O título desta lição é:
“São José Fundador e Pai do Carmelo Teresiano”. Nela, depois de uma breve
introdução, uma ficha teológica, e a reflexão feita pelos teólogos ao longo da
história da Igreja, refiro-me particularmente às relações de São José com Santa
Teresa e desta com São José; à experiência mística tida com o Santo Patriarca;
exponho brevemente as ideias fundamentais do cap. VI de sua Autobiografia; as
expressões de sua devoção e amor a São José, como são a titulação de seus
conventos, as imagens ou esculturas que levava para eles, a celebração da festa
da Solenidade de São José, etc.; para concluir com a projeção desta devoção de
Santa Teresa no Carmelo Teresiano, que floresceu de maneira singularíssima e
realmente admirável em tantos santos e santas, como em vários carmelitas e
devotos que se consagraram a São José com filial amor.
I. INTRODUÇÃO
A presença, tão fortemente
destacada por São Mateus e canonizada pelo Espírito Santo, de São José na
Igreja de Deus como homem justo, verdadeiro esposo de Maria e pai singular e
virginal de Jesus, pelo qual de algum modo passam os desígnios de Deus sobre a
humanidade salva, esteve silenciada nos primeiros séculos de sua existência,
como silencioso foi sempre o santo do silêncio, de quem não se conserva nem uma
só palavra. É sua própria pessoa a palavra eloquente e potentíssima. Com o transcorrer
dos séculos essa presença foi despertando e abrindo caminho, como ele merece. Não
é possível sequer apontar as datas precisas do aparecimento desta presença, que
também se fez silenciosa mas irresistível. Basta recordar que um desses
momentos culminantes, em que aparece pujante e arrebatadora a presença de São
José na Igreja, foi com Santa Teresa de Jesus.
Para destacar a força da
presença de São José na Igreja, podemos revisar as muitas famílias religiosas a
ele consagradas; os sermões e livros que lhe foram dedicados; as centenas de
igrejas erigidas em sua honra, sendo raras aquelas onde não está presente em alguma
escultura ou quadro; as milhares de pessoas que levam ou levaram seu nome neste
mundo; as muitíssimas confrarias, fundadas sob seu nome e animadas por seu
patrocínio; a numerosa série de textos papais exaltando a sua figura; as
milhares de páginas sobre São José escritas por diversos santos e autores
espirituais, que formariam um magnífico compêndio josefino. Basta recordar,
como último elo de uma longa história Josefina na Igreja, sua presença e atuação
no Concílio Vaticano II, que tanta repercussão teve e continua tendo na vida
eclesial. João XXIII na Constituição apostólica “Humanae Salutis” com a qual convoca o concílio, confia-o a São
José. E no discurso conclusivo da última sessão expressa essa mesma confiança:
“Esteja sempre conosco a Virgem Maria; e do mesmo modo São José, seu castíssimo
esposo, patrono do Concílio ecumênico, cujo nome agora brilha no cânone da
Missa; acompanhe-nos no caminho, ele que foi dado por Deus como companheiro e
auxiliador da família nazaretana”. O ápice desta trajetória é a Exortação
Apostólica de João Paulo II, “Redemptoris
Custos”, sobre a figura e missão de São José na vida de Cristo e da Igreja,
de 15 de agosto de 1989.
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