terça-feira, 23 de julho de 2019

Momento com Deus - Lectio Divina 23/07/19

GÁLATAS 2, 19-20

Irmãos: Por meio da Lei, morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Com Cristo estou crucificado. Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. Se ainda vivo dependente de uma natureza carnal, vivo animado pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim.
Compreender a Palavra
Como sabemos, os judeus têm a lei como o instrumento sagrado que, cumprindo-a à letra, garante a salvação. Paulo assim pensava antes do encontro com Jesus na estrada de Damasco. Agora Paulo já não pensa assim, por isso diz “morri para a Lei, a fim de viver para Deus”. De que modo morreu Paulo para a Lei? Assumindo a morte de Cristo na cruz como lugar da sua própria morte, “com Cristo estou crucificado”. Deste modo, vive uma existência nova que não tem assento na lei mas em Cristo “já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim”. Daqui resulta que a vida é uma dependência de Cristo pela fé vivida no amor daquele que ama primeiro Cristo e mostra esse amor na cruz. 

Meditar a Palavra
A conversão é uma mudança na vida que atinge todos os critérios e todos os recônditos do corpo e da alma, ou seja, da pessoa toda. Não é algo que consigamos realizar só por nós. Do mesmo modo, a salvação que se opera pela fé, é dom de Deus e não conquista nossa. Quando colocamos a garantia da salvação no cumprimento da lei estamos a dizer que é pelo nosso esforço que nos salvamos. Ora, isto não é de todo verdade. A salvação é um dom gratuito de Deus, oferecido ao homem na cruz de Cristo, manifestação do amor total e generoso de Deus. Por isso dizemos que nos amou primeiro e por isso é garantia de salvação. Também por isso, ao acolher esse amor gratuito em nós, deixamos de viver para nós mesmos e passamos a viver para Cristo, deixamos que seja ele a viver em nós.

Rezar a Palavra
“Já não sou eu que vivo mas Cristo que vive em mim”. Tantas vezes digo estas palavras, Senhor. Com elas animo a exortação dos meus irmãos à conversão, com elas defino a vida cristã, com elas apresento um ideal de vida. Tantas vezes me esqueço que as mesmas palavras devem ser o motor para que a fé no Filho de Deus seja a força que me leva a viver animado pelo amor daquele que me amou primeiro. Ensina-me, Senhor, a acolher cada vez mais profundamente o dom generoso do teu amor que converte o meu coração.

Compromisso
Quero deixar tudo o que me prende e impede de uma verdadeira conversão para como Paulo deixar que seja Cristo a viver em mim.

EVANGELHO: JO 15, 1-8
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto. Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei. Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem. Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido. A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos».

Compreender a Palavra
João prende a nossa atenção com a força dos verbos que utiliza nesta passagem. Se repararmos nos verbos utilizados e na repetição de alguns podemos compreender a força e a vida que ele quer emprestar a este discurso de Jesus. Tudo se passa entre Jesus, o Pai e nós. Jesus é a videira, nós somos os ramos e o Pai é o agricultor. O verbo ser tem aqui um papel importante. A fé tornou-se uma forma de existência. Todos os personagens estão unidos por uma forma de existência muito intensa definida com o verbo permanecer. Fora desta relação não é possível a vida, como fica expresso pelo verbo “cortar”, “apanhar”, “lançar” e “arder” e pela afirmação “sem mim nada podeis fazer”. A vida que brota da relação com o Pai e com Jesus é o fruto desejado e faz de nós discípulos.



Meditar a Palavra
Viver nesta existência profunda que é relação com o Pai e com Jesus é tudo quanto posso desejar e tudo quanto Jesus põe à minha disposição. É Ele quem me proporciona o acesso à intimidade de Deus e a possibilidade de aí permanecer. A imagem da videira é muito feliz e ajuda-me a compreender a força da ligação necessária com Deus. Mostra-me também a fragilidade dessa relação. Quando olho os ramos novos a dar os primeiros frutos deste ano, percebo como qualquer vento os separa da videira e os faz perder a vida. Assim sou eu na minha relação com Deus. Ele é forte como a videira, mas eu sou frágil como os rebentos novos. Tenho que cuidar para não ser lançado fora.

Rezar a Palavra
“Então, vos tornareis meus discípulos”. Quero ser unidade contigo, Senhor, para receber de ti a verdadeira vida. Sinto que é frágil a minha existência e débil a minha opção por ti. Sei que os perigos são muitos e insistem em fazer valer o seu poder sobre mim. Sei também que sem ti nada posso fazer. Faz-me permanecer, Senhor, na união contigo e com o Pai para ser de verdade teu discípulo.

Compromisso

Vou identificar em mim o que não me deixa receber a vida da videira que é Cristo e vou pedir ao Pai que corte o que é necessário para permanecer na sua palavra.

Fonte: Pastoral Litúrgica




Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares
Comunidade Santa Teresa de Jesus (Curitiba-PR)
Província Nossa Senhora do Carmo

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