sexta-feira, 19 de julho de 2019

Momento com Deus - Lectio Divina - 19/07/19


Lectio Divina
Sexta-feira, 19 Julho 2019.



1) Oração inicial
Ó Deus, que mostrais a luz da tua verdade aos que andam desviados, para que possam voltar ao bom caminho, concede a todos os cristãos rejeitar o que é indigno deste nome e cumprir o quanto nele se significa. Por nosso Senhor Jesus Cristo.

2) Leitura
Do Evangelho de acordo com Mateus 12,1-8

1Atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las.2Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado.3Jesus respondeu-lhes: Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros,4como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes.5Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados?6Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo.7Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício. Não condenaríeis os inocentes.8Porque o Filho do Homem é senhor também do sábado.

3) Reflexão
• No Evangelho de hoje vamos ver de perto um dos muitos conflitos entre Jesus e as autoridades religiosas da época. São conflitos referentes às práticas religiosas daquele tempo: Jejum, pureza, cumprimento de sábado, etc. Em termos de hoje, seriam conflitos como por exemplo, o casamento de pessoas divorciadas, a amizade com prostitutas, o acolhimento dos Homossexuais, o comungar sem ser casados pela igreja, o faltar à missa no domingo, não jejuar no dia de sexta-feira santo. São muitos os conflitos: em casa, na escola, no trabalho, na comunidade, na igreja, na vida pessoal, na sociedade. Conflitos de crescimento, de relações, de idade, de mentalidade. Tantos! Viver a vida sem conflito é impossível! O conflito faz parte da vida e aparece desde o nascimento. Nascemos com dores de parto. Os conflitos não são acidentes pelo caminho, mas que fazem parte integrante do caminho, do processo de conversão. O que chama a atenção é a maneira como Jesus se depara com os conflitos. Na discussão com os adversários, não se tratava de que Ele tivesse razão contra eles, mas sim de que prevalecesse a experiência que Ele, Jesus, tinha de Deus como pai e mãe. A imagem de Deus que os outros tinham era de um Deus juiz severo, que só ameaçava e condenava. Jesus tratava de fazer prevalecer a misericórdia sobre o cumprimento cego das regras e das leis que não tinham nada a ver com o objetivo da lei que é a prática do amor.

Mateus 12,1-2: arrancar o trigo em dia de sábado e a crítica dos fariseus. Em um dia de sábado, os discípulos passavam pelas plantações e abriram o caminho arrancando espigas para comê-las. Eles estavam com fome. Os fariseus chegaram e invocaram a bíblia para dizer que os discípulos estavam cometendo uma transgressão da lei de sábado (CF. Ex 20,8-11). Jesus também usa a bíblia e responde evocando três exemplos tirados da escrita: (a) de David, (B) dá a legislação sobre o trabalho dos padres no templo e (c) da ação do profeta. Oséias, ou seja, cita um livro histórico, um livro legislativo e um livro profético.
Mateus 12,3-4: o exemplo de David. Jesus lembra que David tinha feito uma coisa proibida pela lei, pois ele tirou os pães sagrados do templo e deu-os aos soldados para que os comessem porque eles tinham fome (1 Sam 21,2-7). Nenhum fariseu tinha coragem de criticar ao Rei David.
Mateus 12,5-6: o exemplo dos padres. Acusado pelas autoridades religiosas, Jesus argumenta a partir do que as autoridades religiosas fazem em dia de sábado. No Templo de Jerusalém, em dia de sábado, os padres trabalham muito mais do que nos dias de semana, pois, devem sacrificar os animais para os sacrifícios, devem limpar, varrer, carregar peso, degolar animais, etc. E ninguém dizia que iam contra a lei, pois pensavam que era normal. A Lei mesma obrigava-os a fazer isto (N º 28,9-10).
Mateus 12,7: o exemplo do profeta. Jesus cita a frase do profeta Oséias: Eu quero misericórdia e não sacrifício. A Palavra misericórdia significa ter o coração (cor) na miséria (miseri) dos outros, ou seja, a pessoa misericordiosa tem que estar bem perto do sofrimento das pessoas, tem que se identificar com elas. A Palavra sacrifício significa fazer (fício) que uma coisa fique consagrada (sacri), ou seja, quem oferece um sacrifício separa o objeto sacrificado do uso profano e o distância da vida diária das pessoas. Se os fariseus tivessem em si este olhar do profeta Oséias, saberiam que o sacrifício mais agradável a Deus não é que a pessoa consagrada viva afastada da realidade, mas que coloque inteiramente o seu coração consagrado ao serviço da miséria de seus irmãos e irmãs para aliviá-los. Eles não deviam condenar como culpados aqueles que, na verdade, eram inocentes.
Mateus 12,8: o filho do homem é senhor de sábado. Jesus finaliza com esta frase: o filho do homem é senhor de sábado. Jesus, Ele mesmo, é o critério para a interpretação da lei de Deus. Jesus conhecia a bíblia de memória e a invocava para mostrar que os argumentos dos outros não tinham fundamento. Naquele tempo, não havia bíblias impressas como temos hoje em dia. Em cada comunidade só havia uma bíblia, escrita à mão, que ficava na sinagoga. Que Jesus conhecesse tão bem a bíblia é sinal de que durante trinta anos de vida em Nazaré, participou intensamente na vida da comunidade, onde todos os sábados se liam as Escrituras. A nova experiência de Deus como pai fazia com que Jesus chegasse a descobrir melhor qual tinha sido a intenção de Deus ao decretar as leis do Antigo Testamento. Ao conviver com as pessoas da Galileia, durante trinta anos em Nazaré, e sentindo na pele a opressão e a exclusão de tantos irmãos e irmãs em nome da lei de Deus, Jesus tem que ter percebido que isso não podia ser o sentido daquelas leis. Se Deus é pai, então ele acolhe a todos como filhos e filhas. Se Deus é pai, então devemos ser irmãos e irmãs uns dos outros. Foi o que Jesus viveu e rezou, desde o começo até o fim. A Lei deve estar ao serviço da vida e da fraternidade: "o ser humano não é feito para o sábado, mas o sábado para o ser humano" (MC 2,27). Foi pela sua fidelidade a esta mensagem que Jesus foi condenado à morte. Ele incomodava o sistema, e o sistema se defendeu, usando a força contra Jesus, pois, Ele queria a lei ao serviço da vida, e não vice-versa. Falta ainda muito para que tenhamos essa mesma familiaridade com a bíblia e a mesma participação na comunidade como Jesus.

4) Para a reflexão pessoal
• Que tipo de conflitos você vive em família, na sociedade e na igreja? Quais são os conflitos relativos a práticas religiosas que, hoje fazem sofrer as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual é a imagem de Deus que está por trás de todos esses preconceitos, regras e proibições?

• O que é que o conflito te ensinou nestes anos? Qual é a mensagem que tiramos de tudo isso para as nossas comunidades de hoje?

5) Oração final
7Quando, no leito, me vem vossa lembrança, passo a noite toda pensando em vós.8Porque vós sois o meu apoio, exulto de alegria, à sombra de vossas asas.9Minha alma está unida a vós, sustenta-me a vossa destra (Sal 63,7-9).



Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares
Comunidade Santa Teresa de Jesus (Curitiba-PR)
Província Nossa Senhora do Carmo
Comunidade Santa Teresa Curitba: OCDS Curitiba

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