do Carmo, seu venerável corpo foi depositado em um humilde ataúde. Pela manhã do dia seguinte, 25 de fevereiro, se celebrou o funeral e, pela tarde, o enterro. A caixa mortuária foi levada por suas alunas; as argolas brancas que pendiam do ataúde, por quatro das menores. Josefa foi depositada em um nicho que temporariamente adquirido e, definitivamente em 1902, por dona Josefa Esteve Trull, sua discípula predileta.

Ali permaneceu incorrupta até seu translado à paróquia, em 20 de outubro de 1946. A Cúria Arquiepiscopal de Valência iniciou a Causa de sua Canonização com a celebração do Processo Ordinário informativo durante os anos de 1950-1952, ao qual se seguiu um processo adicional em 1956. Em 03 de janeiro de 1987, Sua Santidade João Paulo II aprovava o decreto sobre as virtudes heroicas de Josefa Naval Girbés, e em setembro de 1988 o milagre proposto para sua Beatificação. A cerimônia de Beatificação se celebrou em São Pedro em 25 de setembro de 1988.


VOCAÇÃO À ORDEM SECULAR

Josefa Naval Girbés é, sem dúvida, um exemplo para todos os que são chamados à santidade sem abandonar o mundo. Quer dizer, sem deixar seu lugar, sua vida familiar e seu trabalho profissional. Ela permaneceu no mundo para ser modelo de santidade para os seculares. Josefa não fez votos para a vida consagrada e não ingressou em um convento, não por comodidade ou para escapar do rigor da vida comunitária, já que no mundo, sem sair de sua casa, viveu, em plenitude, os conselhos evangélicos, para ser um modelo exequível para a maior parte dos filhos da Igreja que são os seculares.

Teve plena consciência da condição de secular na Igreja, aos treze anos era uma perfeita “ama” de casa, à frente de uma família composta por sete membros. Josefa andou pelos caminhos da santidade em total entrega a Deus e em serviço a seus semelhantes. À sua condição de secular temos que aliar a de sua virgindade, que a introduz na intimidade com Deus e a faz disponível para uma ação apostólica visivelmente fecunda. Josefa é uma virgem secular, as duas coisas de uma só vez.

Josefa Naval se volta com a bagagem de suas virtudes e de sua atividade apostólica ao mundo de hoje, tão necessitado de guias nos caminhos da santidade: uma santidade imitável pelos filhos da Igreja, chamados a ela em sua condição de seculares. Esta mulher de Algemesi viveu no laicato da perfeição evangélica, entregando-se ao apostolado entre as jovens de seu povo, sendo um convite para a grande maioria dos cristãos que não foram chamados a uma consagração especial, e que nem por isso sua dignidade eclesial é menor. Ela que encheu os conventos de clausura, com virgens de vida consagrada, permaneceu no mundo para ser testemunho sem ter que abandona-lo. Foi testemunha de como a consagração a Deus é sinal e estímulo do amor e uma muito especial fonte de fecundidade em meio ao mundo. Santificar-se e santificar! Foi a norma de conduta desta Beata; e fazer sempre e em tudo a vontade de Deus, em circunstâncias ordinárias da vida e no cumprimento de seus deveres de estado.

Josefa, sem sombra de dúvida, pensou na possibilidade de orientar sua vida até algum convento; claro que consultou esta possibilidade com seu diretor espiritual, porém, com as luzes que o Senhor lhe concedeu e que ela recebeu com humildade e obediência e com o conselho de seus diretores, viu claramente que devia continuar no mundo sendo guia de almas que necessitavam de sua direção, seu exemplo de entrega a Deus e da ação benéfica de sua atividade apostólica.

Seu lugar na Igreja esteve sempre bem definido, desde o mundo para o mundo, desde Deus para os homens. O chamamento à perfeição que consiste fundamentalmente na união com Deus pelo amor, vivendo fielmente sua vontade, foi assumida por Josefa, desde sua condição de secular.

Viver em plenitude o amor a Deus e praticar esse amor na acolhida do próximo. Ela viveu na vizinhança dos demais irmãos e irmãs e, nesta vizinhança, o caminho de sua perfeição. “Procurai a perfeição com simplicidade”, e insistia: “temos que chegar à perfeição custe o que custar!”. O que ensinava à suas alunas, Josefa o vivia em plenitude. Sempre, com simplicidade e humildade, com naturalidade; como virgem consagrada a Deus em meio ao mundo, por cujos caminhos andou nossa Josefa até essa perfeição, que outras almas alcançam no silêncio dos claustros.

IDEAIS VOCACIONAIS
Josefa Naval Girbés, como abrindo de par em par sua alma, dizia muitas vezes: “meu ideal não é largar a vida, senão santificar minha alma”. Praticou em grau heroico as virtudes teologais da fé, esperança e amor, cujo exercício, bem sabemos os Carmelitas, nos levam ao abandono, à abnegação e à doação de nós mesmos, como ideais vocacionais.

Sua vida era toda para Deus: “temos que retorcer a vontade própria para que solte tudo o que não é vontade de Deus”. Essa vontade a descobria, com grande espírito de fé, em sua santa lei e nas obrigações do próprio estado. O apreço pelo cumprimento do dever que ela vivia e que ensinou a suas discípulas, se traduz nestas palavras: “o cumprimento do dever é o caminho; o grau de amor com que se cumpre é a medida da virtude que tem a alma”.

Josefa teve sempre um claro conhecimento da bondade de Deus, por isso pôs nEle toda sua confiança; ela que aspirava aos bens eternos e trabalhava por consegui-los, contava sempre com a ajuda de Deus. Para lográ-los consagrou toda sua vida: seus sofrimentos, que não foram poucos, ocasionados em grande parte por sua enfermidade, que a acompanhou desde os trinta anos até sua morte; seus trabalhos, os domésticos que ela teve que enfrentar desde os treze anos, e os que ela se impôs na escola-atelier que fundara; seus desvelos apostólicos que a levavam a preocupar-se com todos os que padeciam alguma carência material ou moral.

Ela esteve sempre nas mãos de Deus. Infundir esta confiança no coração de suas alunas foi sua tarefa. Assim dizia: “que nenhuma de vocês desconfie à vista de seus muitos pecados; nossa confiança não se apóia no que nós somos, senão no que Deus é e no amor misericordioso que Ele nos tem”. Josefa foi uma humilde serva do Senhor. O humilde reconhece seu nada, sua inteira dependência de Deus e em suas mãos confia. Anulava-se no templo, ante a imensa majestade de Deus; e essa atitude humilde se prolongava durante todo o dia, em que se dedicava a toda espécie de trabalhos, alguns os mais humildes.

Nunca consentiu que suas discípulas lhe ajudassem nos trabalhos ordinários de sua casa. Amava o retiro e o passar despercebida. Não falava de se mesma e nem de suas coisas. Nunca se fez objeto de festas ou de comemorações. Querendo enamorar suas alunas da virtude da humildade, lhes dizia: “Somos o que somos diante de Deus; haveremos de fazer as coisas com grande pureza de intenção. Procedendo desta maneira, se logo nos desprezam, devemos nos calar e não nos defendermos, ainda que, humanamente, tenhamos razão”.

O amor de Deus preenchia toda a vida de Josefa, a fé a fazia ver a Deus como infinitamente amável. Ele é o Bem Absoluto que sacia todas as aspirações da alma. Merece, pois, ser amado. Seu amor era um amor profundo na abnegação, no sacrifício, na entrega total ao cumprimento de sua vontade: “amar a Deus é entregar-se; amar a Deus é sofrer; o amor verdadeiro se prova com o sacrifício”.

Porém sabia que o amor a Deus passa também pelo meridiano do amor ao próximo. Amar ao próximo por Deus, amor que começa da convicção de que somos filhos de Deus e irmãos de Jesus Cristo. Tinha muito presente a Palavra de Deus (I João 4,20). Amou aos seus: a seus pais, a sua avó, a seu tio, a seus irmãos, ainda que um deles, Vicente, tivesse com ela um trato pouco amável, quando já viúvo, veio viver com ela. Amou a seus superiores, especialmente os sacerdotes, entre os quais cabe destacar a seus sábios diretores espirituais. Amou a suas discípulas, com paixão proporcionada a seu zelo. Porém, sobre tudo, amou aos indigentes, aos quais dedicou seus melhores afãs.

Seu amor à cruz foi uma mensagem constante para todas suas alunas. Assim dizia: “correspondamos ao amor sacrificado de Jesus em sua paixão. Haveis de levar a vossa cruz, cumprindo o dever como Deus manda. Sofrei com amor, aproveitando todas as ocasiões de pequenas doenças. Amar, amar e sofrer em silêncio; o amor se prova no sacrifício. Sacrificai vossos gostos”.

VIVÊNCIA DO CARISMA CARMELITANO
Alma de vida interior, aspirou sempre à perfeição. Para alcançá-la, se valeu dos meios que o carisma carmelitano põe a nossa disposição para fazê-los experiência de vida.
VIDA DE ORAÇÃO. – Josefa Naval foi uma alma de profunda vida interior. Sua fé a levava à convicção de que Deus, Uno e Trino, habita em uma alma em estado de graça. Ela viveu em plenitude aquele anúncio de Jesus Cristo: “a quem me ama, meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele nossa morada” (João 14, 23). Tão compenetrada estava com essas verdades que às vezes parecia como absorta em meio de suas ocupações. Mais de uma vez tinha que se retirar a seu quarto, onde, abstraída, com as mãos juntas e os olhos fechados, dedicava longo tempo à contemplação.

Alimentava sua vida interior com a Eucaristia e a oração. Oração vocal que aprendeu dos lábios de sua mãe. Oração mental que realizava nas primeiras horas da manhã, em sua paróquia, depois de sua Missa e comunhão. O trato íntimo com seu Esposo, Jesus, se acentuava na comunhão eucarística de cada dia, que ela renovava com freqüência na comunhão espiritual. E, ao encerrar as tarefas do dia, antes do descanso noturno, roubava algum tempo do descanso da noite para dá-lo a um trato íntimo com o Senhor. Nesta comunicação secreta com Deus, Josefa experimentava arroubamentos que silenciava com humildade.

Orando durante o trabalho, exercitando a presença de Deus com jaculatórias, vivia plenamente a presença de Deus. Dizia insistentemente a suas alunas: “levai convosco a presença de Deus”; e ajuntava: “tenhamos muita devoção à Santíssima Trindade, que mora em uma alma em estado de graça”. Deste seu espírito de fé na presença de Deus na alma brotava sua devoção ao Espírito Santo. Como celebrava Sua festa anual! Pentecostes era ocasião propícia para impulsionar em suas alunas o amor a Deus que tanto nos ama. Assim, com o motivo desta solenidade, organizava entre elas, durante três dias, turnos de oração e penitência.

A oração do Ângelus ao meio dia, e algumas outras práticas de piedade, entre as que sobressaía era a reza do Rosário a cada dia, se possível com suas discípulas.
Esta era sua repetida mensagem: “oração, oração; fazer a cada dia um momento de oração e tudo vos parecerá maneiro e suave. Aprendei a falar com Deus sem palavras e fazei assim um momento de oração meditativa. Diante do sacrário havemos de estar com grandíssima fé e reverência”; este último conselho ela dizia como expressão de seu espírito eucarístico.

PENITÊNCIA E MORTIFICAÇÃO. – Consciente das dificuldades que se opõem à perfeição, dizia a suas alunas: “filhas minhas, não temos que temer demasiadamente as dificuldades do caminho que temos empreendido; é verdade que esse caminho é pedregoso e está cheio de trabalhos e privações, porém também é certo que nosso Divino Capitão o trilhou durante sua vida, paixão e morte”. Viveu sempre unida às dores de Cristo, a esses sofrimentos redentores de Cristo uniu os seus, aquelas dores de cabeça que sofreu desde os trinta anos até sua morte e as penitências, inclusive materiais, que se impunha e autorizavam seus diretores. Praticou heroicamente a virtude da fortaleza, que fortalece a alma para servir a Deus, sem deter-se por nada, nem ante nada, nem sequer ante o temor da morte.

Era exigente consigo mesma, logo o era também com os demais. Para exercitar-se na fortaleza, seguindo adiante com exemplo, propunha a suas discípulas a prática da mortificação. Mortificações às vezes simples, porém saturadas de vitória contra si própria que pouco a pouco a preparavam a oferecimentos mais amplos e generosos. Dizia às suas alunas: “filhas minhas, se é necessária a fortaleza para empreender o caminho de Deus, não o é menos para aceitar o que Ele envia ou permite para nossa purificação, a saber: moléstias, enfermidades, desprezos…”.

Outra das virtudes que Josefa exercitou heroicamente foi a da temperança, necessária para moderar a inclinação ao prazer sensível, que pode impedir a perfeição e conseguir assim a posse de Deus. Fez como norma de sua vida aquela que São Paulo pregava: “castigo meu corpo e o reduzo à servidão” (I Cor 9,27). Castigou seu corpo, porém com prudência. Sua comida era sóbria, mas bem pouca e às vezes, voluntariamente, sem sabor. Não comia carne, a não ser por prescrição médica. Não bebia vinho (coisa muito comum naquela época e em sua região). Jejuava com certa freqüência. Na Semana Santa não comia nada desde Quinta-Feira Santa até o dia do “Glória” (noite do Sábado Santo).

Usava cilícios (instrumento de penitência, tipo cinturão largo ou faixa larga de couro com pontinhas de ferro contra a pele, nos braços ou abdome), empregava disciplinas (pequeno flagelo de couro, com o qual a pessoa se auto-açoitava, principalmente durante a reza de salmos penitenciais, tipo o Salmo 50 e o Salmo 29); sempre com anuência de seus santos diretores espirituais. Sobre tudo aceitava com amor tudo o que Deus lhe enviava. Suas cruzes eram um regalo. Nunca comentava sobre seus sofrimentos (enfermidades) que eram muitos.

À mortificação exterior superava a interior; essa vitória contra si própria que ela dissimulava com seu perene sorriso. Ninguém adivinhava que ela estava constantemente vigilante sobre suas paixões; porque tudo o fazia com grande naturalidade, sem sobressaltos, sem por em perigo sua inata longanimidade e equilíbrio emocional.

APOSTOLADO. – Josefa foi uma apóstola de seu tempo, alma entregue a Deus ao serviço das jovens, especialmente aquelas de pobre condição social. Seu espírito observador captou as carências das jovens, profundamente influenciadas pelo ambiente de seu século (Nota: não estaríamos vivendo agora a mesma realidade?). Não foi a única na Igreja de seu tempo nesta luta por levar a salvação de Cristo às jovens mais necessitadas, porém foi uma das que com maior dedicação, com mais ardor, com mais calor humano se dedicou a esse trabalho apostólico, desde sua pequenez de virgem secular, desde sua humilde condição de professora de bordado, desde suas profundas convicções religiosas, sobre tudo, desde seu ardente amor pelas almas remidas por Cristo!

Ela se antecipou ao Concílio Vaticano II, vivendo sua condição de secular no meio do mundo, para o serviço de Deus, em obras concretas de apostolado. Entregou-se ao apostolado dos humildes num século em que a classe trabalhadora irrompe na história para defender seus interesses materiais, ainda que a custa de afastar-se do que ensina a Igreja, com a delicadeza de uma mulher que, desde sua entrega a Deus, se fez toda para todos, para levá-los todos a Cristo (à imitação do Apóstolo S. Paulo). Quando Josefa completava os trintas anos de idade, seu confessor reflexiona largamente sobre os planos apostólicos de sua dirigida e aprova a criação daquela escola-oficina (ou ateliê) como “Coisa de Deus!”. Aquela casa onde ela foi viver desde os treze anos produziu fervorosas religiosas, abnegadas esposas, mães de família e jovens praticantes, de vida secular consagrada. À casa que herdou de sua avó acudiam as jovens, atraídas pelo zelo ardente de sua mestra, por sua fé vivíssima, por seu espírito de amor provado no sacrifício, por seu otimismo, por sua alegria…, e pelo alimento espiritual que lhes proporcionava. Tudo por seu amor a Deus, tudo por seu ardente amor pelas almas.

A jornada diária de Josefa acabava sendo muito apertada: levantava muito cedo para participar da primeira Missa da paróquia, comungava e praticava oração mental; a seguir dedicava algum tempo à limpeza; o horário da escola-oficina era das 09 as 12 e das 14 às 18 horas. Durante a jornada de trabalho, Josefa ensinava bordado, porém isto era o pretexto para formar a alma de suas alunas no amor a Deus. O trabalho era acompanhado de orações, jaculatórias e cânticos piedosos; entre leituras do Evangelho e da Doutrina Cristã (catecismo), se escutava a palavra da mestra, suave e enérgica ao mesmo tempo, explicando os pontos mais incisivos das leituras. Articulavam-se com estas leituras e orações, largos silêncios, que Josefa suscitava para que suas alunas se adestrassem na oração. Ali, nesse ambiente de paz, bordavam seu enxoval as jovens que iam contrair matrimônio e seu dote as que se preparavam para entrar no convento.

Sua caridade, para com o próximo, teve sempre objetivos espirituais. Assim, por exemplo: empenhava-se para que os pais batizassem quanto antes a seus filhos recém-nascidos; visitava aos enfermos que estavam em perigo de morte, procurando que recebessem os últimos sacramentos; vestia ao desnudo com delicadeza, trocando as vestes sujas e rasgadas dos mendigos por outras limpas, lavando e remendando com exemplar caridade aos que deixavam. Sua casa foi, mais de uma vez, asilo de órfãos. Por duas longas temporadas albergou crianças que haviam perdido suas mães, cuidando delas com amor maternal.

Quando verdadeiramente brilhou a caridade de Josefa, foi na epidemia de cólera de 1885, quando contava 65 anos. Ela e algumas de suas alunas se dedicaram a atender aos empestados que estavam sozinhos e, portanto, os mais necessitados de ajuda.
Sua caridade se estendia às coisas e atividades aparentemente pequenas tais como: escutar com paciência e interesse as confidências que lhe faziam as pessoas desesperadas em busca de conselho. Era muito respeitosa com a boa fama dos demais. Não tolerava em suas discípulas a menor palavra de crítica, nem de murmuração. Lembrava-se das Almas do Purgatório, rezando por elas e ensinando a suas alunas que fizessem o mesmo.
Unida intimamente a seu Divino Esposo, se cumpriu nela o que Ele disse: “Quem permanecer em mim e eu nele, este dará muito fruto” (Jo15, 5).

CONSELHOS EVANGÉLICOS


Josefa Naval Girbés, em sua casa, viveu plenamente os Conselhos Evangélicos de castidade, pobreza e obediência, que são normas das almas consagradas.

A CASTIDADE em plenitude: fez voto de virgindade aos dezoito anos e tornou norma de vida aquilo que pregou São Paulo: “Castigo meu corpo e o reduzo à servidão” (I Cor 9, 27). Sua virgindade lhe alcançou uma perfeita união com Jesus Cristo e uma disponibilidade maior para engendrar e iluminar almas consagradas a Deus, e fiéis filhas da Igreja, na vida solteira ou no matrimônio. Com sua virgindade, demonstrou que pode ser vivida, no mundo, a total consagração a Deus. Com sua virgindade, ensinou que esta entrega a Deus é um dos caminhos – sem dúvida, o melhor – para a santificação própria e a dos demais. No tocante a virtude da pureza foi fidelíssima observante. Viveu a mais estrita pureza de alma e de corpo, e ensinou a vivê-la a suas alunas. Recomendava a modéstia no falar, no vestir e no agir.

Virgem, porém secular no mundo, abre novos caminhos à santidade da maior parte dos membros da Igreja, que vivem a secularidade. Josefa viveu e morreu no mundo; foi uma solteira exemplar que, mesmo fazendo voto de castidade, permaneceu no mundo. O Senhor lhe concedeu que seu corpo virginal permanecesse, após sua morte, incorrupto para sempre!

A POBREZA, que lhe veio por herança, e que ela cultivou até o desprendimento de tudo aquilo que não era útil ou necessário para seu apostolado. Desprendimento das coisas, dos bens materiais, do mundanismo, mesmo da família, porém, sem a menor mostra de egoísmo, que na área da justiça ensinou a suas alunas.

A OBEDIÊNCIA cristã é uma virtude que nos inclina a submeter nossa vontade à dos superiores legítimos, que nos representam Deus. A obediência é um tributo de amor, a quem tem absoluto domínio sobre si mesmo. Josefa foi sempre obediente, à imitação de Jesus, seu divino esposo.

Assim, no exercício desta virtude, traçou para si mesma, desde muito jovem, um plano de vida que abarca o cumprimento de suas obrigações como ama de casa e como professora de sua escola-oficina, o cumprimento de seus deveres religiosos e o cumprimento de seus compromissos apostólicos. A obediência ao diretor espiritual foi norma inquestionável de sua conduta.

Às suas alunas mais preparadas, as provava na obediência, às vezes com a argúcia de que “mudaram de cor” as flores de seus bordados. Os pais daquelas jovens, educadas assim na obediência, estavam encantados de que suas filhas exerciam com eles esta virtude.

VIDA ESPIRITUAL

A vida espiritual de Josefa, tão plenamente cultivada, não foi um horto fechado para seu deleite. Ela se comprometeu com a necessidade de ir à conquista das almas, trabalhando por salvar tantas jovens ameaçadas pelo estranho ambiente do século (do mundo). Parecia que Josefa havia intuído aquela frase do Vaticano II, tão dura como importante: “há de ser considerado como inútil o membro que não contribua, segundo sua própria capacidade, para o aumento do Corpo Místico de Cristo” (AA,2). Ela entendeu, em seu tempo, que em meio ao mundo, o secular tem de atuar como fermento e que, para ser eficaz, é necessário viver unido a Cristo: “aquele que permanece em Mim e Eu nele, este dá muito fruto, porque, sem Mim, nada podeis fazer” (João 15,5).

Uma de suas discípulas nos descreve o ambiente sossegado de sua escola-oficina: “Naquela casa se respirava uma atmosfera de fé, piedade e virtude cristã e, sobre tudo, de alegria e de caridade. Nossa mestra inspirava devoção e recolhimento: vivia o espiritual com muita verdade e simplicidade, e nos infundia desejos de sermos cada dia melhores”. Durante as horas de aula, atendia em particular às jovens que necessitavam de cuidado especial. 

Na habitação na qual ela praticava sua oração e suas preces, recebia às jovens que ou a pediam ou aquelas que ela chamava. Umas vezes eram jovenzinhas desejosas de que lhes ensinasse a praticar oração mental; outras vezes, eram jovens maiores, as que ela ajudava a desvanecer suas dúvidas e evitar prejuízos morais e espirituais, pelo que as deixava cheias de paz e alegria!

Também acudiam a Josefa pessoas maiores, mais ou menos crentes, e com prudência e tato orientava suas vidas, lhes dava uma grande paz interior. Uma de suas recomendações, era a de ter um confessor fixo, ter confiança nele e obedecer-lhe. Não faltaram as meninas pequenas que eram enviadas por suas mães à escola-oficina, sendo beneficiadas com suas carícias e suas lições elementares de catecismo.

As alunas mais seletas chegavam a permanecer, terminada a jornada de trabalho, para prosseguir à sua formação espiritual, de ordinário, no jardim da casa. Deste grupo escolhido saiu um amplo “jardim” de jovens religiosas; tantas que o Cardeal Guisasola, Arcebispo de Valência, em visita pastoral a Algemesi, perguntou cheio de admiração: “que povo é este que tem tantas religiosas em todos os conventos de nossa arquidiocese?”.

Porém, Josefa não descuidou das jovens com vocação para o matrimônio. A elas dedicou tempo e esforço. De sua escola saíram excelentes esposas e mães de família. A “Escola Dominical”, aos domingos à tarde, depois dos cultos vespertinos da paróquia, foi outra oficina na qual se forjavam as almas no amor de Deus! Deixemos que uma de suas alunas nos descreva o ambiente daquelas reuniões às tardes de domingo: “a casa de nossa mestra era uma casa de oração. Sua conversação era sobre coisas espirituais, alentando-nos a seguir, perfeitamente, nossa vocação. Depois de falar um pouco com ela, se saía dali sem gosto pelas coisas do mundo. Suas palavras infundiam espírito de amor pelas coisas do Céu. Levava-nos a Deus, por amor! Todas suas discípulas, ainda que o Senhor as tenha chamado ao matrimônio, tem sido piedosas, levando em suas almas a recordação eficaz de seus avisos. Dizia-nos: ‘haveis de levar vossa cruz e cumprir o próprio dever como Deus manda: as solteiras, como solteiras e as casadas, como casadas’”.

Quando Josefa tinha cinqüenta e sete anos, o pai de uma de suas alunas lhe ofereceu o “Horto da Torreta”, coberto de laranjais e árvores frutíferas, para seu retiro e o de suas alunas. Ali se retirava com suas discípulas prediletas, ao entardecer dos dias de primavera e verão. Ali, enquanto anoitecia, empregava Josefa seus dons de catequista e de forjadora de almas ansiosas de perfeição: “filhas minhas, imaginemo-nos que estamos aqui como o Senhor, rodeado de seus apóstolos. Eu, em Seu nome, vos digo: sede boas, fazei tudo por amor; tende muita caridade uma com as outras; vivei com espírito de abnegação e sacrifício”.

Naqueles deliciosos entardeceres do “Horto da Torreta”, ressoava límpida, como a água das fontes vizinhas, a voz da mestra: “Nossa entrega a Deus há de excluir todo costume mundano; tudo aquilo que de alguma maneira Lhe desagrada, como são: o apego às coisas ou pessoas que nos impedem de cumprir a vontade divina; a vida dos sentidos que se opõem à perfeição que Deus nos pede. A vida superficial, que busca o gosto próprio e agradar ao mundo, não pode acompanhar-se com o verdadeiro amor”. Josefa adestrava a suas alunas para a vida, era como sua “mãe espiritual”. A ela acudiam atrás de conselhos e na hora de escolher o estado de vida. Com aquela segurança que lhe conferia sua íntima união com Deus, dizia a umas: “vós, ao matrimônio”; e a outras: “Vós, ao convento”.

Párocos e sacerdotes, filhos de Algemesi, com discrição e prudência, acudiam a Josefa, com a qual tinham deliciosas conversações de elevado alimento espiritual. Estas visitas de sacerdotes qualificados aumentava, em suas alunas, a admiração e o respeito que tinham por sua mestra. Muito ajudou a formar a Josefa a gratificante ação de seus diretores espirituais. Em seu tempo teve a sorte de coincidir com sábios, santos e experientes párocos, que puseram, a seu serviço, seus dotes de guias de almas. Ela deu sempre muita importância à “direção espiritual”.

Digna filha de Santa Teresa, a recomendou vivamente a suas amadas alunas: “sede simples a dar conta ao diretor; obedecei-lhe com fidelidade e perseverança; proibido falar mal de confessores…”. Quando um de seus diretores espirituais foi transferido ao povoado de Alcira, Josefa acudia a sua direção a cada duas ou três semanas, durante seis anos, percorrendo a pé a distância, às mais das vezes acompanhada de alguma de suas discípulas, com as quais entretinha entranhadas conversações espirituais.

Lutou, com denodo, contra a tibieza, nunca se contentou com um vida espiritual lânguida; sua intransigência para o mal tinha conotações humanas: sem chegar a ser áspera em seus modos, ao contrário, era de elegante e solene caráter, com uma grande capacidade de comando que ela administrou em favor de suas amadas alunas. Ela viveu à vizinhança do homem e, nela, o caminho de sua perfeição. Seu convento foi a casa de sua avó, onde viveu até à morte de sua mãe; a campana do convento, a voz da superiora, a vida de comunidade, as regras monásticas que asseguram o bom caminho… Todo esse modo de vida conventual o resumiu sabiamente Josefa ao ser fiel à vontade de Deus, explorada na oração e na prudente consulta a seus diretores espirituais. Josefa permaneceu no mundo, para ser exemplo de santidade para os seculares.

VIDA MARIANA

Josefa aprendeu a amar à Virgem Maria, desde menina, no altar do Rosário do convento dos Padres Dominicanos. Seu amor se fazia patente nestas e noutras referências: “Maria, minha Mãe, ensina-me a ser fiel e a agradar a Deus”. “Virgem Maria, minha Mãe, faz-me pura, casta, boa e santa”. Acuda-nos a Santíssima Virgem, para que nos ensine e os ajude a ser fiéis a Deus”.

Amante da pureza, que ela havia vivido sempre em plenitude, recomendava às jovens: “Sede limpas, asseadas no modo de vestir, sede muito honestas como a Virgem. Todas as virtudes embelezam a alma, porém, a pureza a embeleza de um modo especial, fazendo-a semelhante aos anjos”.

A fé de Josefa se traduzia em uma acendrada devoção à Virgem. Em prova de sua entrega filial à Senhora, ela levou em sua morte o Escapulário do Carmo e um Rosário em forma de colar. O Ângelus, que assinalava ao meio dia o sino da paróquia, era rezado por todas as alunas, assim como a Ave Maria a cada hora e aos sábados a “Felicitação Sabatina”.

Preparava e celebrava com fervor as solenidades da Virgem. O mês de maio, em honra da Virgem, se celebrava na escola-oficina com orações, cantos e oferecimento de flores. Com que alegria celebrou Josefa a declaração dogmática da Concepção Imaculada de Maria! Para recordar tão grato acontecimento, impulsionou a criação da “Corte de Maria” em Algemesi.

Como Carmelita Secular, Josefa tinha uma especial devoção à Santíssima Virgem do Carmo, como tal, em repetidas ocasiões pediu a suas discípulas que, à sua morte, a vestissem com o hábito do Carmo, desejo que se cumpriu fielmente. Esta filiação Mariana a soube transmitir às suas alunas; bastem-nos estes testemunhos: em uma das casas de Algemesi se conserva um grande quadro da Virgem do Carmo, bordado em ouro e seda pela senhora Vicenta Morán através da direção da “Senhora Pêpa”, como era conhecida Josefa em sua terra natal no ano em que morreu nossa Beata. Outro feito mencionado por seu biógrafo relata que, às vésperas de uma das festas da Virgem do Carmo, a uma das discípulas prediletas de Josefa, que se encontrava moribunda, se lhe ouviu invocar à Rainha do Carmelo com estas palavras: “Minha Mãe do Carmo, vem por mim”, e ele mesmo comenta, “feliz alma que assimilou perfeitamente a doutrina e o espírito de sua santa mestra”.


VIDA FRATERNA
Viver, em plenitude, o amor a Deus e, verificar esse amor na acolhida ao próximo, foi norma de sua conduta. Deste amor, brotou seu zelo pelas almas e seu afã por ensinar-lhes este modo de pensar e viver. Josefa era de estatura mediana, nem alta, nem baixa; mais delgada que gorda; pele branca e fina; rosto de forma algo oval, tinha um dente superior um pouquinho levantado que lhe dava um ar de graça; olhos vivos e penetrantes, porém muito modestos; cabelos castanhos que logo ficaram algo grisalhos; voz suava e acariciadora; sorria com muita freqüência, porém nunca se lhe viu rir forte; seu andar era moderado; vestia-se de negro, com sapato baixo e um pouco largo: todo o conjunto era simplicidade e modéstia. Tinha muito talento natural e, muita luz e graça de Deus. A isto uniam um grande coração de mãe, que ardia em amor pelas almas que queria salvar. Tudo isso motivava o grande amor, a obediência e a fidelidade que sentiam por ela suas discípulas.
Josefa penetrava o interior das almas, se adiantava ao que queriam dizer-lhe, lia em seus corações; estas qualidades lhe deram um grande prestígio e autoridade em seu povo, fazendo com que todos a quisessem bem, a respeitassem e obedecessem. Para atrair as almas, primeiro tratava-as com doçura e amabilidade, porém, quando as conquistava, as estimulava, energicamente, para que não se contentassem com pouco, se podiam fazer mais, para servir melhor a Deus e ao próximo. O modo de falar de Josefa era simples, modesto e humilde, começava a falar sempre dizendo: “Filhas minhas…”. Não havia nela ar de suficiência, nem se engrandecia ao ver quantas pessoas acudiam a ela em busca de conselho, por sua fama de prudência e santidade. Ademais, ao pregar às suas discípulas, o fazia com tal fogo e espírito, que nos disse uma delas: “Quando nos falava de Deus, tinha muita unção, se emocionava e lhe saíam lágrimas”. O que ela havia semeado produziu muitos frutos, especialmente manifestos durante seus últimos dias nesta terra.

Quinze dias, esteve na cama em fevereiro de 1893; pressentindo aproximar-se a hora de sua morte, no dia 22 (de fevereiro) mandou trazer seu confessor. No dia 23 recebeu os últimos sacramentos. Suas discípulas chegavam à casa: todas queriam vê-la morrer. Com aquela lucidez que Deus lhe concedeu até sua morte, Josefa lhes dizia: “Filhas minhas, filhas de meu coração: que nenhuma me falte lá no Céu. Depois de minha morte, abandonareis o caminho empreendido?… Sempre adiante, nunca para trás!… E continuava lenta, pausadamente, com os olhos apenas abertos: “Filhas minhas: permanecei muito unidas, como os apóstolos”. Assim como as brasas que estão muito unidas, conservam o fogo, e as que estão separadas prontamente se apagam, assim vós, se permaneceis unidas, falando das coisas de Deus, conservareis o fogo do fervor; porém, se vos separais e deixais de tratar estas coisas do espírito, o fogo se apagará… Eu me vou; porém espero que persevereis no gênero de vida que haveis aprendido”.

No dia 24 entrou Josefa nesse tranqüilo torpor que precede à morte, todo o dia com os olhos fechados, estava recolhida, como em êxtase, porém falava com um fio de voz quase imperceptível, pedindo que rezassem com ela jaculatórias e outras orações, repetindo ação de graças e que consolo elas lhe estavam dado! Pela noite, na hora de morrer, abriu os olhos e, com voz fraca, porém perceptível, perguntou: “estais todas?”. E acrescentou: “minhas filhas, vou deixá-las!”. E insistiu: “estai unidas, sede fervorosas, sacrificai-vos por Nosso Senhor”. Fez um esforço, o coração lhe atraiçoava, olhou pela última vez às suas discípulas e, com voz apagada, lhes disse: “filhas minhas, filhas de minha alma…” e expirou. Eram 20 horas e 30 minutos do dia 24 de fevereiro de 1893.


VIDA ECLESIAL
Josefa foi uma fidelíssima filha da Igreja. Com os olhos da fé, via nela a obra mestra de Jesus Cristo! Com que convicção falava a suas alunas da veneração que devemos ao Papa, aos bispos, aos sacerdotes, aos religiosos. Assim lhes dizia: “filhas minhas, obedecei com rendimento a Sua Santidade o Papa, rogai muito por suas intenções e necessidades; amai muito a Igreja e atendei a seus mandatos e conselhos”. Ela amou apaixonadamente a Igreja e infundia esse amor às almas que se acercavam a ela. “Amemos a Igreja a que pertencemos e aproveitemo-nos de seus meios de santificação. Tenhamos respeito e veneração pelos ministros de Deus”.
Josefa viveu e morreu em um século difícil para a Igreja. Foi consciente do que ocorria, sofreu com ela e compartilhou suas alegria. Dois Papas sofreram exílio da cidade de Roma; perderam-se os Estados Pontifícios e se instalou o movimento trabalhista com virulência (contra o catolicismo) implacável. O Papa Leão XII, que reinou durante 06 anos, promove a ação missionária da Igreja na política exterior. Criam-se novas dioceses em vários lugares e em lugares fora da cristandade se firmam novas concordatas. Porém, a cristandade do século XIX, em seu conjunto, cumpriu deficientemente seus deveres sociais e, por esta razão, se tornou culpada da apostasia da classe trabalhadora, boa parte da qual passou às fileiras do bolchevismo, fundamentalmente ateu. “O grande escândalo do século XIX foi perder a classe trabalhadora”, exclamou, alguns anos depois, o Papa Pio XI.

A atividade de Leão XIII e do bispo Ketteler no campo trabalhador, nós temos que aluir das ações empreendidas pelos mais diversos personagens da Igreja, para elevar o nível religioso e cultural dos proletários daquele tempo. Valência não podia permanecer afastada dessa luta. A partir de 1808, vários arcebispos empreenderam, de diferentes formas, a restauração religiosa da arquidiocese. Em Algemesi, sem dúvida, encontraram ressonâncias especiais estas iniciativas: dada sua profunda religiosidade e com a sorte de contar com uns sábios e santos sacerdotes ao serviço dos fiéis.

Nossa Beata viu sempre próxima de si a Igreja, nessa célula dela que é a paróquia. Seu amor (e serviço) à paróquia é uma das mais destacadas facetas de seu espírito eclesial.
Os párocos foram modelo de zelo pastoral: Josefa encontrou neles uns guias seguros para sua vida espiritual e uns auxiliares maravilhosos para suas obras de apostolado. Neste agitado ambiente do século XIX, tenso no campo civil e religioso, especialmente no social, uma virgem secular chamada Josefa punha em marcha uma escola-oficina para a conquista e formação das jovens, e uma escola de formação para casadas e mães. Era sua contribuição ao movimento social da Igreja para a cristianização dos humildes. Um tempo apaixonante que não permitia descanso, um tempo que Josefa aproveitou para passar, como seu Divino Esposo, “fazendo o bem” (Atos 10, 38).

Amar, frequentar e ajudar a paróquia era o tripé de conclusões às quais ela chegava em sua visão de comunidade paroquial. À limpeza e decoro do templo paroquial dedicava tempo e esmero nossa Josefa. Sua casa era a rouparia da paróquia, ali se costurava a roupa branca de uso litúrgico, se reparavam os ornamentos e se bordavam em seda e outros tecidos as ricas vestes das solenidades. Todavia, hoje, as descendentes das jovens que, com Josefa, limpavam o templo, seguem fazendo o mesmo ofício. Prova evidente de que os gestos, atitudes e trabalhos que realizava Josefa, marcaram fundo suas alunas

CONCLUSÃO
Josefa Naval Girbés, virgem, porém secular no mundo, abre novos caminhos à santidade da maior parte dos membros da Igreja, que vivem a secularidade. Importante é a vida consagrada, porém a santidade, feita de amor a Deus e de amor ao próximo, não fica apenas guardada no convento ou no sacerdócio. Josefa, virgem, porém secular, é um exemplo!

Ela viveu e morreu no mundo, deixando atrás de si um caminho de luz que seque iluminando àqueles que, na secularidade, buscam a perfeição cristã. Seu mundo, o agitado século XIX, sua casa, sua oficina de trabalho, sua catequese, seus círculos de formação de mulheres, suas obras de caridade, eram seu convento! Dali, ela irradiava amor, amor que alimentava com uma intensa vida interior, cultivada com esmero e tensão, porém nunca perdeu o contato com as pessoas. Vivia entre o povo, atenta às suas necessidades, que fazia suas, ajudando a remedia-las, através dessa proximidade que sua condição de secular propiciava.

Exemplo e palavra! Com que claridade viu Josefa o agir do cristão secular, fermento das estruturas sociais, segura de que, com sua maneira de viver, e com procedimentos de apostolado, percorria o caminho traçado para uma cristã secular em vista de sua santificação pessoal e a dos demais!