V. PROJEÇÃO JOSEFINA
APÓS SANTA TERESA
O que a Santa escreve
sobre a sua pessoal e particular experiência josefina, tão simples e vitalmente
exposta, tem uma finalidade: projetá-la nos demais, quer que todos sejam
devotos de São José e se recomendem a ele. E o conseguiu plenamente. Não é
possível ler as páginas em que a Santa descreve suas experiências josefinas e
ficar indiferente. Santa Teresa, cujas palavras sobre São José cabem em muitas
poucas páginas, se converteu em um apóstolo de primeira magnitude do Santo pela
naturalidade, calor e amor com que as escreve, como também pelo realizado em
sua obra fundacional. E isso não apenas para o Carmelo teresiano, mas para a
Igreja universal. O Pe. Gracián, na sua obra Josefina, cita quase todos os trechos em que a Santa faz referência
a São José. E, depois dele, a maioria dos autores carmelitas, quando se
apresenta ocasião. Os pregadores do século XVII, em grande número, citam as
palavras do capítulo VI do Livro da Vida, alinhando-as com Gerson e Isidoro
de Isolanis. Santa Teresa entra assim na lista dos grandes propagadores da
devoção a São José. Podemos aplicar a propósito o que a Santa diz que prometeu
o Senhor a respeito da primeira casinha
de São José, que "seria uma estrela que irradiaria de si grande resplendor"
(V 32,11). São José de Ávila, casa de
São José, acendeu no céu da Igreja muitas estrelas de devoção e amor ao Santo
Patriarca, e segue e seguirá as iluminando.
Como disse um autor
francês, Lucot: "Os Papas encontraram um assistente poderoso para a
propagação do culto de nosso Santo na célebre Reformadora do Carmelo. Gerson
fez muito por ele, Teresa fez mil vezes mais por si mesma, pelos religiosos de
sua Reforma e pelas religiosas de seu Carmelo. São José é seu devedor,
sobretudo, pela glória que possui na terra”.
·
No Carmelo teresiano
Que a fundação de São José foi um marcante sinal
apostólico josefino para o próprio Carmelo é evidente. Nele se serviria muito a
São José. Assim entenderam e interpretaram os autores carmelitas. O Pe. João da
Anunciação, Geral da Congregação Espanhola, historiando a fundação de São José de Ávila, escreve: "pôs-se
o Santíssimo Sacramento; dedicou-se a igreja a nosso pai São José, que por
aquele princípio é Patrono e Protetor de nossa Reforma... O convento de São José de Ávila é o princípio e lar
natal de todos os conventos da descalcez, assim como é da devoção josefina dos
mesmos".
Tome-se como confirmação
de que a devoção a São José penetrou na alma e na vida da Descalcez o fato de se
intitular tantos conventos com o nome de São José, seguindo assim o exemplo da
Santa Madre. Em 1699, havia no mundo 321 conventos de frades carmelitas
descalços, sem contar os asilos. Destes, 73 levavam o título de São José. E
havia 180 de monjas sujeitas à Ordem, e destes 57 estavam sob o título de São
José.
Mais importantes que os
conventos materiais com seus títulos são os conventos espirituais e vivos das
almas. E estes respiram sob o signo de São José, que ocupou e segue ocupando um
lugar de preferência neles. Tradições devocionais josefinas, introduzidas pela
Santa Madre, ainda seguem sendo celebradas nos carmelos teresianos, como
expressão de uma devoção genuína, como de outras que se foram introduzindo,
inspiradas naquelas. Os carmelos teresianos, desde sua solidão, clausura
e silêncio, são lugares de abrasado amor e devoção sincera a São José, que ateiam
na Igreja poderosos raios dessa afetuosa devoção ao Santo, irradiando seus
resplendores na comunidade eclesial. Seria interessante recolher as vivências
josefinas que se registram nos carmelos da Madre Teresa, nos quais São José tem
em cada carmelita uma verdadeira devota e propagandista, porque vivem
autenticamente o carisma teresiano. Pode-se aplicar a elas particularmente
estas palavras: "Se, como dizem os curiosos investigadores dos segredos da
natureza, os filhos saem às mães, a ninguém parecerá paradoxal o que,
confidentemente, vou dizer: que ser filho de Santa Teresa e devoto de São José,
ser carmelita e defender e advogar a glória do santíssimo esposo da Virgem
Santíssima, são conceitos sinônimos e qualidades até tal ponto simpáticas e
mutuamente unidas, que não podem, nem devem se dar uma sem a outra” (Arnaldo de
São Pedro e São Paulo).
Nenhum comentário:
Postar um comentário