Lectio Divina
Sexta-feira, 5 de julho de 2019
Tempo Comum
1) Oração inicial
Pai de bondade, que
pela graça da adoção nos fizeste filhos da luz; concede-nos a graça de viver
longe das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da Verdade. Por nosso
Senhor.
2) Leitura do evangelho
Do Evangelho de acordo com Mateus
9,9-13
9Partindo dali, Jesus viu
um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas.
Disse-lhe: Segue-me. O homem levantou-se e o seguiu.10Como Jesus estivesse à
mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se
com ele e seus discípulos.11Vendo isto, os fariseus
disseram aos discípulos: "Por que come vosso mestre com os publicanos e
com os pecadores?"12Jesus, ouvindo isto,
respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim
os doentes.13Ide e aprendei o que
significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6).
Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."
3) Reflexão
O
Sermão da montanha ocupa os capítulos de 5 a 7 do Evangelho de Mateus. A parte
narrativa dos capítulos 8 e 9 tem como objetivo mostrar como Jesus praticava aquilo
que ensinava. No Sermão da montanha Jesus ensinou o acolhimento (MT
5,23-25.38-42.43). Ele mesmo demonstra isso ao acolher os leprosos (Mt 8,1-4),
estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15), doentes (Mt 8,16-17) ), endemoniados
(Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8), publicanos (Mt 9,9-13), pessoas impuras
(Mt 9,20-22), etc. Jesus quebra com as regras e costumes que excluíam e
dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta de fé (Mt 8,23-27) as leis de
pureza (9,14-17), e indica claramente quais são as exigências de quem quer
segui-lo. É preciso ter a coragem de abandonar muitas coisas (Mt 8,18-22).
Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em que consistem o reino e o
cumprimento perfeito da lei de Jesus.
• Mateus 9,9: O chamado para seguir
Jesus. As primeiras pessoas chamadas, a seguir Jesus, foram quatro pescadores judeus
(Mt 4,18-22). Agora Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado
como impuro pelas comunidades dos fariseus. Nos outros Evangelhos, este
publicano chama-se Levi. Aqui o nome dele é Mateus, que significa dom de Deus
ou dado por Deus. As comunidades, em vez de excluir o publicano como impuro,
devem considerá-lo como um dom de Deus para a comunidade, pois a sua presença
faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos! Como os
primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus deixa tudo o que tem e
segue Jesus. O seguimento a Jesus exige ruptura. Mateus deixa o seu escritório
de impostos, a sua fonte de renda, e segue Jesus.
• Mateus 9,10: Jesus senta-se na
mesa com os pecadores e os publicanos. Naquele tempo, os judeus viviam separados
dos pagãos, dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os judeus
cristãos tinham que quebrar este isolamento e criar comunhão com os pagãos e
impuros. Foi isto o que Jesus ensinou no sermão da montanha, como expressão do
amor universal de Deus pai (Mt 5,44-48). A missão das comunidades era oferecer
um lugar para aqueles que não tinham lugar. Em algumas comunidades, as pessoas
vindas do paganismo, ainda sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (CF.
Hec 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do Evangelho de hoje indica como Jesus
comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
• Mateus 9,11: a pergunta dos
fariseus. Aos judeus era proibido sentar-se na mesa com publicanos e pagãos,
mas Jesus não presta atenção a isto, pelo contrário, confraterniza com eles. Os
fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: " por que o
vosso mestre come com os cobradores de impostos e com os pecadores?" esta
pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo destes, que querem
saber porque Jesus age Assim. Outros interpretam a pergunta como uma crítica
dos comportamentos de Jesus, pois por mais de quinhentos anos, desde o tempo do
cativeiro na Babilônia até a época de Jesus, os judeus tinham observado as leis
de pureza. Este cumprimento secular tornou-se para eles um forte sinal de
identidade. Ao mesmo tempo, era fator da sua separação no meio dos outros
povos. Assim, pelas causas das leis de pureza, eles não podiam nem conseguiam
sentar-se na mesa para comer com os pagãos. Comer com os pagãos significava
tornar-se impuro os preceitos da pureza eram rigorosamente observados, tanto na
Palestina como nas comunidades judaicas da diáspora. Na época de Jesus, havia
mais de quinhentos preceitos para guardar a pureza. Nos anos setenta, época em
que Mateus escreve, este conflito era muito atual.
• Mateus 9,12-13: Quero misericórdia
e não sacrifícios. Jesus ouve a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde
com dois esclarecimentos. A primeira está tirada do bom senso: " Não são os que estão bem que precisam de médico, mas
sim os doentes”. A outra está tirada da Bíblia:
" Aprendam, pois, o que significa: Eu quero misericórdia e não sacrifício
". Por meio destes dois esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua
missão junto com as pessoas: "Eu não vim chamar os justos mas sim aos
pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, e não aceita os seus argumentos,
pois nasciam de Uma falsa ideia da lei de Deus. O mesmo invoca a Bíblia: "
Eu quero misericórdia e não sacrifício!" para Jesus a misericórdia é mais
importante do que a pureza legal. Apela à tradição profética para dizer que
para Deus a misericórdia vale mais do que todos os sacrifícios (os 6,6; Is
1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se comovem diante das faltas
do seu povo (vos 11,8-9).
4) Para a reflexão pessoal
• Hoje, na nossa sociedade,
quem é marginalizado e quem é excluído? Por quê? Na nossa comunidade temos
ideias preconcebidas? Quais? Qual é o desafio que as palavras de Jesus colocam
à nossa comunidade, hoje?
• Jesus ordena o povo que
leia e que entenda o Antigo Testamento que diz: "Eu quero misericórdia e não
sacrifícios". O que quer dizer com isto Jesus, hoje?
5) Oração final
2Felizes os que guardam com esmero seus preceitos e o procuram de
todo o coração;3
e os que não praticam o mal, mas andam em seus caminhos. (Sal 119,2-3)